Pode um cemitério antigo contar a história da fé de um povo? É o que sugerem arqueólogos que encontraram, na vila de Borkowo, no norte da Polônia, restos de um cemitério com esqueletos humanos datados de cerca de 1.000 anos. Segundo os pesquisadores, as evidências nos túmulos indicam uma época de transição religiosa, do paganismo ao cristianismo.
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A descoberta aconteceu por acaso, durante escavações preparatórias para a construção de um gasoduto. O cemitério foi identificado próximo aos vestígios de um assentamento medieval fortificado, com túmulos individuais dispostos de forma semelhante à de cemitérios contemporâneos.
Os esqueletos foram coletados para análise antropológica, que deve revelar detalhes sobre a vida desses indivíduos. Observações preliminares apontam que pelo menos um dos corpos apresenta sinais de trauma: fraturas cicatrizadas nas costelas do lado direito, segundo a pesquisadora Justyna Marchewka-Długonska, da Universidade Cardeal Stefan Wyszynski, em Varsóvia, envolvida no estudo.
Apesar da cristianização crescente na época, os sepultamentos ainda preservam práticas pagãs. Foram encontrados junto aos corpos pontas de flechas, um machado, lâminas de faca, anéis e contas de cornalina, uma pedra semipreciosa avermelhada, reforçando a mistura de rituais no local.
O contexto histórico também desperta interesse: o cemitério remete ao período do duque Mieszko 1, que governou entre 960 e 992 e é considerado responsável pela fundação da Polônia cristã após seu batismo em 966. Inicialmente, alguns especialistas chegaram a sugerir que os restos poderiam pertencer a guerreiros ligados ao duque.
No entanto, os arqueólogos ainda não confirmam qualquer relação direta com Mieszko 1. “Historicamente, ainda não sabemos se podemos discutir alguma conexão”, afirma Justyna ao Live Science. A equipe continua investigando, com a expectativa de que os estudos revelem mais sobre as primeiras gerações de cristãos na região e o cotidiano desses habitantes medievais.
