Elegante e caminhando com o auxílio de uma bengala, a socialite Regina Lemos Gonçalves, de 89 anos, chegou ao Fórum Central do Rio às 14h30 desta quinta-feira (22/05). Ela compareceu para depor na ação penal que apura a suposta tentativa de feminicídio praticada contra ela por seu ex-motorista, José Marcos Chaves Ribeiro, atualmente foragido desde o ano passado.
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Durante duas horas, a viúva de Nestor Gonçalves, fundador dos baralhos Copag, prestou depoimento à juíza titular da 4ª Vara Criminal da Capital, Lucia Glioche, relatando detalhes sobre uma queda que sofreu, segundo ela, provocada por José Marcos. A família de Regina suspeita que o ex-motorista planejava se apropriar da fortuna da socialite após sua morte.
Os advogados Marcelo Coelho Pereira e Beatriz Abraão de Oliveira acompanharam Regina durante o depoimento. Ela optou por não conceder entrevistas à imprensa. A audiência havia sido inicialmente marcada para duas semanas atrás, mas foi adiada pela juíza para a data desta quinta-feira.
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Em decorrência da queda, ocorrida em 30 de dezembro de 2021, a socialite foi internada no Hospital Marcos Moraes, no Méier, Zona Norte do Rio, a cerca de 19 quilômetros de seu apartamento no Edifício Chopin, em Copacabana, Zona Sul. A família de Regina e a própria vítima acusam José Marcos de tentativa de homicídio.
Regina permaneceu internada até 5 de janeiro de 2022, sendo submetida a uma cirurgia de drenagem de hematoma subdural crônico bilateral, conforme boletim médico do hospital. Segundo decisão da juíza Lucia Glioche, “este quadro indica a possibilidade de a vítima ter sofrido o fato descrito na denúncia e, assim, é indício suficiente de materialidade”, ou seja, de que Regina Gonçalves foi vítima de tentativa de feminicídio.
Regina é viúva de Nestor Gonçalves, fundador dos baralhos Copag, e tornou-se herdeira de uma fortuna cuja totalidade ainda não foi completamente determinada. Após a morte do marido, a socialite passou a delegar a administração dos bens a advogados e, posteriormente, a José Marcos, que apresentou uma certidão de união estável posteriormente suspensa pela Justiça por suspeita de fraude.
Como a idosa não está interditada — exames recentes atestaram sua lucidez, segundo a família —, ela tem condições de depor. Será a primeira a prestar esclarecimentos sobre o fato, por ser a vítima e devido à sua idade avançada.
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Em sua fundamentação, a magistrada ressaltou:
“O crime imputado ao acusado teria ocorrido em ambiente doméstico, onde a palavra da vítima, por si só, é de extrema relevância, não podendo este juízo desconsiderá-la sob o argumento de sua idade ou de que há ação de interdição em andamento. Daí decorre o indício de autoria, por ora, suficiente.”
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Para os crimes de cárcere privado, violência psicológica e furto — delitos os quais José Marcos também foi denunciado pelo Ministério Público —, Lucia Glioche sustenta que a “instrução probatória possibilitará eventual absolvição do acusado ou sua impronúncia, o que não é possível na presente fase”. A impronúncia ocorre quando o juiz entende que não há provas suficientes para que o réu seja julgado pelo júri.