Faltam apenas sete meses para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que será realizada em Belém (PA) e deve receber mais de 50 mil participantes. A relevância do evento coloca o estado sob os holofotes do mundo e agrega muitas oportunidades para a capital do Pará. A maior delas é uma importante reestruturação que ficará como herança para a popu lação de mais de 1,3 milhão de habitantes. “Esta é uma oportunidade fantástica de deixar um legado ambiental e de infraestrutura, a partir da implementação de obras e do preparo da cidade para o evento”, disse o governador Helder Barbalho na aber tura do seminário “COP30 A mazônia”, promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, e rede de rádio CBN no dia 3 de abril.
Para preparar a cidade-sede, foram destinados R$ 4,5 bilhões em recursos advindos do Orçamento da União, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Itaipu Binacional e da Caixa Econômica Federal. Os investimentos estão sendo aplicados em mais de 30 iniciativas focadas em eixos estratégicos, como desenvolvimento urbano, mobilidade, saneamento, turismo e sustentabilidade.
Além das obras estru turantes para a COP30, a vice-governadora do Pará, Hana Ghassan Tuma, destacou outros legados, como a geração de empre gos, abertura de novas empresas, crescimento do PIB e a qualificação profissional. “As pessoas estão sendo capacitadas em cursos como de línguas estrangeiras, hotelaria e serviços, entre outros. Essa qualificação vai gerar novos postos de emprego, desenvolvimento e renda para todo o estado”, ressaltou.
Em fevereiro, o governo federal ainda anunciou novos investimentos. Em visita aos empreendimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comunicou a contribuição de R$ 250 milhões do BNDES para macrodrenagem e urbanização, além de R$ 45 milhões do Fundo Amazônia para fortalecer o Corpo de Bombeiros do estado e R$ 300 milhões para o Programa Pró-Amazônia, que fomenta pesquisas científicas na região.
Um dos grandes legados da COP30, o Parque da Cidade é a maior construção urbana em andamento, com 77% da Etapa COP entregue, e será palco das principais atividades da conferência. O espaço de 500 mil metros quadrados de área paisagística incorpora tecnologias de mitigação do clima, como uso de energia solar e captação e reaproveitamento de água da chuva. Visando regenerar o ecossistema local e a biodiversidade, o projeto inclui o plantio de cerca de 2.500 árvores.
Para fomentar a cultura e o empreendedorismo, o entorno do parque inclui o Museu da Aviação, o Centro de Economia Criativa e o Boulevard Gastronômico. Outro projeto em estágio avançado, cerca de 80% concluído, é o Porto Futuro II, que restaura e revitaliza o antigo espaço de atividades portuárias da cidade. A proposta é requalificar a orla com opções de cultura, lazer e estruturas voltadas para o turismo. O complexo foi planejado com diferentes estruturas: Museu das Amazônias, Centro Gastronômico, Parque de Inovação em Bioeconomia da Amazônia, Caixa Cultural, além de uma área de convivência.
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“Vivemos a oportunidade de deixar um legado ambiental e de infraestrutura” − Helder Barbalho, governador do Pará
O Museu das Amazônias foi concebido para valorizar a diversidade da região e pensado para ampliar as vozes das florestas e seus povos. Integrará ciência, história, arte e saberes tradicionais, além de impulsionar a educação ambiental, o turismo e a memória da floresta.
Já o Parque de Inovação deverá atuar como polo de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e incubação de negócios sustentáveis. Ao conectar comunidades, universidades e empresas, sua proposta é valorizar os ativos da floresta e fortalecer a nova economia verde.
POTENCIAL HÍDRICO PARA TRANSPORTE
Pensando no deslocamento dos turistas e na população das ilhas de Belém, três terminais estão sendo construídos. Para descentralizar o fluxo de embarcações e melhorar a infraestrutura, o Terminal Hidroviário Turístico da Tamandaré será uma alternativa de travessia à Ilha do Combu e às demais ilhas da capital.
Também planejado para atender os passageiros que moram nas ilhas próximas ao distrito e que dependem das rotas fluviais para se deslocar, o Terminal Hidroviário Turístico de Icoaraci será uma alternativa de ancoragem para os navios-hotéis da COP30. O lobby de recepção para esses navios ficará no Terminal Hidroviário Internacional, localizado no bairro do Reduto. Após o evento, a estrutura consolidará um hub estratégico para o turismo, a fim de fortalecer a conectividade da capital com outras localidades da Amazônia e do exterior.
O governo aposta no potencial dos terminais hidroviários para diversas frentes: turismo, mobilidade pelos rios e geração de emprego e renda para a população.
Considerado um dos eixos principais do preparo para a COP30, o saneamento básico recebeu investimentos de mais de R$ 1 bilhão para ampliação da rede de distribuição de água potável e instalação de sistemas de esgoto. A implementação dos projetos acontece em 13 canais das bacias do Tucunduba, Murutucu, Una e Tamandaré. Segundo o governo do Pará, as ações de macrodrenagem em a nda mento na capita l paraense são as maiores intervenções já realizadas nesse âmbito. A população que vive às margens desses cursos será beneficiada com a instalação de 59,5 quilômetros de rede de esgotamento sanitário e mais de 10 mil ramais domiciliares.
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Segundo o governador Helder Barbalho, a COP30 carrega forte simbolismo por ter a Amazônia como palco. “Depois de duas COPs realizadas em países que têm em combustíveis fósseis a locomotiva de suas economias, estamos diante de um reencontro do terreno adequado para discutir o meio ambiente”, disse. Ele ainda reforçou a importância da democracia no evento, convocando a participação popular, dos movimentos do terceiro setor, da sociedade civil e dos povos tradicionais.
Além disso, destacou a política pública pioneira do Pará e reforçou que é possível promover crescimento econômico e inclusão social, citando a biodiversidade como grande aliada. O Plano Estadual de Bioeconomia do Pará (PlanBio) já implementou mais da metade das ações previstas no planejamento, impactando mais de 200 mil pessoas.