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— Nós estamos em um período especial de preparação máxima. E em qualquer circunstância, vamos garantir o funcionamento do país — disse Maduro a jornalistas. — Se a Venezuela for agredida, passaria imediatamente ao período de luta armada em defesa do território nacional e da História e do povo da Venezuela.
O presidente dos EUA, Donald Trump, colocou pressão sobre o regime de Maduro ao enviar ao menos três navios de guerra contratorpedeiros — USS Jason Dunham, USS Gravely e USS Sampson —, além do cruzador USS Lake Erie, do submarino nuclear USS Newport News e do Grupo de Prontidão Anfíbia Iwo Jima, para perto do litoral venezuelano, afirmando que os militares americanos passariam a atuar diretamente no combate ao tráfico de drogas. A Casa Branca citou diretamente a organização Cartel de los Soles, a qual afirmou que Maduro faria parte.
A movimentação militar americana provocou uma reação venezuelana, que colocou suas forças em prontidão e reforçou a convocação de reservistas — segundo Maduro, apenas a Milícia Nacional Bolivariana teria mobilizado um efetivo de 4,5 milhões de pessoas, número apontado como superdimensionado por especialistas.
Ainda em declarações nesta segunda, Maduro afirmou que oito navios militares dos EUA, com 1,2 mil mísseis estão apontados para seu país. Ele classificou o envio de tropas americano como “a maior ameaça que já se viu em nosso continente nos últimos 100 anos”, acrescentando se tratar de “uma ameaça extravagante, injustificável, imoral e absolutamente criminosa, sangrenta”.
— Eles quiseram avançar para o que chamam de máxima pressão, neste caso, militar, e diante da máxima pressão militar, nós declaramos máxima preparação para a defesa da Venezuela — disse o líder chavista.
Washington aumentou recentemente para 50 milhões de dólares a recompensa por informações que levem à captura do presidente venezuelano, acusando-o de supostos vínculos com cartéis do narcotráfico.
Sem relações diplomáticas desde 2019, Caracas e Washington estabeleceram canais de comunicação com enviados especiais. Maduro afirmou nesta segunda que havia dois canais, mas que “neste momento estão abalados”.
— Esses dois canais sempre estiveram lá, mas agora os canais estão abalados, porque a diplomacia das canhoneiras é uma diplomacia errática, equivocada, que impuseram ao presidente Donald Trump — disse Maduro, referindo-se ao desdobramento militar dos EUA.
O chavista também advertiu Trump de que o secretário de Estado, Marco Rubio, um crítico ferrenho de seu governo, “quer manchar as mãos de sangue”.
— Eles estão buscando uma mudança de regime por meio da ameaça militar, e manchar as mãos de Donald Trump com sangue, e manchar o sobrenome Trump com sangue para sempre. Essa é a verdade — insistiu. (Com AFP)