- Em discurso: Maduro denuncia ‘golpes de Estado orquestrados pela CIA’, mas diz não querer guerra
- Após ataques e operação secreta: Em meio a tensão com Venezuela, chefe militar dos EUA na América Latina deixará o cargo
A preocupação é explicitada por fontes do governo brasileiro, e não é para menos. O Brasil compartilha uma fronteira de mais de 2 mil quilômetros com a Venezuela e qualquer conflito militar no país vizinho criaria um panorama complexo para toda a região. A cada fala de Trump, militares e diplomatas brasileiros — em Brasília e Caracas — traçam cenários, sendo o mais extremo o de uma invasão americana ao território venezuelano. “Nada pode ser descartado”, disse uma das fontes consultadas. Mas tanto o governo brasileiro como analistas venezuelanos acreditam que um dos cenários prováveis é um ataque pontual dentro da Venezuela, usado com a justificativa do combate ao narcotráfico — como Trump vem fazendo quando manda explodir embarcações no Caribe.
Trump diz que seria ridículo responder se autorizou CIA a derrubar governo Maduro
A vida em Caracas continua normal, segundo fontes que estão na cidade, sem corridas a supermercados nem cenas de desespero da população. O desespero está dentro do Palácio de Miraflores, sede do Executivo venezuelano, onde a palavra de ordem é resistir. Na madrugada desta quarta, o ditador Nicolás Maduro comunicou atrás das redes sociais do regime chavista a ativação da Zona Operacional de Defesa Integral (Zodi), em Caracas e no estado de Miranda, o mais próximo da capital. Através de um áudio divulgado no aplicativo de mensagens Telegrama, o ditador venezuelano disse que cerca de 7 milhões de pessoas participam dos treinamentos na Zodi, no que foi batizado como Operação Independência 200. “A paz é nosso destino”, disse Maduro.
- ‘Ameaça à soberania nacional’: Maduro ordena exercícios militares nas comunidades da Venezuela em resposta à presença de navios dos EUA no Caribe
Segundo versões extraoficiais que circulam em Caracas, Maduro mantém contato com emissários de Trump, e as pressões para que renuncie são grandes. A Casa Branca quer uma mudança de governo na Venezuela, isso ninguém discute mais. A grande incógnita é saber até que ponto chegará Trump em matéria militar e de inteligência, e até quando a ditadura venezuelana suportará as pressões. Maduro, comenta-se em Caracas, não está disposto a renunciar. E o regime chavista, segundo fontes, está coeso.
Em meio às ameaças de Trump, há rumores sobre negociações. Um deles aponta o Catar como sede das supostas conversas entre a ditadura e Washington. Semana passada, o embaixador do Catar em Caracas, Rashid Mohsen Fetais, se reuniu com Maduro e com o chanceler Yván Gil. O motivo oficial foi o fortalecimento da relação bilateral. Mas em Caracas comentar-se que as supostas conversas com os EUA foram o ponto forte do encontro. O silêncio por alguns dias do presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, alimentou os rumores de encontros secretos no Catar. Rodríguez integra o quinteto de ferro da ditadura venezuelana, junto com Maduro, a vice-presidente Delcy Rodríguez, o ministro do Interior, Diosdado Cabello, e o ministro da Defesa, Padrino López.
Trump redobrou a aposta. Jogo de cena? A esta altura, ninguém duvida da capacidade do presidente americano de surpreender aliados e inimigos.