O portão instalado por traficantes no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul do Rio — e retirado pela polícia numa operação na segunda-feira passada — não era a única barreira criada pelos bandidos para dificultar a entrada das forças de segurança na favela. Segundo o delegado Rafael Barcia Sarnelli Lopes, titular da 9ª DP (Catete), os policiais encontraram outro portão que já estava pronto para ser instalado.
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— Nós tiramos um portão, o que estava instalado, e tinha uma preparação para instalação de um outro, que estavam colocando como se fosse uma barricada mesmo, para impedir que as pessoas possam subir por ali.
Além da 9ª DP, a operação de segunda-feira teve a participação do 2º BPM (Botafogo), do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 22º BPM (Maré), do 3º BPM (Méier) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). O objetivo da ação era prender o traficante Alexsandro Pinto Teixeira, o Xela, que tentou matar a ex-esposa, Cristiane da Silva Araújo, de 40 anos. Xela não foi localizado. De acordo com o delegado Rafael Lopes, o criminoso estava sendo abrigado por traficantes do Comando Vermelho (CV) que agem no Santo Amaro.
Ao tentarem entrar na favela, os policiais encontraram o portão numa das principais entradas do morro, próximo a uma boca de fumo. PMs tiveram de usar marreta e talhadeira para soltar um dos portões de aço da parede. Lanças e arame farpado instalados em cima do portão impediam que os agentes tentassem pular o obstáculo.
— Isso para mim foi uma inovação. Eu não tinha visto e todo mundo com quem conversei ali ainda não tinha visto isso. Eles (traficantes) instalaram portões em alguns acessos para impedir a passagem da polícia. Então, é como se fosse uma barricada, mas não mais nas ruas. Em cima dos portões, havia ofendículos, arame farpado, para impedir a passagem — explica o delegado Rafael Barcia Sarnelli Lopes, titular da 9ª DP.
Xela tem passagens pelo sistema prisional pelos crimes de tráfico e roubo e estava em liberdade condicional desde junho de 2024. Contra ele, há um mandado de prisão, expedido em 27 de março deste ano pela juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal da capital, pela tentativa de feminicídio.