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Bruno Mazzeo dirige série em que mostra altos e baixos de Chico Anysio, do sucesso à depressão

BRCOM by BRCOM
setembro 20, 2025
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Chico Anysio e a família — Foto: Acervo pessoal

Chico Anysio disse uma vez sentir-se “certas horas como um médico do espírito”, por fazer as pessoas gargalharem mesmo assoladas por problemas. “O povo precisa rir, quem é que não precisa?”, perguntou, em dezembro de 1976, ao GLOBO. Se esse é mesmo o melhor remédio, o artista o entregou em forma de 209 personagens — do professor mal pago ao político corrupto, do ator ególatra ao sertanejo mentiroso — em seus 60 anos de carreira. Enquanto tentava amenizar as dores do Brasil, ele mesmo convivia com uma depressão por décadas. Uma fina ironia no roteiro da vida desse doutor.

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Esses altos e baixos, risos e lágrimas, fazem parte de “Chico Anysio: Um homem à procura de um personagem”, série documental que estreia no Globoplay na próxima quinta-feira (25). A produção foi roteirizada e dirigida por Bruno Mazzeo, quarto dos sete filhos que o artista teve em seus 80 anos de vida, terminada em 2012 por problemas cardiorrespiratórios.

— Não é uma homenagem ao Chico Anysio — adianta o diretor. —As pessoas vão ver, sim, a trajetória dele, mas também suas incertezas e inseguranças. Ele teve muitos casamentos, muitos filhos, mudou de time, de opiniões, fez muitos personagens. E, talvez, tenha feito tantos porque estava em busca de quem era.

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Os cinco episódios, todos no ar de uma só vez, também são uma busca do filho pelo pai, embora ambos se conhecessem profundamente. Quem era o Chico antes de Bruno, ou o Chico que Bruno nunca viu?

— A gente conversava bastante, eu me interessava por ele. Mas a maioria das pessoas do doc o conheceram antes de mim, viram a formação dele — diz Bruno, que gravou na casa onde Chico nasceu, em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza. — Vi meu pai com 50 anos, já consagrado. Mas tenho irmão que o viu ficar famoso morando num apartamentozinho, correndo atrás de sonhos, com ambições e inseguranças. Juntei um quebra-cabeça e consegui formar um retrato.

A série documental fecha um ciclo anysiano inconscientemente percorrido pelo ator e diretor, que começou com a reprise de “Escolinha do professor Raimundo”, em 2015, quando ele se sentou na cadeira do mestre, interpretando o inesquecível. Depois, veio a peça “Gostava mais dos pais”, encenada com o amigo Lúcio Mauro Filho, herdeiro de outro gênio do humor, em que refletem sobre a legado artístico que carregam.

— Só concluí depois, na análise, que fiz uma trilogia do meu pai na minha carreira e, consequentemente, na minha vida — diz Bruno.

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Todos os irmãos vivos, frutos dos seis casamentos, ajudaram na finalização desse ciclo. Estão na série Lug de Paula, Nizo Neto, Rico Rondelli, Rodrigo e Vitória de Paula — assim como André Lucas, creditado como filho afetivo de Chico. Outros parentes, como o cineasta e irmão caçula do humorista Zelito Viana, a diretora e sobrinha Cininha de Paula, o ator e sobrinho Marcos Palmeira, a ex-nora e atriz Heloísa Périssé, também. A história do humor brasileiro, do rádio à TV, está registrada com depoimentos de Costinha, Carlos Alberto de Nóbrega, Moacir Franco, Cláudio Paiva, Daniel Filho e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, colega de quarto do humorista nos anos 1960.

— Conheci o Chico em 1955 na Rádio Mayrink Veiga e fundamos uma república, em 1966, onde moramos juntos — relata Boni, ex-vice-presidente de operações da TV Globo. — Ele tinha tudo: criatividade, que é essencial, uma voz linda e de grande extensão, permitindo ir do stand-up ao professor Raimundo. Mais do que um comediante ou humorista, era um ator perfeito. Tinha uma cultura geral incrível e uma inteligência privilegiada, que o permitia observar e analisar o comportamento humano.

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  • Entre Silvio Santos e Fernanda Montenegro
      • Bruno Mazzeo dirige série em que mostra altos e baixos de Chico Anysio, do sucesso à depressão

Entre Silvio Santos e Fernanda Montenegro

Filho de um empresário do ramo de transporte de Fortaleza, o ilustre maranguapense Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho nasceu em 1931 e mudou-se com a família para Rio em 1938, quando o pai passou por dificuldades financeiras e despachou a prole para a então capital da República. Sem muitos planos artísticos, acabou na Rádio Guanabara— perdeu um concurso de locutor para Silvio Santos, mas entrou em sétimo lugar no casting de radioator, trabalhando ao lado da primeiríssima, Fernanda Montenegro, outra entrevistada da série.

O domínio das técnicas de atuação e de texto o fez crescer no humor radiofônico e, com chegada da TV, tornou-se um nome natural para a novidade. No início dos anos 1960, com a tecnologia do videoteipe, que permitia editar a fita de um programa gravado, sua capacidade criativa explodiu. Chico podia fazer mais e mais personagens e virou o dono do “Chico Anysio Show”, na TV Rio, entre 1960 e 1963.

Chico Anysio e a família — Foto: Acervo pessoal

Em 1969, foi para a TV Globo, emissora onde criou seus maiores sucessos e inoculou na audiência bordões inesquecíveis, ditos pelos personagens de “Chico City” (1973-1980), “Chico Anysio Show” (1981-1990) e “Escolinha do Professor Raimundo” (1990-1995). Houve, ainda, no Fantástico, um quadro por quase duas décadas (1974-1991).

— Para cada personagem, ele deu nome, RG e CPF — diz Heloísa Périssé, ex-mulher de Lug de Paula, famoso pelo personagem Seu Boneco, da “Escolinha”, com quem teve a filha Luisa. — Eles eram construídos nos detalhes.

A atriz chegou a trabalhar com o sogro na “Escolinha do Professor Raimundo” interpretando Tati, uma patricinha nerd, cujo bordão era “fala sério, tipo assim” e “não sou só um corpinho bonito, é muita cuca no lance, cara”.

— Chico me ensinou que bordão era uma palavra normal falada de uma forma diferente, como “caaaa-la-da”, que as pessoas repetiram a vida inteira — diz ela, relembrando a marca do personagem Nazareno.

Um tipo desse — funcionário público, que abusava de bebida alcoólica e maltratava a mulher, considerada “feia demais” — seria inconcebível nos dias atuais. Mas não só.

— Hoje, acho que não teria mais espaço para um programa de uma pessoa só — diz Bruno. —E também não sei como seria esse formato do humor de bordão. Era uma revolução em 1950, mas a gente está em 2025.

Chico Anysio viveu para o trabalho e, justamente por isso, suportou tão mal o processo do envelhecimento que foi o tirando, gradativamente, do ar para dar lugar a outros nomes e ideias. Workalcolic, como ele mesmo brincava com a palavra workaholic, o humorista, diz Bruno, fez apresentações teatrais até de cadeira de rodas, nos últimos meses de vida.

— Ele sentia falta de não ter um programa, mas, ao mesmo tempo, estava numa idade que não tinha condições. Esses caras mais velhos eram muito ligados ao trabalho. Então, a partir do momento que ele deixou de ter aquela rotina incessante, era como se faltasse alguma coisa. É difícil para essa pessoa relaxar e falar: “então vou curtir a vida.”

Dinheiro, ganhou muito. Mas gastou muito também. Essa relação com finanças é também discutida entre os filhos na série.

— Quando ele morreu, a gente descobriu que ajudava mais de dez famílias de pessoas que trabalharam com ele. Sempre foi um cara de dar pouquíssimo valor ao dinheiro. Então, obviamente, quem dá pouco valor ao dinheiro morre sem — diz Bruno, inventariante dos bens do pai, depois da destituição da viúva, Malga di Paula, num processo da partilha de bens que corre na justiça.

Quem via Chico Anysio pela TV talvez não imaginasse, mas quem convivia ele sabia. O artista tratou uma depressão por décadas. Chegou a falar, inclusive, abertamente sobre o assunto. Por isso, Bruno Mazzeo não se furtou a abordar o tema na série documental “Chico Anysio: Um homem à procura de um personagem”, do Globoplay a partir de quinta-feira (25).

—No fim da vida, ele levantou a bandeira de que depressão é uma doença, da importância do tratamento. Deu até depoimentos em congresso de psiquiatria.

A ex-nora Heloísa Périssé costumava conversar com ele sobre o assunto com a naturalidade que o tema exigia. Ela também passou, e ainda passa, pelos mesmos problemas.

—Ele se tratava, tomava remédios, era uma pessoa que se cuidava bastante — diz a atriz . —Não sei se isso que acontece com a gente, de ter esse lado triste que as pessoas não esperam, é do comediante.

Nos tempos da “república” que fundaram em 1966, Boni conviveu de perto com essa faceta do amigo.

— Sensível demais, ele não se conformava com injustiças sociais, sofria das dores do mundo e não suportava a ingratidão e a traição — relembra o executivo. —Mas respirava fundo e, quando sentava para escrever, descarregava em forma de humor toda essa angústia.

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