A empresária e influenciadora Caroline Aristides, de 26 anos, foi processada pelo 28º Cartório de Registro Civil de São Paulo, que pretendia com a ação impedi-la, sob pena de multa, de divulgar informações sobre o que aconteceu em 25 de agosto, quando o cartório se negou a trocar o nome de sua filha recém-nascida, hoje com 1 mês de vida. Caroline conta que, 11 dias após o registro do bebê, arrependeu-se do nome escolhido, temendo que a menina sofresse bullying no futuro. O pedido de mudança não foi atendido, e o caso foi relatado pela mãe em suas redes sociais. Só após entrar na Justiça, Caroline conseguiu finalmente autorização para “rebatizar” a pequena, que de Ariel passará a se chamar Bella.
Incomodado com a repercussão do caso, o cartório solicitou uma tutela provisória para impedir que Caroline “proferisse ofensas, difamações” ou divulgasse “informações falsas acerca do que aconteceu no dia 25 de agosto de 2025”, conforme consta no documento levado à Justiça. A delegatária do cartório anexou ao processo postagens de Caroline em redes sociais, nas quais ela menciona o cartório e expressa sua insatisfação com a negativa, alegando até mesmo ter sido “humilhada e escorraçada”.
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Foram apresentadas também imagens de câmeras de segurança do cartório, sem áudio, que mostram a influenciadora, o pai da criança e funcionários do cartório durante a tentativa de alteração do nome.
Porém, em decisão na terça-feira da semana passada, o juiz negou o pedido do cartório e observou que as postagens da ré apenas narram o episódio ocorrido, sem elementos que comprovem ofensas ou difamações. Para o juiz, as imagens também “não indicam exaltação por parte de qualquer um dos envolvidos”.
Na ação, a delegatária do cartório anexou uma reportagem em que o 28º Cartório de Registro Civil é citado e narrou que, após a negativa do cartório, um policial militar foi chamado ao local, e os pais da criança se retiraram de forma voluntária. Em seguida, Caroline voltou a publicar em suas redes sociais sobre o ocorrido. Segundo o juiz, que indeferiu a ação, no entanto, ela o fez “em aparente estado de tranquilidade”. O magistrado observa que a reportagem sobre o episódio “inclui nota de esclarecimento do cartório” e que as provas apresentadas não mostram troca de “ofensas verbais ou comportamento agressivo” entre as partes envolvidas.
O juiz concluiu que, “com base nas imagens do circuito interno do cartório, não é possível afirmar que houve uma elevação dos ânimos além da frustração momentânea com a negativa do pedido”. Ele também ressaltou que os vídeos compartilhados pela influenciadora em suas redes sociais são apenas depoimentos pessoais que refletem sua interpretação do ocorrido.
Por fim, o juiz ressaltou a necessidade de uma investigação mais detalhada sobre a dinâmica e a evolução dos fatos, com a escuta de todas as partes envolvidas, a fim coletar mais informações durante o processo. A delegatária deverá comparecer ao tribunal até o dia 13 para apresentar novas provas.
O GLOBO tentou contato com o 28º Ofício De Registro Civil, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Caroline afirmou que agiu “em total conformidade com a lei e cumprindo todos os requisitos legais” e demonstrou surpresa ao ser informada sobre a ação. Ela destacou que ela mesma pretende processar o cartório, não pela negativa da troca de nome, mas pelo tratamento desrespeitoso que teria recebido durante o atendimento.
— Quando recebi a negativa, eu disse que não entendia de leis, mas que meu advogado me orientou a chamar a polícia para registrar um boletim de ocorrência. Fiquei esperando a polícia, e foi nesse momento que um funcionário do cartório se aproximou. Ele alterou o tom de voz e começou a me tratar de forma desrespeitosa, dizendo que eu não tinha estudo e não entendia de leis, praticamente me chamando de burra — relembrou Caroline.
A influenciadora cigana Caroline Aristides, de 26 anos, desabafou em suas redes sociais sobre as consequências físicas e emocionais enfrentadas após ter o pedido de troca do nome da filha recusado pelo Cartório Jardim Paulista, em São Paulo. Arrependida de registrar a criança como Ariel, ela afirmou que teve a amamentação comprometida pela culpa de não ter escolhido o nome da menina antes do nascimento.
Caroline solicitou a alteração do nome 11 dias após o nascimento da filha, mas, apesar de seguir o prazo estabelecido por lei (15 dias após o registro, com o consentimento de ambos os pais), foi informada que a retificação não poderia ser feita, uma vez que o livro de assentamentos do cartório havia sido assinado por ela e o marido no momento do registro da menina.
— Eu pensei que já tinha conseguido fazer a mudança do nome dela, porque fui antes dos 15 dias. Depois que você registra a criança, tem 15 dias para trocar o nome, sem a obrigatoriedade de apresentar algum motivo. Inclusive, no dia que solicitei a troca, a escrevente disse que estava “tudo certo”, por isso imaginei que o procedimento já havia sido feito — explicou a influencer ao GLOBO à época.
Baseada no que estipula a Lei nº 14.382 de 2022, Caroline afirmou que deu entrada na solicitação da troca do nome para Bella, em comum acordo com o marido, Tiago Nicolichi, e chegou a pagar uma taxa pelo trâmite. Ela teria descoberto que a mudança não seria realizada apenas no momento em que chegou à unidade para retirar o novo documento do bebê.
Troca de nome foi autorizada
A GLOBO, Caroline revelou que, no dia 17 de setembro, obteve na Justiça o direito de alterar o nome de sua filha após expressar oficialmente seu arrependimento pela escolha anterior. O caso tramita em segredo de Justiça por envolver um menor de idade. Os pais informaram que já solicitaram a mudança do nome da menina de Ariel para Bella e aguardam o novo registro.
* estagiário sob supervisão de Daniela Dariano