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Dona de um imóvel ao lado, no número 201, que foi atingido pelos escombros durante o desabamento, Laura Jannuzzi diz que já notificou a Defesa Civil municipal várias vezes sobre o problema, até mesmo antes de a construção ruir, mas nunca foi atendida.
— Nós avisamos desde setembro que a casa ia cair. Ela estava com rachaduras enormes, mas a única coisa que a Defesa Civil fez foi botar uma fita para interditar, como se isso impedisse alguma coisa. Agora, o resto da casa vai cair e corremos o risco de parar debaixo dos escombros também. As paredes já estão tortas e deslocadas. A Defesa Civil diz que, se ela cair, será sobre si mesma, como se eles tivessem certeza disso. Eles não querem fazer a demolição; não querem fazer nada. Estamos vivendo um verdadeiro inferno por causa desse prédio — queixa-se Laura.
Outra reclamação é em relação à presença de moradores em situação de rua no local, que, segundo relatos, já ocupavam o imóvel antes do desabamento e voltaram a invadi-lo nos últimos dias. Inquilino de Laura na propriedade do número 201 da Mem de Sá, onde mantém o restaurante Lá na Criação Lapa, Paulo André Jannuzzi conta que a área está se tornando insalubre.
— O problema vai muito além dos escombros. Pessoas em situação de rua estão usando o imóvel como banheiro, e o local está lotado de fezes, com o cheiro exalando para o lado de fora. A casa tem tudo para virar uma bomba-relógio, servindo ainda de foco para mosquitos da dengue, baratas e roedores — teme o empresário. — Tenho urgência de que a situação se resolva, porque tenho um restaurante ao lado, e é muito ruim enfrentar isso.
O restaurante oferece comida caseira saudável, incluindo opções vegetarianas. Durante o desabamento, teve o ar-condicionado e o toldo arrebentados pelos escombros. Voltou a abrir ao público no dia 13, mas ainda enfrenta uma questão que atrapalha seu pleno funcionamento. É que uma obra da Light para o restabelecimento do sistema, após o desabamento, se arrasta desde o dia 10, bloqueando um extenso trecho da calçada, que está com um amplo buraco e cercada por tapumes, ao longo de um extenso trecho da calçada, prejudicando também outros estabelecimentos comerciais.
Durante a intervenção, dizem moradores, um cano de esgoto teria sido rompido pela Light e a tubulação permanece vazando desde então. Eles dizem que acionaram a Águas do Rio, sem sucesso.
— O buraco está aqui há vários dias, com esgoto a céu aberto correndo, bloqueando a passagem. Não entendo por que estão levando esse tempo todo para consertar. Meu movimento caiu bastante, até porque muita gente não sabe que voltamos a funcionar após dias com a casa interditada — lamenta Paulo.
O que dizem os órgãos citados
Questionada, a prefeitura diz que interditou o imóvel e notificou o proprietário. Afirma que não pode demolir a construção, já que ela é tombada e de propriedade privada. O processo para demolição, acrescenta, é de responsabilidade do proprietário, a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio. Em relação à invasão por moradores em situação de rua, o município destaca que não pode entrar em propriedade privada para retirá-los e que isso também cabe ao dono, que deve ir à delegacia e, depois, pedir auxílio da prefeitura, explica.
A Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio, por sua vez, agendou uma assembleia para a próxima terça-feira (25) para decidir o destino do que restou do imóvel.
Sobre o serviço de restabelecimento da energia, a Light ainda não respondeu. Já a Águas do Rio informa que encaminhará uma equipe ao local ainda nesta quinta-feira (20) para consertar o cano rompido.