Em um dia que a NBA está sendo marcada por um escândalo de fraude esportiva, o basquete brasileiro escreve um novo capítulo. Com a prisão de Chauncey Billups, ex-jogador e treinador do Portland Trail Blazers, Tiago Splitter assumirá o cargo de maneira interina. Assim, o ex-pivô se tornará o primeiro brasileiro a ser técnico na história da liga. A informação foi dada inicialmente por Shams Charania, jornalista da ESPN americana.
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Splitter se tornou um dos assistentes da comissão técnica na última intertemporada. Outro membro da equipe, Nate Bjorkgren, chegou a ser cogitado para assumir o cargo. Porém, segundo Charania, a franquia preferiu mantê-lo como assistente e dar oportunidade ao brasileiro.
Aposentado em 2017, Tiago Splitter acumulou cinco anos de experiência como auxiliar em Brooklyn Nets e Houston Rockets (2019 a 2024), e resolveu se aventurar no basquete europeu. Na temporada passada, comandou o Paris Basketball (França) e virou uma sensação no Velho Continente, conquistando a Liga Francesa e a Copa da França, e chegando aos playoffs da Euroliga. O desempenho lhe rendeu um convite para voltar aos EUA.
Com 40 anos completados em janeiro, também comandou a seleção brasileira sub-23 em um torneio em 2022, e foi auxiliar de Aleksandar Petrovic na equipe que disputou a Olimpíada de Paris-2024.
Ainda como jogador, Splitter teve a carreira marcada por pioneirismo. Na temporada 2013/14, quando atuava pelo San Antonio Spurs, tornou-se o primeiro campeão da história da NBA.
A quinta-feira começou com mais um escândalo de fraude esportiva com objetivo de gerar lucro em apostas. As prisões do armador do Miami Heat, Terry Rozier, e do técnico do Portland Trail Blazers, Chauncey Billups, chocaram os espectadores da NBA, e uma coletiva de imprensa do FBI revelou outros detalhes. No total, a operação prendeu mais de 30 pessoas, em 11 estados dos EUA, incluindo integrantes da “La Cosa Nostra”, grupo de famílias italianas ligadas a atividades criminosas.
O diretor do FBI, Kash Patel, explicou que a investigação se estendeu durante anos em um esforço com diversos parceiros do departamento. Ele categorizou as prisões como “históricas” e explicou que elas aconteceram “através de uma ampla e abrangente empreitada criminosa que envolve tanto a NBA quanto a Cosa Nostra”. Segundo Patel, foram “dezenas de milhões de dólares roubados” pelo grupo, que atuavam em duas frentes: apostas esportivas ilegais e jogos de poker online.
Os crimes variam entre fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e apostas ilegais, de acordo com Patel, que acrescentou que parte da missão do FBI é “garantir a segurança da indústria de entretenimento”. No final do discurso, o diretor ressaltou que, no governo de Donald Trump, “nenhum tipo de comportamento criminoso será tolerado, não importa onde eles acontecem”.
Para Ricky J. Patel, policial da agência de segurança doméstica dos EUA, a complexidade do caso — especialmente, o envolvimento de pessoas que estão no Hall da Fama da NBA e da máfia italiana — “lembra um filme de Hollywood”, e por isso a operação foi batizada de Royal Flush, a combinação mais valiosa do poker. Ele detalhou o modus operandi de um dos pontos de atuação do grupo, garantindo que nada teve a ver com sorte ou dramaturgia.
— Construímos um caso detalhado, revelando uma empreitada criminosa que empregava tecnologia sofisticada e diversos métodos de golpes para extorquir pagamentos de apostadores, permitindo que os acusados obtivessem ganhos ilícitos, com prejuízo estimado em mais de US$ 7 milhões. O caso exigiu uma resposta global, uma análise financeira minuciosa e a persistência em desmantelar as complexas operações financeiras, tanto internas quanto externas.
O procurador do distrito leste de Nova York, que fez parte da investigação multidisciplinar, Joseph Nocella Jr., mandou um recado aos criminosos:
— Sua sequência de vitórias acabou. Sua sorte terminou. Infringir a lei vai te fazer perder, pode apostar.
Rozier foi detido em um hotel em Orlando, na Flórida, onde o Heat havia se hospedado após a partida contra o Orlando Magic, na madrugada da quinta-feira. A prisão foi efetuada horas após o jogo, no qual Rozier não atuou por decisão técnica.
A prisão de Billups no Oregon foi feita como parte de um caso separado, mas relacionado, de jogo ilegal, ligado a uma operação ilegal de pôquer ligada à Máfia. Além deles, o ex-jogador e assistente técnico do Cleveland Cavaliers, Damon Jones, também foi detido acusado de fornecer informações privilegiadas sobre jogos da NBA a outros réus.
O caso está ligado a apostas suspeitas feitas em março de 2023, quando Rozier ainda defendia o Charlotte Hornets. Segundo registros obtidos por autoridades, um apostador profissional realizou 30 apostas em 46 minutos, totalizando US$ 13.759, sempre apostando no “under” (abaixo do esperado) das estatísticas do jogador em pontos, rebotes e assistências antes da partida contra o New Orleans Pelicans.
Naquela noite, Rozier jogou apenas 10 minutos antes de deixar a quadra alegando lesão no pé, o que levantou suspeitas e levou diversas casas de apostas a suspenderem as apostas envolvendo o atleta. O advogado do jogador, Jim Trusty, afirmou à ESPN que o jogador já havia colaborado com as investigações da NBA e do FBI em 2023, e que a apuração inicial “não encontrou indícios de irregularidades”. O jogo de 23 de março de 2023 foi o último de Rozier pelos Hornets, antes de ser trocado para o Miami Heat em janeiro de 2024.
A operação decorre do escândalo de apostas que levou à expulsão de Jontay Porter, ex-jogador do Toronto Raptors, banido da NBA em 2024 após admitir manipular o próprio desempenho em troca de lucro em apostas. Porter e outros três envolvidos já se declararam culpados e aguardam sentença.
