A cidade de São Paulo acaba de dar um importante passo rumo à inclusão e ao acolhimento das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) com a inauguração do Centro Municipal para Pessoas com TEA, chamado de Centro TEA. Localizado em Santana, na Zona Norte da cidade, o espaço foi oficialmente aberto no último dia 2 de abril — data em que se celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
O complexo é o primeiro desse tipo na América Latina e promete ser o maior polo público do mundo, nesse modelo. Com cerca de cinco mil metros quadrados, ele foi idealizado para oferecer atividades artísticas, esportivas, culturais, de bem-estar e aprimoramento pessoal e voltadas ao empreendedorismo e trabalho, indo além do atendimento clínico tradicional.
Sua criação atendeu a uma demanda de mães que buscavam atividades e formação para os filhos autistas. “Queríamos oferecer um suporte mais amplo, que fosse além da clínica e da escola”, afirma Silvia Grecco, secretária municipal da Pessoa com Deficiência. “Formamos grupos técnicos e de familiares, e pesquisamos iniciativas no mundo todo para entender o que há de mais avançado em atendimento”, completa.
Leopoldina Paes de Oliveira, mãe de André, um jovem autista, participou ativamente do processo. “O centro é fruto de muito trabalho e muita luta”, afirma. “Nós fomos ouvidas”, comemora. Ela integra o grupo de mães e profissionais que se reuniram mensalmente para idealizar um espaço onde os filhos pudessem se desenvolver com mais autonomia.
Após três anos de planejamento, o projeto deu origem a uma estrutura ampla e acolhedora, com espaços pensados para independência e o desenvolvimento dos frequentadores. O Centro TEA conta com piscina aquecida, quadra poliesportiva, sala de informática, teatro, sala de música, brinquedoteca, biblioteca, parquinho, jardins, horta e refeitórios. Um dos destaques é um apartamento completo, criado para ensinar tarefas domésticas básicas.
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Cada aluno terá um plano individualizado, elaborado por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais especializados, como psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, neurologistas e psiquiatras.
Embora a estrutura contemple crianças a partir dos seis anos, jovens adultos e idosos também serão atendidos, já que muitas vezes as habilidades e o desenvolvimento adquiridos por terapias ao longo da infância e da adolescência acabam retrocedendo quando o adulto para com os atendimentos. “Queremos que eles evoluam cada vez mais”, afirma a secretária, que ressalta que a equipe técnica vai fazer acompanhamentos residenciais aos frequentadores do espaço, para orientar as famílias dentro de casa também.
O projeto também prevê suporte para os cuidadores, muitas vezes sobrecarregados pelas responsabilidades. Por isso, a estrutura contará com uma cozinha industrial para cursos, oficinas de empreendedorismo e palestras, além de um espaço de coworking, onde as mães poderão manter suas atividades profissionais enquanto as crianças participam das aulas e terapias.
A secretária explica que mais de 80% das mães de pessoas com autismo criam os filhos sozinhas — muitas delas enfrentando dificuldades financeiras e sociais. “Queremos acolher não só os frequentadores, mas também suas famílias”, afirma.
O Centro TEA tem capacidade para realizar cerca de mil atendimentos diários, de segunda-feira a sábado, e espera matricular entre 500 e 600 pessoas com TEA e seus familiares. Os inscritos terão acesso de uma a três vezes por semana, dependendo do plano individual.
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“Tenho certeza de que o impacto será muito positivo na vida das famílias. Elas precisam que seus filhos sejam realmente enxergados — e isso começa quando damos visibilidade à causa”, afirma a secretária Silvia Grecco. “É essencial oferecer atividades que transformem vidas. Sair de casa, ocupar espaços, viver em sociedade.”
O projeto não para por aí. A prefeitura planeja expandir a iniciativa e criar mais três centros semelhantes nas zonas Sul, Leste e Oeste da capital, abrangendo as quatro macrorregiões, até 2028.
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Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo Dra. Marina Magro Beringhs Martinez.
Endereço: Avenida Santos Dumont, nº 1.318 – Santana – São Paulo.