Tudo começou com rotinas exaustivas de skincare. Hoje, o cuidado performático da pele inclui cada vez mais etapas, gadgets e produtos que raramente oferecem benefícios reais e duradouros. Cinta modeladora facial, adesivos, faixas, rollers e gua sha fazem parte da performance — e do consumismo que cria a ilusão de que são essenciais.
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“Existem muitas promessas desses produtos de definir e afinar o contorno do rosto, melhorar a produção de colágeno e a flacidez da pele. O marketing ainda cria armadilhas com apelos ilusórios, como reposicionar os músculos e a pele, elevando-os, durante o sono. No entanto, isso carece de evidência científica robusta”, explica Daniel Cassiano, dermatologista e diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP).
“Uma faixa de compressão usada por algumas horas não é capaz de gerar mudanças estruturais permanentes”, pontua especialista.
Quando um produto é associado à imagem de uma celebridade, cria-se a impressão de que seu uso trará os mesmos resultados — muitas vezes ilusórios — e reforça padrões estéticos inalcançáveis.
“Muitas pessoas acabam deixando de investir em cuidados realmente eficazes. O paciente sente que está se cuidando, mas pode atrasar ações essenciais que trazem resultados palpáveis, como fotoproteção, antioxidantes, hidratação adequada e procedimentos dermatológicos que revertam alterações do envelhecimento”, completa especialista.
Um exemplo clássico é a tendência Morning Shed, popularizada por marcas como a de Kim Kardashian, que sugere dormir com máscaras, cremes, adesivos e fitas prometendo acordar com a pele perfeita.
“Cientificamente, há algum fundamento: durante o sono, a renovação celular se intensifica, e produtos oclusivos podem potencializar a hidratação e a absorção de ativos. Fitas faciais também podem ajudar a prevenir rugas ao limitar dobras e movimentos da pele. Mas o uso excessivo ou inadequado compromete a barreira cutânea, causando obstrução dos poros, acne, dermatite de contato, irritações e até foliculite”, explica especialista.
No caso das cintas faciais, o efeito é temporário. “A compressão pode reduzir o inchaço, dando a impressão de rosto mais fino, mas em algumas horas volta ao estado original. É útil apenas após cirurgias faciais ou no pescoço para diminuir edema e auxiliar na cicatrização. Não há evidência científica de que previna a papada. A flacidez submentoniana tem múltiplas causas: envelhecimento, perda de colágeno, acúmulo de gordura, genética, má postura e flacidez muscular. Embora a compressão amenize o edema e reposicione levemente os tecidos, não impede a degradação do colágeno nem a flacidez estrutural progressiva”, pontua especialista.
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Quanto a gua shas e face rollers, o impacto é limitado ao viço e à circulação cutânea. “Eles possuem efeito drenante e temporário, mas não diminuem rugas nem linhas de expressão. Massagens manuais podem ser adaptadas ao formato do rosto e à pressão correta, reduzindo riscos. Procedimentos dermatológicos, por outro lado, promovem benefícios estruturais comprovados, como produção de colágeno, melhora da flacidez, reposicionamento de coxins de gordura e alterações na musculatura”, esclarece especialista.
O mais importante é a consulta dermatológica, que define tratamentos e condutas preventivas. “Sem cair em modismos, o ideal é manter rotina de sono, alimentação e hidratação adequadas. Cosméticos devem ser indicados por dermatologistas. Além disso, é fundamental controlar peso e composição corporal, já que acúmulo de gordura na região submentoniana altera o contorno. Tratamentos devem ser sempre orientados e individualizados”, finaliza especialista.