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A Lua cheia nos deixa insones? Uma neurologista explica a ciência por trás dos mitos lunares e sua influência no sono e humor

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outubro 23, 2025
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Hábitos de tela têm muito mais probabilidade de ter efeitos prejudiciais ao sono do que a lua cheia — Foto: Pexels

Você já rolou na cama durante a lua cheia e se perguntou se o brilho dela estava te mantendo acordado? Por gerações, as pessoas acreditaram que a Lua tem o poder de provocar noites insones e comportamentos estranhos, até mesmo loucura. A palavra em inglês “lunacy” (loucura) vem diretamente de luna, que significa Lua em latim. Policiais, equipes hospitalares e profissionais de emergência muitas vezes juram que suas noites ficam mais movimentadas durante a lua cheia. Mas a ciência confirma isso? 

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A resposta é, claro, mais complexa do que o folclore sugere. Pesquisas mostram que a lua cheia pode afetar modestamente o sono, mas sua influência sobre a saúde mental é bem menos certa. Sou uma neurologista especializada em medicina do sono e estudo como ele afeta a saúde do cérebro. Acho fascinante que um mito antigo sobre luar e loucura possa remontar a algo muito mais comum: nosso sono inquieto sob a luz da lua. 

Conteúdo:

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  • O que a lua cheia realmente faz com o sono 
  • A ligação com a saúde mental 
  • Por que o mito persiste 
  • Lições da Lua para o sono moderno 
      • A Lua cheia nos deixa insones? Uma neurologista explica a ciência por trás dos mitos lunares e sua influência no sono e humor

O que a lua cheia realmente faz com o sono 

Vários estudos mostram que as pessoas realmente dormem de forma diferente nos dias que antecedem a lua cheia, quando o luar brilha mais forte no céu noturno. Durante esse período, as pessoas dormem cerca de 20 minutos a menos, demoram mais para pegar no sono e passam menos tempo em sono profundo e restaurador. Estudos com grandes populações confirmam o padrão, constatando que pessoas de diferentes culturas tendem a ir para a cama mais tarde e dormir por períodos mais curtos nas noites antes da lua cheia. 

A razão mais provável é a luz. Uma lua brilhante à noite pode atrasar o relógio interno do corpo, reduzir a melatonina, sendo o hormônio que sinaliza o momento de dormir, e manter o cérebro mais alerta. 

As mudanças são modestas. A maioria das pessoas perde apenas de 15 a 30 minutos de sono, mas o efeito é mensurável. Ele é mais intenso em lugares sem iluminação artificial, como áreas rurais ou durante acampamentos. Algumas pesquisas também sugerem que homens e mulheres podem ser afetados de forma diferente. Por exemplo, homens parecem perder mais sono durante a fase crescente, enquanto mulheres experimentam um sono levemente menos profundo e reparador durante a lua cheia. 

A ligação com a saúde mental 

Por séculos, as pessoas culparam a lua cheia por despertar loucura. O folclore sugeria que seu brilho poderia desencadear mania em transtorno bipolar, provocar convulsões em pessoas com epilepsia ou desencadear surtos psicóticos em quem tem esquizofrenia. A teoria era simples: perder sono sob uma lua brilhante poderia desestabilizar mentes vulneráveis. 

A ciência moderna adiciona um ponto importante. Pesquisas são claras ao mostrar que a privação de sono é um poderoso gatilho de problemas de saúde mental. Até mesmo uma noite ruim pode aumentar a ansiedade e derrubar o humor. A interrupção contínua do sono eleva o risco de depressão, pensamentos suicidas e crises de condições como bipolaridade e esquizofrenia. 

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Isso significa que mesmo a modesta perda de sono observada em torno da lua cheia pode ser mais importante para pessoas que já estão em risco. Alguém com transtorno bipolar, por exemplo, pode ser muito mais sensível a sonos curtos ou fragmentados do que a pessoa média. 

Mas aqui está o problema: quando pesquisadores se distanciam e observam grandes grupos de pessoas, as evidências de que as fases lunares desencadeiam crises psiquiátricas são fracas. Não foi encontrado um padrão confiável entre a Lua e internações, altas ou duração da internação hospitalar. 

Entretanto, alguns estudos sugerem efeitos pequenos. Na Índia, hospitais psiquiátricos registraram maior uso de contenção durante luas cheias, com base em dados entre 2016 e 2017. Na China, pesquisadores observaram um pequeno aumento de internações por esquizofrenia ao redor da lua cheia, usando registros de 2012 a 2017. Ainda assim, esses achados não são consistentes globalmente e podem refletir fatores culturais ou práticas locais mais do que biologia. 

No fim das contas, a Lua pode tirar alguns minutos do nosso sono, e a perda de sono pode certamente influenciar a saúde mental, especialmente em pessoas mais vulneráveis, como aquelas com depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia ou epilepsia, além de adolescentes, que são especialmente sensíveis a perturbações do sono. Mas a ideia de que a lua cheia impulsiona ondas de doenças psiquiátricas permanece mais mito do que realidade. 

Ao longo dos anos, cientistas exploraram outras explicações para os supostos efeitos lunares, desde a atração gravitacional das marés sobre o corpo até sutis mudanças geomagnéticas e variações na pressão barométrica. No entanto, nenhum desses mecanismos se sustenta sob análise. 

As forças gravitacionais que movem os oceanos são fracas demais para afetar a fisiologia humana, e estudos sobre mudanças geomagnéticas e atmosféricas durante as fases lunares têm produzido resultados inconsistentes ou insignificantes. Isso torna a interrupção do sono pela exposição à luz noturna o elo mais plausível entre a Lua e o comportamento humano. 

Por que o mito persiste 

Se a ciência é tão inconclusiva, por que tantas pessoas acreditam no “efeito da lua cheia”? Psicólogos apontam um conceito chamado correlação ilusória. Notamos e lembramos as noites estranhas que coincidem com a lua cheia, mas esquecemos as muitas em que nada acontece. 

A Lua também é altamente visível. Ao contrário de fatores ocultos que perturbam o sono, como estresse, cafeína ou usar o celular, a Lua está bem ali no céu, fácil de culpar. 

Hábitos de tela têm muito mais probabilidade de ter efeitos prejudiciais ao sono do que a lua cheia — Foto: Pexels

Lições da Lua para o sono moderno 

Mesmo que a Lua não nos deixe “loucos”, sua pequena influência sobre o sono destaca algo importante: a luz à noite é importante. Nossos corpos foram projetados para seguir o ciclo natural de luz e escuridão. Luz extra à noite, seja do luar, de postes de rua ou da tela do celular, pode atrasar os ritmos circadianos, reduzir a melatonina e levar a um sono mais leve e fragmentado. 

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Essa mesma biologia ajuda a explicar os riscos do horário de verão. Quando os relógios “avançam”, as noites ficam artificialmente mais claras. Essa mudança atrasa o sono e desregula o ritmo circadiano em uma escala muito maior do que a Lua, contribuindo para aumento de acidentes, riscos cardiovasculares e redução de segurança no trabalho.

No mundo moderno, a luz artificial tem um impacto muito maior no sono do que a Lua jamais terá. Por isso, muitos especialistas em sono defendem o horário padrão permanente, que se ajusta melhor aos nossos ritmos biológicos. 

Então, se você se sentir inquieto em uma noite de lua cheia, pode não estar imaginando coisas: a Lua pode sim atrapalhar o seu sono. Mas se a insônia acontece com frequência, observe mais de perto. É provável que a culpa seja da luz mais perto da sua mão, e não daquela que está no céu. 

* Joanna Fong-Isariyawongse é Professora Associada de Neurologia na Universidade de Pittsburgh

* Este artigo foi republicado de The Conversation sob licença Creative Commons. Leia o original.

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