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entenda a crise política no Peru

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outubro 17, 2025
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Manifestantes entram em confronto com policiais durante protesto em Lima — Foto: Connie France/AFP

O presidente do Conselho de Ministros do governo de transição do Peru, Ernesto Álvarez, anunciou na noite de quinta-feira que será declarado estado de emergência em Lima e na região metropolitana, em uma medida para conter o avanço da criminalidade, após protestos violentos resultarem na morte de uma pessoa e deixar centenas de feridos, entre policiais e civis. O decreto é o último desdobramento da profunda crise política e social do país andino, que viu oito presidentes assumirem cargo em um espaço de dez anos.

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— Vamos anunciar a decisão do governo de decretar estado de emergência, pelo menos na região metropolitana de Lima, mas, ao contrário de outras ocasiões, esta não pode ser simplesmente uma declaração etérea, subjetiva e que não serve ao cidadão comum. Deve ser acompanhada de um pacote de medidas concretas e eficazes — afirmou Álvarez em entrevista coletiva.

A atual onda de protestos começou há cerca de um mês, motivada por um misto de insatisfações com a classe política, a corrupção e a violência urbana — sobretudo com o aumento no registro de casos de extorsão por grupos criminosos contra empresas de transportes. Atos públicos foram convocados por sindicatos de trabalhadores do setor de transportes e pela Geração Z — coletivo de jovens entre 18 e 30 anos, que se organizam por plataformas digitais de forma horizontal.

Desde o início dos protestos, centenas de pessoas ficaram feridas em confrontos com a polícia, mas a pressão pública resultou na queda da presidente Dina Boluarte, destituída pelo Congresso em votação relâmpago na semana passada. O seu substituto, o direitista José Jeri, de 38 anos, já é alvo dos novos protestos.

Manifestantes entram em confronto com policiais durante protesto em Lima — Foto: Connie France/AFP

Entenda os principais pontos sobre a crise no Peru:

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  • Como os protestos começaram?
  • Protagonismo da Geração Z
  • Novo governo sob pressão
      • entenda a crise política no Peru

Como os protestos começaram?

O primeiro protesto na capital peruana aconteceu em 20 de setembro, quando algumas centenas de pessoas atenderam um ato convocado por jovens da Geração Z. Veículos de imprensa noticiaram na época que cerca de 500 manifestantes se reuniram no centro de Lima, e marcharam em direção às sedes do Executivo e do Legislativo, entrando em confronto com a polícia.

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O ato foi convocado na mesma semana que o Congresso peruano havia aprovado uma lei obrigando os jovens maiores de 18 anos a contribuírem com fundos de previdência privada — uma medida que é particularmente impopular em um setor da população que atua em vagas de emprego precárias e com alto índice de informalidade. A pauta do protesto, porém, mencionava também a insatisfação com a corrupção no setor público e com a violência urbana.

As manifestações da Geração Z foram crescendo e ganhando apoio ao longo das semanas. A pressão popular aumentou no começo de outubro, quando motoristas profissionais bloquearam ruas de Lima, em uma paralisação de 24 horas pelo aumento da criminalidade que afeta diretamente o setor e seus trabalhadores. Dirigentes sindicais afirmam que gangues criminosas cobram 50 mil soles (R$ 80,4 mil) mensais a empresas do ramo de transportes, e que 47 motoristas foram assassinados entre janeiro e outubro deste ano.

Manifestantes em confronto com forçar policiais peruanas em protesto no dia 27 de setembro — Foto: Connie France/AFP
Manifestantes em confronto com forçar policiais peruanas em protesto no dia 27 de setembro — Foto: Connie France/AFP

Os protestos encontraram terreno fértil em um contexto de ampla insatisfação com a classe política. Uma pesquisa do instituto Datum, publicada em setembro pelo jornal El Comercio, apontava que 79% dos peruanos sentiam vergonha do governo, e 85% diziam o mesmo do Congresso.

Pressionada pelas ruas e pela instabilidade política, Boluarte tentava apresentar respostas à pauta da segurança pública. Em setembro, antes da eclosão dos protestos, a então presidente defendeu que a antiga colônia penal de El Frontón, em uma ilha próxima a Lima — desativada há quatro décadas, após uma chacina que terminou com 133 mortos —, fosse reativa para receber os presos mais perigosos do país. Após o início dos protestos, a presidente chegou a incluir o tema da segurança em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, onde defender que grupos criminais internacionais fossem consideradas organizações terroristas.

A presidente do Peru, Dina Boluarte, acena para a imprensa após uma cerimônia de promulgação de uma lei de anistia para militares e policiais processados por violações de direitos humanos no Palácio do Governo em Lima, em 13 de agosto de 2025 — Foto: Ernesto BENAVIDES / AFP
A presidente do Peru, Dina Boluarte, acena para a imprensa após uma cerimônia de promulgação de uma lei de anistia para militares e policiais processados por violações de direitos humanos no Palácio do Governo em Lima, em 13 de agosto de 2025 — Foto: Ernesto BENAVIDES / AFP

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As tentativas da presidente não foram suficientes para acalmar as ruas, o que ofereceu ao Congresso um cenário favorável para votar por sua destituição — algo que a mandatária vinha evitando por meio de acordos no Legislativo. Em 10 de outubro, por 118 votos, a presidente foi retirada do cargo, em meio a acusações de lavagem de dinheiro e aproveitamento indevido do cargo movidas pelo Ministério Público. Boluarte sempre rejeitou as acusações.

Dos sete presidentes que o Peru teve desde 2011, Boluarte foi a terceira destituída pelo Legislativo (além dela, seu antecessor, Pedro Castillo, e Martín Vizcarra), enquanto outros dois renunciaram antes de enfrentar destino parecido (Pedro Pablo Kuczynski e Manuel Merino). Apenas Francisco Sagasti, em um mandato interino que durou pouco menos de um ano, e Ollanta Humalla conseguiram chegar ao fim de seus mandatos — Humala atualmente está preso por crimes cometidos durante seu governo.

Protagonismo da Geração Z

Embora o último protesto em Lima, na quarta-feira, tenha sido convocado em conjunto com sindicatos de empresas e trabalhadores do transporte público e sindicatos de artistas, a Geração Z tem um papel central nas manifestações peruanas — repetindo uma tendência observada em países com contextos amplamente diversos, mas com símbolos compartilhados e uma orientação antissistema. No Nepal e em Madagascar, atos liderados por jovens insatisfeitos derrubaram governos.

Em uma análise para o World Crunch, o jornalista francês Pierre Haski explicou que movimentos vistos do Peru ao Paquistão compartilham demandas comuns, como o fim da corrupção e a pressão por justiça social, apesar da diversidade de culturas e sistemas políticos. Outros padrões que se repetem são a ausência de líderes reconhecidos — o que o analista aponta como reflexo de uma profunda desconfiança aos partidos políticos e sindicatos — e a organização por meio de plataformas virtuais — algo esperado, uma vez que se trata da primeira “geração verdadeiramente digital”, argumenta.

Juventude lidera protestos antissistema em Lima — Foto: Connie France/AFP
Juventude lidera protestos antissistema em Lima — Foto: Connie France/AFP

“A divisão geracional está se transformando em uma divisão política, e mais uma vez uma curva inesperada está interrompendo dinâmicas políticas que pareciam estar sob controle. A Geração Z está chegando à maioridade e fazendo sua voz ser ouvida: muitos autocratas — embora estejam longe de ser os únicos — devem agora considerar a possibilidade de que a mesma convulsão possa atingir seus próprios países”, escreveu Haski.

Alguns símbolos também se repetem nos protestos. Bandeiras com uma caveira sorridente de chapéu de palha com dois ossos cruzados, representadas no anime One Piece, foram hasteadas no Peru, na França, nas Filipinas e em Madagascar — no que vem sendo apontado como um emblema de união geracional.

— Considero que este é o início de um despertar, já que ultimamente estão se dando conta que os jovens estão mais ativos nas redes e no âmbito político — afirmou Jonatan Esquén, um estudante de 18 anos ouvidos pela AFP em um dos primeiros atos em Lima, ainda em setembro.

Manifestante segura bandeira com ilustração do anime One Piece durante protesto no Peru — Foto: Hugo Curotto/AFP
Manifestante segura bandeira com ilustração do anime One Piece durante protesto no Peru — Foto: Hugo Curotto/AFP

Novo governo sob pressão

Com a queda de Boluarte, que já havia ascendido ao posto após a destituição de Castillo, e sem vice-presidente para manter a linha-sucessória direta, o indicado para assumir o Executivo peruano foi o então presidente do Congresso, José Jerí, um político de 38 anos de tendência conservadora. Ele assumiu inicialmente para cumprir o restante do mandato da ex-presidente, até julho de 2026.

A saída da presidente não arrefeceu os protestos, que rapidamente incluíram o líder interino como alvo. Durante o protesto realizado na quarta-feira, Ativistas exibiram uma grande bandeira peruana com a frase “presidente do Peru José Jerí estuprador”. Outros cartazes diziam “garantia de impunidade. Denunciado por agressão sexual” — o político foi acusado de agressão sexual por uma mulher em 2024, mas o caso foi arquivado pelo Ministério Público neste ano, por falta de provas.

Presidente interino José Jerí já virou alvo dos manifestantes no Peru — Foto: Connie France/AFP
Presidente interino José Jerí já virou alvo dos manifestantes no Peru — Foto: Connie France/AFP

Questionado pela imprensa peruana se continuaria no cargo diante da pressão popular, Jerí afirmou: “Não vou renunciar, vou continuar com a responsabilidade”. Ele já anunciou seu Gabinete de governo e, para além da decretação de Estado de emergência, sugeriu na quinta-feira que pediria “faculdades legislativas” para legislar sobre “temas de segurança cidadã”.

Em outra tentativa de endereçar a questão da segurança pública, Jerí nomeou na terça-feira o general reformado Vicente Tiburcio como ministro do Interior. Veterano do combate ao grupo maoísta Sendero Luminoso na década de 1990, Tuburcio fez parte do Grupo Especial de Inteligência que participou da captura de Abimael Guzmán, líder do grupo. Em um comunicado, o novo governo afirmou que ele tinha experiência no combate “contra o crime organizado, o tráfico de drogas e o terrorismo”.

José Jerí, presidente interino do Peru, durante cerimônia de apresentação de seu Gabinete — Foto: Connie France/AFP
José Jerí, presidente interino do Peru, durante cerimônia de apresentação de seu Gabinete — Foto: Connie France/AFP

O Peru enfrenta uma onda de violência impulsionada pela ação de grupos criminosos internacionais. Dados oficiais do governo peruano apontam que os casos de extorsão envolvendo gangues saltou de um patamar já alto de 2.396 em 2023 para 15.336 no ano passado. Neste ano, somente entre janeiro e agosto, a polícia recebeu 18.385 denúncias.

As autoridades confirmam que estão envolvidas nos casos de homicídio e extorsão organizações como Los Pulpos, com atuação no Peru e no Chile, e o Tren de Aragua, fundada na Venezuela, e recentemente classificada pelos Estados Unidos como uma organização terrorista internacional. (Com El Comercio, AFP e NYT)

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