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eles tinham filhos, documentos legais e uma fachada perfeita

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maio 5, 2025
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Ludwig Gisch e María Rosa Mayer Muños se disfarçaram de torcedores da seleção argentina na Copa do Mundo de 2018 na Rússia — Foto: Reprodução

Quinta-feira, 12 de julho de 2012. A bordo de um ônibus da Flecha Bus vindo de Montevidéu, Ludwig Gisch entrou na Argentina. Passaporte austríaco válido, nascido em 1984. Passou pelos controles migratórios e aduaneiros sem problemas. E na madrugada de sexta-feira, 13, chegou a Buenos Aires, onde a primeira coisa que fez foi profanar o cadáver da própria mãe.

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Gisch solicitou a tradução oficial para o espanhol da certidão de óbito de Helga Tatschke, uma argentina que havia nascido no Hospital Alemão de Buenos Aires, em outubro de 1942, e morado na avenida Pueyrredón, também na capital, antes de emigrar para a África — onde teve Gisch — e depois se mudar para a Europa, onde morreu em 19 de junho de 2010, em Viena, aos 67 anos.

Tudo deu certo: Gisch obteve a certificação. Mas tudo era mentira. O certificado de óbito austríaco pertencia a outra pessoa falecida em Viena e havia sido adulterado por mãos habilidosas. Isso porque Tatschke havia falecido em Buenos Aires, aos 4 anos, no dia 17 de abril de 1947, e está enterrada desde então no túmulo UC-16-255 do Cemitério Alemão da Chacarita.

Ludwig Gisch e María Rosa Mayer Muños se disfarçaram de torcedores da seleção argentina na Copa do Mundo de 2018 na Rússia — Foto: Reprodução

Gisch era, sabemos agora, a quarta identidade do espião Артём Викторович Дульцев; em espanhol, Artyom Vitktorovich ou Artem Víctor Dultsev. Oficial do Serviço de Inteligência Externa (SVR) da Rússia, o espião circulou por Brasil, Uruguai, Chile, Colômbia e Argentina, onde viveu por anos. Estabeleceu-se no bairro de Belgrano, em Buenos Aires.

Gisch se movimentava pela Argentina com eficácia, sempre atento a um dogma do espionagem: nunca chamar atenção. Nem por ser brilhante, nem por ser descuidado, deixando o mínimo possível de rastros físicos e digitais, sem fotos suas na internet. Com os impostos pagos e sem brigas; com contas de serviços públicos em dia, nenhuma multa ou infração com seu Volkswagen Gol 1.6 preto — o carro mais vendido do país por uma década —; sem tatuagens, nem roupas chamativas; sem nada que se destacasse, nem nada que envergonhasse. Ser, em resumo, uma pessoa cinzenta. Daquelas difíceis de lembrar, sobre quem pouco se tem a dizer, que todos esquecem minutos depois.

Mas ele — e tudo o que ele tocou — era falso. Os clientes de sua pequena empresa de informática, DSM&IT, eram fictícios. A própria empresa era uma fachada

As antenas que instalou nos telhados de seu apartamento na rua O’Higgins e de seu escritório na avenida Cabildo não tinham fins inocentes. Ele não era um especialista em informática. E Ludwig Gisch não era seu verdadeiro nome.

Tudo isso, no entanto, só viria à tona onze anos depois, quando chegou o primeiro alerta do outro lado do Atlântico.

Em 17 de setembro de 2012, Moscou deu início à fase seguinte da infiltração nas ruas de Buenos Aires. María Rosa Mayer Muños desembarcou no aeroporto de Ezeiza. Nascida na Grécia, com nacionalidade mexicana, sua identidade também era de papelão. Seu verdadeiro nome era Анна Валерьевна Июдина; Anna Valerievna Iudina ou Ana Valeria Iyudina, segundo a tradução — também agente do SVR.

Nos dez anos seguintes, Ludwig e María construíram sua “lenda” como argentinos, a fachada que lhes permitiu se apresentar ao mundo como aquilo que não eram: um especialista em informática e uma galerista de arte que se conheceram, se apaixonaram e se casaram em Buenos Aires, onde tiveram seus filhos Sophie e Daniel. Mas também espionaram — inclusive mães de alunos da escola, escolhidas com precisão. Mães com vínculos no setor de energia — como em Vaca Muerta — ou com ligações pessoais, como ser casada com um cidadão norte-americano.

Foi só a partir de 2017 que os Gisch deram início à fase seguinte de sua operação. Migraram para a Eslovênia, embora tenham mantido um pé na Argentina, para onde voltaram diversas vezes ao longo dos anos. Voltaram para renovar passaportes, visitar amigos e, inclusive, votar nas eleições nacionais. Votaram na Escola Normal Superior 10 “Juan Bautista Alberdi”. Ele, na mesa 5913; ela, na 5923.

Capturados no fim de 2022 na capital eslovena por tropas especiais, os Gisch resistiram por meses. Insistiram que eram quem diziam ser: ele, um especialista em TI, argentino por opção; ela, uma galerista, naturalizada argentina. Até que, 18 meses depois, protagonizaram a maior troca de prisioneiros e espiões desde o fim da Guerra Fria. Em agosto de 2024, o premier russo — e tenente-coronel da KGB — Vladimir Putin os recebeu ao pé da escada do avião em Moscou.

A trilha de mentiras e espionagem dos espiões russos na Argentina agora vem à tona.

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