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há 12 anos no Rio, nova-iorquino comemora prêmio internacional

BRCOM by BRCOM
setembro 21, 2025
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A Pizza Scampi, do Ferro e Farinha, entre as melhores do mundo. O Restaurante Ferro e Farinha recebeu premio pela pizza de camarão. — Foto: Foto Ana Branco / Agencia O Globo

Foi numa padaria do Andaraí, na Zona Norte do Rio, uns dez anos atrás, que o nova-iorquino Sei Shiroma se deu conta de que já conseguia compreender bem e falar o português: ao ouvir o balconista perguntar se seu café era com leite. Não era. Nem ele. Quando aterrissou no Rio, há 12 anos, o americano — hoje chef da Ferro e Farinha, eleita este mês pelo ranking 50 Top Pizza World 2025 a 31ª melhor do mundo — falava inglês e mandarim e trazia na bagagem planos pré-determinados: viver com um amor, ter mais qualidade de vida e trabalhar com prazer. Deixou para trás, na cidade que nunca dorme, a exaustiva rotina de trabalho na publicidade que o fazia virar noites e perder o sono. No Rio, frequentou o Baile Charme de Madureira, admira a paisagem da Enseada de Botafogo enquanto dirige, curte praias e montanhas com a mulher, a médica Fernanda Satty, e a filha, Hsia, de 9 anos, e tem amigos como Ana Castilho (do restaurante Aprazível) e Lucio Vieira (do Labuta).

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— Ganhava muito dinheiro, mas não tinha tempo para desfrutar — diz o imigrante com sotaque carioca, aquele com som de “x” no lugar do de “s” e pronúncia forte e seca do “r”, ainda que vez ou outra escape uma palavra em inglês.

A conversa com a reportagem do GLOBO foi sexta-feira, na Ferro e Farinha do Shopping Leblon, poucas horas depois que ele e a família chegaram da Itália. Em Nápoles, o chef foi reverenciado junto aos melhores pizzaiolos do mundo. A glória vem pouco mais de dez anos depois de o estrangeiro, filho de mãe chinesa e pai japonês, ter rodado com sua carrocinha com forno a lenha por ruas e praças de Grajaú, Vila Isabel, Laranjeiras, Flamengo e outros bairros cariocas — e até de ter passado sufoco com a chegada do rapa. Após a rotina como ambulante, a primeira loja foi aberta em 2014, no Catete. Hoje, há cinco unidades. Elas são comandadas por Shiroma e pelo economista Alcebiades Azevedo, o Alci, e a marca empilha troféus como quem põe ingredientes numa nova receita.

A Pizza Scampi, do Ferro e Farinha, entre as melhores do mundo. O Restaurante Ferro e Farinha recebeu premio pela pizza de camarão. — Foto: Foto Ana Branco / Agencia O Globo

Além de ter incluído uma pizza feita no Rio pela primeira vez entre as 50 melhores do mundo, o chef abocanhou o segundo prêmio consecutivo Rio Show de Gastronomia na categoria Melhor Pizza — ao todo, são três vitórias no evento do GLOBO. Em abril, no 50 Top Pizza, sua Scampi (receita de camarão) foi escolhida a Pizza do Ano, enquanto a marca Ferro e Farinha conquistou o quarto lugar no ranking geral.

— Sou sempre grato quando algum prêmio chega. É um sinal de que o trabalho no dia a dia está dando certo. Mas o maior prêmio é ver os clientes vindo, a fila na porta, e os funcionários felizes, decidindo ficar e seguir carreira aqui — diz Shiroma, que em algumas das unidades tem funcionários com dez anos de casa, que começaram lavando louça, hoje promovidos à gerência.

O chef nova-iorquino Sei Shiroma, dono do Restaurante Ferro e Farinha, recebeu premio pela pizza de camarão — Foto: Ana Branco / Agencia O Globo
O chef nova-iorquino Sei Shiroma, dono do Restaurante Ferro e Farinha, recebeu premio pela pizza de camarão — Foto: Ana Branco / Agencia O Globo

O nova-iorquino com sotaque carioca e torcedor do Fluminense tem como lemas rezar e trabalhar duro. Botar a mão na massa parece nunca ter sido um problema. Era delicado quando, depois de ter desenvolvido mais a paixão por fazer pizza do começo ao fim, protegia o seu negócio. Alcebiades Azevedo, economista e seu sócio, conta que nos idos de 2015 pensou em montar uma pizzaria e consultou amigos. Ainda não conhecia Shiroma, mas foi orientado a procurar um certo “japonês do Catete”:

— Japonês do Catete que faz pizza? Vai se foder! Depois me disseram que ele era americano. E eu pensei: americano, japonês que está no Catete fazendo pizza? Aí fui lá, sentei naquele balcãozinho da loja do Catete. Eu o procurei para pedir uma consultoria e ele disse: “Não tenho o menor interesse”. Na época, ele era gordinho e careca. Hoje, está malhado e com cabelo. Eu insisti, chamei ele para uma reunião no Leblon. Aí almoçamos com nossas esposas e ele disse: “Sou procurado por pessoas que querem implantar seu próprio negócio. Estou trabalhando na rua há seis anos. E eu desenvolvi uma receita que acho boa e não quero vender”. Ficamos um mês almoçando e jantando. Todo mundo queria ser sócio dele, mas com a intenção de colocá-lo para trabalhar. Ele me disse, ainda com certa dificuldade com o português: “Posso trabalhar com você, mas a gente pode ser igual?” — lembra Alci, representado no cardápio com o desenho de um cervo, enquanto Shiroma é ilustrado como uma raposa.

A Ferro e Farinha, entre as melhores do mundo, do chef nova iorquino Sei Shiroma — Foto: Ana Branco / Agencia O Globo
A Ferro e Farinha, entre as melhores do mundo, do chef nova iorquino Sei Shiroma — Foto: Ana Branco / Agencia O Globo

O instinto de caçador de oportunidades de Shiroma já tinha aparecido fora do Brasil, nos Estados Unidos, onde trabalhou como garçom e bartender, mas da segunda função foi aposentado porque, tímido, se estabanava quando uma mulher bonita sentava à sua frente no balcão (“Ficava muito nervoso. Derrubava Aperol na mão”). Isso foi décadas antes de conhecer a mãe de sua filha, uma das responsáveis por atrair Shiroma para o Rio. Hoje, ele está em outra relação, com Fernanda, obstetra que conheceu num app de relacionamento durante a pandemia.

— Começamos a morar juntos dois meses depois que nos conhecemos. Falamos do que gostávamos, de restaurantes, entendemos o gosto um do outro, percebi que ela era viajada, vimos que tínhamos ética… E ela ainda era gostosa e bonita — ri, lembrado pelos amigos de ter a determinação das pessoas com sol em áries, e concorda: — Ela também é ariana! Aí, sugeri: quarta-feira? Italiano ou japonês? E fomos ao San (no Leblon). Só não levei ela para o Suibi (restaurante japonês que tem) porque não tinha aberto. E também não ia fazer um date no meu restaurante.

A conexão foi rápida, mas baseada em critérios bem definidos por Fernanda Satty:

— Duas coisas que achei que eram importantes e ele tem: percebi rapidamente que ele era um excelente pai. Ter interesse por mim pesou, obviamente. E vi que ele era muito trabalhador. Essa associação de fatores me fez ficar e me permitir que isso tudo acontecesse.

A carioquice já está incorporada. Naturalizado, ouvinte de Tim Maia, fã dos petiscos típicos do Tacacá do Norte, no Flamengo, agora Shiroma traz de Nova York o pai, Mike-San, de 78 anos, para viver perto da neta. Shiroma não admite nem que o serviço de restaurantes do Rio seja rebaixado por quem crê que no exterior ou em São Paulo se serve melhor.

— O serviço do Rio é um dos melhores do mundo porque é afetivo. É a mistura de a pessoa querer te agradar com o calor humano. Nos EUA, as pessoas agem como se estivessem sendo pagas para serem amigáveis. Com certeza foi um paulista que disse que o serviço era ruim e o carioca acreditou — diz. — Sou grato aos cariocas que me acolheram. E esse sentimento de gratidão tem a ver com essa prática da reza. Tudo poderia ter sido pior. Me sinto grato e continuo trabalhando.

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