Com quase três décadas de carreira, Juliana Knust se consolidou como uma das atrizes mais respeitadas do Brasil, atravessando diferentes fases profissionais e pessoais. Recentemente indicada ao Golden Panda Awards 2025, um dos maiores reconhecimentos internacionais da indústria do entretenimento, a atriz compartilha suas reflexões sobre a trajetória, o papel da mulher na arte e a forma como seu trabalho no palco pode provocar transformações reais na sociedade.
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Ao saber da indicação ao Golden Panda, Juliana não conseguiu esconder a emoção. Para ela, esse reconhecimento transcende a simples premiação.
“Estar indicada ao Golden Panda é, antes de tudo, uma celebração de uma trajetória construída com dedicação, entrega e amor à arte. São quase 30 anos de profissão, com desafios, escolhas firmes e uma caminhada consistente”, afirma à revista ELA.
Juliana vê a conquista como um reflexo de que, apesar dos desafios que ainda existem, a indústria da arte tem avançado. “Hoje, vejo esse reconhecimento como a confirmação de uma vida inteira dedicada a contar histórias com verdade”, completa.
Recentemente, Juliana brilhou no papel de Vânia, uma delegada marcada por traumas pessoais na novela “Estranho Amor”, que aborda a violência doméstica e exigiu dela um mergulho profundo nas emoções humanas.
“Interpretar a Vânia foi um dos maiores mergulhos emocionais da minha carreira. Carregar essa dor no corpo e transformá-la em arte foi intenso, mas extremamente necessário”, confessa.
Ao dar vida a essa personagem, Juliana sentiu que sua atuação foi uma oportunidade de amplificar as vozes de milhares de mulheres que enfrentam essa realidade. “Se minha interpretação puder dar coragem a uma mulher para romper o silêncio, já terá cumprido um papel muito maior do que o artístico”, observa.
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Ao longo da carreira, a atriz aprendeu a se afirmar como mulher em um ambiente cinematográfico e televisivo, muitas vezes dominado por perspectivas masculinas. “Eu precisei aprender a ocupar meu espaço, a dizer ‘não’, a defender limites e exigir respeito”, conta. Com a maturidade, ela entende que não é necessário pedir licença para ocupar o seu lugar. “Hoje, minha voz não se cala mais nos bastidores. Ela participa das decisões”, exclama.
Juliana começou sua carreira muito jovem e, ao longo dos anos, se transformou tanto artisticamente quanto pessoalmente. Ela recorda os primeiros tempos com uma mistura de emoção e insegurança, mas também com muito aprendizado. “A cada personagem, fui me fortalecendo, encontrando minha verdade como artista e mulher. O ambiente artístico também se transformou bastante”, lembra.
Para ela, a crescente presença feminina em cargos de liderança e a busca por narrativas mais plurais são sinais de um avanço importante. “A arte ficou menos engessada e mais viva, mais próxima da realidade”, avalia.
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A maternidade também teve um papel central em sua evolução como artista. “Ser mãe me ampliou como pessoa e como artista. Me fez pensar no tipo de mundo e nas narrativas que quero deixar para os meus filhos”, revela.
Ao escolher papéis com forte impacto social, especialmente em questões femininas, Juliana busca provocar reflexão e promover mudanças reais. “Eu acredito profundamente no poder transformador da arte. Ela tem o poder de tocar onde os discursos não chegam”, diz.
Reconhecida por sua habilidade em transitar entre o drama e a comédia romântica, Juliana vê essa versatilidade como uma maneira de explorar e honrar a complexidade da vida humana. “A vida é feita desses contrastes. O drama revela as nossas feridas, enquanto a comédia nos lembra que, mesmo no caos, há espaço para respirar”, comenta.
Ela vê a ficção como uma ferramenta capaz de iluminar temas frequentemente marginalizados, como a violência de gênero. “A ficção tem a capacidade de colocar luz onde a sociedade insiste em deixar sombras”, destaca. Segundo Juliana, sua missão como atriz é dar visibilidade a essas histórias e alcançar aqueles que talvez nunca tenham se conscientizado da realidade enfrentada por tantas mulheres.
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Além dos papéis dramáticos, Juliana brilha no teatro, especialmente na peça “Aluga-se um Namorado”, onde interpreta uma mulher que aluga um namorado para agradar à sua família. Nesse trabalho, a atriz mistura comédia e reflexão sobre as pressões sociais.
“Embora seja uma comédia, é uma história muito humana”, enfatiza. “Ela fala sobre as relações familiares, sobre as pressões e padrões que, muitas vezes, carregamos para não decepcionar quem amamos”, relata.
Cada personagem vivido por Juliana teve o poder de transformá-la, ampliando sua visão de mundo e seus próprios valores. “Os personagens que entram na nossa vida vêm para sacudir a gente, nos fazer pensar e repensar valores”, detalha.
A atriz considera que a arte tem sido uma ferramenta essencial na sua jornada de autodescoberta e evolução, permitindo que ela se reinventasse a cada papel. “A cada personagem, me reinvento um pouco. E é nesse movimento que encontro sentido”, acrescenta.
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Se pudesse voltar no tempo e dar um conselho à sua versão de 12 anos, que começou a estudar teatro, Juliana diria: “‘Confia, menina. A estrada será longa, desafiadora, cheia de altos e baixos e, muitas vezes, solitária. Mas também será linda, cheia de encontros, descobertas e verdades que só a arte revela’.”

