A fugitiva Rafaela Sampaio Camorim, de 27 anos, que escapou do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Feminino do Butantã em São Paulo, na manhã dessa quinta-feira (18), se apresentava nas redes sociais como pedagoga e especialista em gestão de recepções. Mas fora do ambiente virtual, segundo a polícia, a jovem integrava uma quadrilha especializada em roubos de carros de luxo e era conhecida como a “Princesinha do Crime”. Condenada a 12 anos de prisão, ela fugiu do presídio com a ajuda de um casal armado de pistolas numa ação que levou cerca de 30 minutos.
- Cidade-fantasma: crime organizado expulsa população e transforma vilarejo no sertão do Ceará
- ‘Fetiches meio doidos’: jovem de 19 anos é encontrada morta após ser contratada para programa sexual em MG
Em um de seus perfis profissionais, Rafaela afirmava ter três anos de experiência como recepcionista, e destacava habilidades como “oferecer suporte amplo administrativo, coordenar atividade de atendimentos, encaminhar chamadas telefônicas, distribuir correspondências e esclarecer dúvidas de visitantes”, sempre com uma postura “cordial e assertiva”, segundo sua própria descrição.
Em sua biografia, afirmava ter atuado em três empresas distintas. O GLOBO tentou contato com essas empresas por meio da própria plataforma, mas não obteve retorno.
O perfil também mencionava sua formação em Pedagogia, cursada entre 2016 e 2020 na Faculdade São Bernardo. A reportagem buscou contato com a instituição, tanto pelas redes sociais quanto pelo telefone disponível no site, mas não houve resposta.
Rafaela foi capturada em janeiro de 2022, aos 23 anos, após uma ação da Polícia Militar (PM) e da Guarda Civil Municipal (GCM) de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Na ocasião, as autoridades apreenderam cinco veículos roubados. Ela respondeu em liberdade, teve sua condenação confirmada, mas não foi detida novamente.
Anos depois, ela foi flagrada junto de um comparsa tentando aplicar fraudes em uma agência bancária. Com a dupla, foram encontrados dezenas de cartões de créditos citados em boletins de ocorrência. O rapaz assumiu a culpa deste episódio, mas, como ela tinha um mandado de prisão em aberto, acabou presa pelo furto do carro anos antes.
Rafaela Sampaio estava presa no CPP em regime semi-aberto há apenas um mês e meio. O GLOBO tenta contado com a defesa dela, e o espaço está aberto a manifestações.
Um casal armado com pistolas invadiu o CPP Feminino do Butantã, em São Paulo, para resgatar a detenta no final da manhã de quinta-feira (18). A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou o caso. O caso é investigado pela delegacia do Jardim Arpoador (75º DP). A segurança foi reforçada no entorno e a PM faz buscar na região tentando localizar os suspeitos.
Segundo relatos de agentes que supervisionam a segurança do local, o casal aproveitou um momento de entra e sai de caminhões para atacar a funcionária que monitorava o portão. Com o acesso ao interior da unidade garantido, o homem ficou vigiando o portão, enquanto a mulher subia até o segundo andar da unidade. Ela fez de refém uma policial penal e resgatou Rafaela em cerca de 30 minutos.
Após fugirem pelo mesmo portão que entraram, o trio atravessou correndo a pé a Rodovia Raposo Tavares, no km 19,5, para tentar roubar um carro em uma concessionária. Eles foram interceptados por um policial à paisana, desistiram do carro e entraram em uma região de mata.
Sem policiais penais armados dentro ou no entorno da unidade, foi necessária a rápida mobilização de dezenas de agentes. O protocolo de emergência acionado fez com que policiais de folga e de unidades vizinhas fossem deslocados para a área, garantindo o reforço necessário para a operação de busca.
* Estagiário sob supervisão de Daniela Dariano