O restaurante Ibiapi, no Leblon, tem dois anos de história, mas já carrega uma trajetória de luta e superação que reflete a vida de seu dono, o cearense Bruno Oliveira. Inspirado no nome de sua cidade natal, Ibiapina, o espaço nasceu como um sonho construído com esforço, apoio de amigos e persistência em meio às dificuldades.
Oliveira entrou para a gastronomia cedo, ainda adolescente. Aos 14 anos, em Ibiapina, começou ajudando o tio em um restaurante japonês. Foi lavando louça que descobriu o universo que mudaria seu destino.
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— Eu estudava de manhã e, à noite, lavava os pratos. Mas ficava observando o sushiman. Só de olhar, aprendi. Um dia ele faltou e eu preparei os pratos. Deu certo, e ali começou tudo —lembra.
A paixão pela cozinha japonesa fez Oliveira seguir em frente. Aos 16 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a trabalhar em casas tradicionais, como o Kioto, no Largo do Machado, e mais tarde em restaurantes no Shopping Tijuca e no Flamengo. A experiência acumulada o preparou para abrir o próprio negócio.
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Durante a pandemia, a necessidade e a criatividade se juntaram, e ele investiu em um churrasquinho no Pavão-Pavãozinho. Logo em seguida, conheceu um amigo, e dali surgiu a primeira semente para um sonho maior. A oportunidade de abrir um restaurante de sushi finalmente apareceu com um ponto na Dias Ferreira, no Leblon.
Surgia o Ibiapi. Oliveira trouxe de volta do Ceará o amigo de infância Xavier Souza, também sushiman, para trabalhar com ele. O começo foi difícil.
—No início, o negócio não se pagava. Meu sócio decidiu sair. Foi quando vendi o churrasquinho que tinha no Pavão para investir de vez no sonho. Fiquei sozinho à frente do negócio. Sonhar é fácil, mas na prática é difícil — conta.
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A virada veio após mudanças na operação e uma consultoria que ajustou o cardápio e o atendimento.
— De 30 pedidos passamos para 130. O bairro nos abraçou. No carnaval, o movimento foi um estouro —lembra Oliveira.
O crescimento acelerado fez surgir a necessidade de expansão. Ele abriu em Copacabana uma cozinha exclusiva para delivery, que funciona há dois meses.
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Mas a trajetória do Ibiapi sofreu um duro golpe há dois meses. Um curto-circuito no letreiro provocou um incêndio no restaurante do Leblon. O fogo destruiu o espaço e todo o estoque.
— Achei que o mundo tinha acabado, ainda mais com o alto investimento em Copacabana. O que o fogo não levou, a água destruiu. Foi desesperador — recorda Oliveira.
O seguro ainda não foi liberado, mas o apoio de amigos, clientes e fornecedores fez a diferença.
— Minha gerente do banco soube do caso e me deu suporte. Reuni a equipe em Copacabana, avisamos os clientes, e todos se comoveram. Com a ajuda de amigos e funcionários, começamos a reconstrução sem esperar o seguro — conta.
Na semana passada, o Ibiapi reabriu as portas no Leblon. De adolescente que observava o sushiman em Ibiapina a jovem empresário que hoje comanda dois estabelecimentos na Zona Sul, a trajetória de Bruno Oliveira é marcada pela persistência.
— Reabrir foi uma vitória. Mostrou que não estamos sozinhos. Hoje, além de 12 funcionários, temos clientes que acreditam no nosso trabalho — afirma.