Onze anos após última passagem, qual Renato Gaúcho o torcedor do Fluminense pode esperar?

Com contrato assinado até o fim de 2025, Renato chega para sua sétima passagem como treinador no clube, onde conquistou a Copa do Brasil de 2007 e foi vice-campeão da Libertadores em 2008. Apesar de terem no técnico um velho conhecido, os tricolores podem esperar um Renato bem diferente daquele de 11 anos atrás, quando acabou demitido com apenas três meses de trabalho, no que foi sua última passagem pelo Flu até então.

Após deixar as Laranjeiras em 2014, Renato ficou cerca de dois anos e meio sem clube. Ele usou esse tempo para se reinventar, até receber, em 2016, um chamado do Grêmio, onde também era ídolo e já havia passado duas vezes na função. Era o início de uma retomada na carreira, uma fase mais vitoriosa que o fez subir de prateleira e se consolidar como um dos nomes mais cobiçados do futebol brasileiro.

Nos primeiros dois anos, conquistou os títulos da Copa do Brasil (2016) e da Libertadores (2017). Nos seguintes, levou o tri gaúcho, dando início a uma sequência soberana do Grêmio no estado. Nesse período, chegou a ser cotado para a seleção brasileira.

Comentarista da RBS e da Rádio Gaúcha, Diogo Olivier relembrou que Renato Gaúcho chegou a ter bons resultados nas primeiras passagens pelo Grêmio, em 2010 e 2013, com um modelo de jogo mais defensivo, mas foi com um jogo mais ofensivo na terceira passagem que ele se consolidou e alcançou os títulos.

— Neste último recorte, ele sempre buscou um time ofensivo. Raríssimas vezes abriu mão de um meia-armador e de um centroavante. Ele adora essa figura dos dois. Ele procura, ele persegue. São sempre os dois primeiros nomes em listas de jogadores: um armador e um centroavante. Ele gosta de lidar com essa figura. Não precisa ser um centroavante poste, obviamente, mas um cara de área que saiba jogar — disse.

O trabalho de sucesso foi interrompido em 2021, quando o treinador pediu demissão após ser eliminado na Pré-Libertadores. No mesmo ano, assumiu o comando do Flamengo. Apesar de ter chegado à final da Libertadores, perdida para o Palmeiras, e de ter sido vice-campeão do Campeonato Brasileiro, saiu no fim do ano sob muitas críticas dos rubro-negros.

Renato voltou ao Grêmio na temporada seguinte com o objetivo de garantir o acesso à Série A. Não apenas conseguiu, como chegou perto de conquistar o Brasileirão do ano seguinte — terminou na segunda posição. Em 2024, porém, o desempenho da equipe caiu a ponto de lutar contra o rebaixamento por boa parte da competição. A sensação era de desgaste, fim de ciclo, o que se confirmou após o clube optar por não renovar seu contrato.

Para Olivier, o Renato Gaúcho da última passagem pelo tricolor gaúcho já era bem diferente da anterior:

— Ele não é um cabeça-dura. Essa versão do Renato é uma que se molda aos jogadores que tem à disposição, mesmo prezando muito pelo modelo de jogo que sempre perseguiu no Grêmio. Nas poucas vezes em que saiu disso, ele mesmo dizia: “Não está funcionando, não tenho peças, agora eu vou fazer assim, mas depois eu quero voltar”.

Das conversas até o anúncio oficial, a negociação entre Flu e Renato foi rápida. Os contatos iniciais do presidente Mário Bittencourt e do diretor-executivo Paulo Angioni com Renato aconteceram na noite de quarta-feira. Eles reforçaram o interesse em sua chegada e apresentaram o projeto traçado para o restante do ano. Renato gostou do que viu e deu sinal verde para que uma proposta fosse formalizada. A primeira oferta enviada ao estafe foi respondida com uma contraproposta, aceita pelo clube.

Antes de avançar por Renato, o Fluminense tentou a contratação do argentino Gabriel Milito. No entanto, o ex-técnico do Atlético-MG, que está sem clube, recusou a investida, alegando “questões familiares”.