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O cerne do debate entre os hermanos é uma declaração do ator Ricardo Darín, que usou a empanada como exemplo num comentário sobre a economia do país. Em entrevista no fim de semana, o artista criticou o novo programa de anistia fiscal lançado pelo governo. Em seu exemplo, ele mencionou que uma dúzia de empanadas custam 48 mil pesos, equivalente a R$ 236 (cerca de R$ 19 ou 4 mil pesos, cada), fala que foi retrucada pelo ministro Luis Caputo, da Economia.
Nas praias do Rio, o produto é oferecido por cifras menores — cerca de R$ 12 (cerca de 2,4 mil pesos), mas também é possível encontrar ambulantes vendendo a R$ 15, equivalente a 3 mil pesos — e, ainda assim, os ambulantes enfrentam a resistência dos moradores locais, contam os vendedores.
—Brasileiro até compra, mas quem é de São Paulo, Minas Gerais, ou do Nordeste. O carioca quer comprar uma empanada por R$ 5 e ainda levar suco — comenda Angel Vaca, argentino de Córdoba que está no Rio há dois anos justamente pela questão econômica em seu país. — Tem trabalho, mas você não alcança (a renda necessária): tem que ter dois empregos.
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Além da estabilidade financeira, os argentinos que trabalham vendendo empanadas aqui também veem vantagem de os dias serem propícios à praia ao longo de todo o ano. Se engana, no entanto, quem pensa que todos fazem, artesanalmente, seus quitutes. Muitos compram a iguaria numa fábrica localizada entre Copacabana e Ipanema, estabelecimento que se apresenta como detentor das “melhores empanadas de Mendoza” (cidade argentina) no Rio.
Aos 20 anos, a argentina Gisela Gonzalez veio passar o carnaval no Rio e não foi mais embora.Aos 20 anos, a argentina Gisela Gonzalez, que veio passar o carnaval no Rio e não foi mais embora, conta que carrega em sua cesta cerca de 25 unidades do produto diariamente entre o Arpoador e o Posto 10. Entre os clientes, além de argentinos, claro, estão outros gringos latinos.
—A maioria dos clientes são chilenos. Eles falam espanhol, então é mais fácil — conta ela, natural de Córdoba, que mora no Rio com sua irmã, também no ramo das empanadas.
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A empanada em terras cariocas foi aprovada pela família do professor Mariano Feriolli, de 49 anos, argentino de La Plata, que está de férias no Rio. Segundo ele, a “Argentina é um desastre pelo mesmo motivo que passaram todas as pátrias grandes” da América do Sul, por pessoas que saíram da pobreza e se viram “seduzidas por um discurso” que, em sua opinião, não será cumprido.
—Uma família de quatro pessoas precisa de 2 milhões de pesos (quase R$ 10 mil) para viver com o mínimo. Viver, comer. Não para trocar de carro — explica.
Os vendedores argentinos contam que até encontram brasileiros vendendo o produto. Carlos Gimenez, de Buenos Aires, está no Rio há quatro anos e diz não se incomodar de ver os cariocas comercializando o produto, mas pontua que há casos em que clientes se dizem enganados por vendedores de esfirra ou de empadas que passam pelas barracas anunciando que venderiam “empanadas”. Sobre a polêmica na Argentina, ele faz uma ponderação:
—O Darín não está certo. Aqui, a empanada custa (cerca de) 2.200 pesos argentinos. Ele está falando que lá é 4.500. Acho que está errado. Mas ele é famoso, rico, e compra em lugares top, que a gente não compra — pontua.
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Seu amigo Facundo Sutil, de Lincoln, de 28 anos, está prestes a completar dois anos no Rio. A viagem, além da questão econômica, tem a ver com uma nova experiência, com um choque de cultura e a chance de aprender outro idioma, o português. Mas a dica principal veio de um conhecido:
— Um parceiro falou que era muito legal (morar no Rio), que dá para fazer de tudo. Só ser sagaz — conta Facundo, que já vendeu caipirinha, açaí e milho antes de entrar no ramo das empanadas.

