O Banco Central (BC) inicia hoje a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que vai definir qual será a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 14,25% ao ano. O colegiado formado pela diretoria do BC é liderado pelo presidente da instituição, Gabriel Galípolo.
Ontem, na véspera do início da reunião — cujo resultado só será conhecido na quarta-feira — pela primeira vez em quatro meses, agentes do mercado financeiro apontaram uma redução na expectativa para Selic no fim do ano.
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O Boletim Focus divulgado ontem estima que a taxa fechará 2025 a 14,75% ao ano. Antes, o levantamento realizado pelo BC com analistas financeiros era de 15%. A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação.
Além da primeira redução na previsão para a Selic após dezesseis semanas seguidas, o Boletim Focus também revisou para baixo a estimativa da inflação em 2025, de 5,55% para 5,53%. É a terceira semana seguida de queda nas previsões para o IPCA, mas as projeções ainda estão um ponto percentual acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne a partir de hoje para um encontro de dois dias, e a expectativa majoritária no mercado financeiro é de uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, fazendo a Selic chegar a 14,75% ao ano.
Se o cenário for confirmado, será o maior patamar desde agosto de 2006, quando a Selic estava em 14,75% ao ano — a taxa básica de juros do país ficou neste nível de 20 de julho a 30 de agosto de 2006.
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Para o banco Citi, o BC deve aumentar a taxa para 14,75% e encerrará o ciclo de alta neste patamar, mantendo a Selic até o início do ano que vem: “Olhando à frente, esperamos que o cenário inflacionário projetado pelo Copom melhore, com menor pressão dos preços dos bens comercializáveis e novos sinais de desaceleração doméstica”, afirmaram em relatório os analistas Leonardo Porto e Paulo Lopes.
Em relatório a clientes, o C6 Bank aposta que o Copom deixará em aberto os próximos passos da política monetária e avalia que discursos recentes de diretores do Banco Central apontam um tom mais cauteloso. “As expectativas de inflação continuaram elevadas e acima da meta estabelecida”, diz o banco.
Na XP, o time liderado pelo economista-chefe Caio Megale vê uma alta de 0,5 ponto percentual na reunião de amanhã e um outro aumento na reunião de junho: “Entendemos que os acontecimentos desde a última reunião do Copom corroboram a indicação de uma condução gradual da política monetária. Mas ainda sugerem, em nossa opinião, a necessidade de ajuste adicional para garantir a desinflação no futuro”.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, tem como cenário-base um aumento de 0,75 ponto percentual na reunião desta quarta-feira, com possibilidade de uma alta menor, de 0,50 ponto percentual. Ele projeta o fim do ciclo de alta com a Selic a 15,25% ao ano.
“Para a reunião de junho, consideramos mais prudente manter o cenário em aberto, permitindo uma avaliação mais precisa da evolução do cenário doméstico e internacional, ajustando a política monetária conforme necessário”, afirma Sung em relatório.
Na última reunião, em março, o Copom elevou a taxa básica em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano, mas deu poucas indicações e deixou em aberto os seus próximos passos.
Se o cenário de alta da Selic para 14,75% ao ano se confirmar, será o maior patamar dos juros desde agosto de 2006.
A previsão do Focus para o dólar no fim do ano caiu de R$ 5,90 para R$ 5,86. A expectativa para o PIB se manteve em 2%.