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projeto que impulsiona autores periféricos lança novos livros

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maio 3, 2025
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Adriana Kairos, escritoria, educadora e coordenadora do Projeto A Literatura dos Espaços Populares Agora (Alepa), — Foto: Divulgação

Na Maré, entre as vielas de uma das maiores favelas do Rio, nasceu a escritora Adriana Kairos — ou melhor, a escritora que Adriana se tornou. Educadora, coordenadora do projeto A Literatura dos Espaços Populares Agora (Alepa), que incentiva o fazer poético e ficcional nas periferias, e deficiente visual, ela encontrou nas palavras um instrumento de denúncia e de reconstrução. Hoje, usando um aplicativo de acessibilidade para escrever, ela alia tecnologia e sensibilidade para criar narrativas que transitam entre o realismo mágico, a oralidade e a memória. Com cinco livros de contos e dois infantis já publicados, apresenta agora “Maré”, seu primeiro romance, passado na comunidade onde vive. A obra, que será lançada neste mês de maio, é resultado de seis meses de imersão na escrita por meio da residência literária promovida pelo Bando Editorial Favelofágico. Adriana é uma das seis autoras selecionadas para a quinta edição do evento, que este ano celebra uma década.

Criado em 2015 por jovens editores de Manguinhos, o projeto já impulsionou as carreiras de 34 autores — a maioria mulheres — com uma proposta ousada: oferecer remuneração mensal, acompanhamento editorial e, ao fim, publicar o livro escrito ao longo da residência. Editor do projeto, Felipe Eugênio sinaliza que existe uma preocupação estética com as histórias que vêm sendo produzidas pelos autores residentes.

— Os livros buscam corrigir desigualdades, fazem críticas sociais e passeiam por temas politizados, mas sempre investindo muito na forma — comenta. — Ousar na forma literária é o grande desafio de quem pretende enfrentar os “podres poderes” do nosso tempo.

Adriana Kairos, escritoria, educadora e coordenadora do Projeto A Literatura dos Espaços Populares Agora (Alepa), — Foto: Divulgação

Essa proposta estética também se revela na logomarca do selo: uma releitura do Abaporu, o icônico quadro da pintora Tarsila do Amaral. A imagem, símbolo do movimento antropofágico e da arte modernista brasileira, sintetiza a essência do Bando: deglutir a violência do cotidiano para transformá-la em arte crítica e profundamente ligada ao território.

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Neste mês, os livros produzidos pela atual turma da residência ganham as ruas. E a Zona Norte — onde o projeto nasceu — será o palco de três importantes lançamentos: no dia 17 será a vez de autografar exemplares no Bar do Papa, em Cascadura, dentro da programação do Rolé Literário; no dia 22, o projeto chegará ao Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré, em Bonsucesso; e no dia 27, estará na Casa Viva, em Manguinhos. Em todos os eventos, o público poderá conhecer os autores, adquirir os livros por R$ 45 e, em alguns casos, receber gratuitamente os exemplares por meio de uma cota social distribuída através das redes do coletivo (@favelofagia no Instagram).

Além de “Maré”, serão lançados os títulos “Porque as lágrimas não vertem”, de Daniel de Abreu Brasil; “A febre de Momo”, de Diogo Lyra; “Mímesis”, de Isabel Marz; “Pequenas colisões”, de Mauro Siqueira; e “Mormaço”, de Steffany Dias.

— O problema da classe trabalhadora é a economia do tempo, o que torna um grande desafio escrever e se manter escrevendo. Daí o valor dessa residência, que garante recursos para os escritores se dedicarem ao ofício e termina no encontro das histórias com os leitores — reflete Eugênio.

Para Adriana Kairos, o processo de escrita trouxe desafios singulares, mas também experiências potentes.

— A escrita costuma ser uma atividade solitária, e dessa vez tive uma editora me acompanhando de perto. Foram meses intensos de trabalho. Foi difícil, mas também muito enriquecedor — observa.

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Nem a escolha da capa escapou da originalidade do processo. A coordenadora editorial do projeto, Mariane Martins, relembra o cuidado em traduzir visualmente o universo sensível da autora:

— A gente teve um processo diferenciado com a Adriana, por conta da deficiência visual. Quando chegamos na fase das capas, eu fui conversar com ela. Disse: ‘E aí, Adriana, como vai ser sua capa? Do que você gosta?’. Ela respondeu rindo: “Ah, Mariane, tanto faz, eu não vou ver nada mesmo.” Aquilo me deu um aperto no coração — lembra Mariane. — Mas aí ela comentou que gostava muito de HQs. Então, sugeri o Allan Matias, artista que trabalha com o Irmão do Jorel. E quando Adriana ouviu isso, ficou super animada. Foi muito bonito criar essa ponte com algo que fazia parte do repertório dela.

Mariane conta que o ilustrador abraçou o projeto, visitou a Maré, mergulhou na história e ilustrou elementos simbólicos da trama, como a tamarineira mencionada no livro. Todo o processo de criação visual foi descrito em detalhes para Adriana. A coordenadora ainda tentou, sem sucesso, viabilizar a impressão da capa em 3D para que a autora pudesse “ver com as mãos”.

Outra integrante da residente literária, Isabel Marz, autora de “Mímesis”, define o Bando Editorial Favelofágico como uma virada em sua trajetória.

— Foi uma experiência única que transformou minha realidade e escrita — comenta a escritora.

Isabel acrescenta que, além do acompanhamento editorial e das trocas com outros autores, o projeto foi um espaço de afeto e construção coletiva. Em seu livro, ela parte de uma distopia para refletir sobre trabalho, desigualdade social e o cotidiano das mulheres que sustentam a vida nas margens.

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