O Disque Denúncia divulgou, neste domingo, um cartaz para ajudar a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a localizar dois suspeitos de envolvimento na morte do torcedor vascaíno Rodrigo José da Silva Santana, de 36 anos, baleado durante uma briga de torcidas no último dia 11, em Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio. Os procurados são Everton Oliveira da Silva, conhecido como “Porrozinho”, de 31 anos, e Lucas Machado de Jesus, o “LC”, de 29 anos. Ambos já considerados foragidos da Justiça.
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De acordo com a investigação, no dia do crime — quando Vasco e Botafogo se enfrentavam pela Copa do Brasil — torcedores do Flamengo se organizaram, sem camisas ou bandeiras do time, para atacar rivais do Vasco que estavam próximos à estação de trem de Oswaldo Cruz, de onde seguiriam escoltados pela polícia até o Méier. Armados com rojões, bombas e armas de fogo, eles emboscaram o grupo, e Rodrigo acabou baleado na cabeça. Ele chegou a ser levado para uma unidade de saúde da região, mas não resistiu. Outro torcedor foi atingido no pé e precisou ser levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.
A DHC solicita que quem tiver informações sobre a localização dos dois envolvidos pode entrar em contato pelos seguintes canais de atendimento do Disque Denúncia:
- Central de atendimento/Call Center: (021) – 2253 1177 ou 0300-253-1177
- WhatsApp Anonimizado: (021) – 2253-1177 (técnica de processamento de dados que remove ou modifica informações que possam identificar uma pessoa)
- Aplicativo: Disque Denúncia RJ
- Anonimato Garantido
Agentes da Polícia Civil prenderam oito envolvidos na morte do vascaíno Rodrigo José da Silva Santana, ocorrida na noite do último dia 11, em uma briga de torcida em Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio. Iniciada na manhã de sábado, a operação buscava cumprir nove mandados de prisão temporária e 10 de busca e apreensão em bairros das zonas Norte e Oeste do Rio. Dentre os homens capturados até o momento, está o presidente da Torcida Organizada Jovem do Flamengo (TJF), Tiago de Souza Câmara.
Além do presidente da TJF, mais sete suspeitos foram presos, incluindo Tiago Faria da Silva, conhecido como Monstrinho, que, segundo a polícia, foi o responsável pelo disparo que acertou Rodrigo. Ele também aparece em vídeos do dia do conflito.
O delegado Rômulo Assis, titular da Delegacia de Homicídios da Capital, afirmou que o presidente da Jovem Fla teve participação direta no ataque:
“Ele é um líder desse grupo de marginais. Estava no local, no dia e na hora em que as duas vítimas foram atacadas, prestando todo tipo de apoio moral e material e também efetuando ataques contra torcedores do Vasco. Por conta disso, ele foi identificado e preso temporariamente”, disse Assis ao RJ2.
“Um dos alvos não tinha absolutamente nada a ver com a torcida, não era nem torcedor, a demonstrar realmente que esse ataque era gratuito, era violência pela violência, era baderna pela baderna”, disse Assis, ao RJ2.
Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), no dia da ocorrência, os criminosos teriam evitado usar símbolos do próprio time para evitar identificação. Todos são investigados por “participação direta no homicídio”. Eles teriam saído organizados visando atacar outros torcedores.
Além de Rodrigo, Johnny Gomes Borges, que estava na porta de um mercado perto da estação de trem em Oswaldo Cruz foi atingido por um tiro no pé. Ele estava onde torcedores do Vasco aguardavam uma composição para seguir rumo ao Engenhão, onde aconteceria a partida contra o Botafogo.
Segundo a Justiça do Rio, as investigações concluíram que há indícios da participação das seguintes pessoas nos dois crimes:
- Everton Oliveira da Silva
- Rafael Francisco dos Santos
- Gabriel Victor da Silva Carqueija
- Gabriel Alexandre Sequeira Alves de Araújo
- Eduardo dos Santos Pereira
- João Pedro dos Santos Campos,
- Thiago Faria da Silva Trovão
- Tiago de Souza Câmara Mello
- Lucas Machado de Jesus, que segue foragido.
Além disso, foi determinada a busca e apreensão de armas (inclusive munições e acessórios), veículos utilizados no crime, celulares, computadores e dispositivos de armazenamento de dados, bem como de agendas e papéis, ou de qualquer outro elemento de prova em dez endereços relacionados aos suspeitos.
No cumprimento dos mandados foi encontrada uma arma em poder de um dos indiciados.
A juíza Tula Corrêa de Mello, da 3ª Vara Criminal da Comarca da Capital, que decretou a prisão temporária de nove integrantes da Torcida Jovem do Flamengo, destacou o caráter nocivo das brigas entre torcidas e a necessidade de ação rápida do Judiciário.
“É desnecessário reiterar o caráter nefasto das brigas entre torcidas que acabam por afastar diversos torcedores dos estádios, deixando de prestigiar seus respectivos clubes. Reconhece-se, ainda, o risco de reiteração delitiva presente nas condutas dos investigados, a demandar pronta ação do Poder Judiciário, não somente através da ação civil pública já em curso, mas também da prisão temporária, que se mostra indispensável, a fim de que as demais testemunhas possam prestar depoimento sem qualquer receio de represálias ou influência dos investigados, considerando que compõem uma das torcidas organizadas reconhecidamente mais violentas (Torcida Jovem do Flamengo)”, disse Tula.
A morte do torcedor Rodrigo José da Silva Sant’anna, de 36 anos, aconteceu na noite do dia 11 de setembro deste ano, durante uma briga entre torcedores na comunidade de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio. Segundo a Polícia Civil, a confusão envolveu membros de torcidas organizadas do Flamengo e do Vasco. Rodrigo foi atingido por um disparo na cabeça, enquanto outro homem ficou ferido no pé e precisou ser levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.
Morador do Campinho, na Zona Norte, Rodrigo trabalhava durante a semana no Mercado Livre e, nos finais de semana, atuava como barbeiro. Ele deixa quatro filhos, incluindo um bebê de quatro meses.
O primo da vítima, Gustavo Lourenço, contou que Rodrigo não havia saído de casa para ir a um jogo, mas para um churrasco com amigos. Segundo ele, a vítima acabou surpreendida por uma emboscada:
— Ele foi num churrasco, não ia nem para o jogo. Estava com os amigos quando armaram uma emboscada. A gente não sabe muita coisa. Ele era um cara trabalhador, mais uma vítima, mais uma fatalidade. Quem sofre é quem fica aqui — lamentou.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram homens encapuzados, aparentemente armados com pedaços de madeira, avançando contra outro grupo próximo à linha férrea, seguidos de estampidos de tiros. Em seguida, torcedores aparecem tentando socorrer os feridos.
O local onde ocorreu a confusão é conhecido por encontros frequentes de torcedores rivais. Integrantes de torcidas explicaram que a Fúria Jovem do Botafogo e a Força Jovem do Vasco, que participa da briga, mantêm amizade antiga, mas que na região de Oswaldo Cruz se concentram a 4ª família da Força Jovem do Vasco e o 3º Pelotão da Torcida Jovem do Flamengo, cujos confrontos são recorrentes.
Torcida Jovem do Flamengo fora dos estádios
Na última terça-feira, a Torcida Jovem do Flamengo foi afastada novamente dos estádios por dois anos. O Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos determinou que a torcida e seus associados fiquem afastados de qualquer evento esportivo, de qualquer time, pelo período de dois anos. A decisão considerou informações do Batalhão Especializado em Policiamento em Estádios (Bepe), da Polícia Militar do Rio, que apontaram o envolvimento de integrantes da torcida em tumultos, roubos, invasões de ônibus e estações de trem, e outros atos de violência ocorridos no dia 31 de agosto de 2025.
O juízo também não homologou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que a torcida havia firmado com o Ministério Público e o Bepe no dia 28 de agosto, para que seus integrantes voltassem a frequentar os estádios.
A Torcida Jovem do Flamengo já estava suspensa desde setembro de 2021, por três anos, devido a tumultos e atos de violência registrados em partidas de 2015. Mesmo antes da homologação do TAC, a torcida retornou ao estádio no dia 31 de agosto, protagonizando novos episódios de confusão: tumultos, danos a estações da Supervia, invasão da linha ferroviária, pichações, vandalismo, invasões a coletivos, roubo a ambulante e agressões a torcedores rivais, fatos que reforçaram a decisão judicial de afastamento.