O último adversário do Flamengo no sonho de voltar à final da Libertadores já estava definido antes mesmo do rubro-negro vencer o Estudiantes nos pênaltis, nesta quinta-feira, em La Plata, após dramática derrota por 1 a 0 (2 a 2 no agregado) no tempo regulamentar. Trata-se de outro argentino, e um que não traz boas recordações para times brasileiros: o Racing, atual campeão da Copa Sul-Americana e da Recopa.
O time da cidade de Avellaneda, que eliminou o Vélez Sarsfield nas quartas, depois de passar também pelo tradicional Peñarol, venceu o Fortaleza duas vezes na fase de grupos, no grupo E. Fez um sonoro 3 a 0 em plena Arena Castelão e ainda logrou um 1 a 0 em casa, na última rodada. Na mesma fase de grupos, avançou com quatro vitórias, um empate e uma derrota — em zebra do Atlético Bucaramanga-COL, por 2 a 1, em casa, em El Cilindro.
A equipe foi campeã da Libertadores uma única vez, em 1967. Mas chegar ao segundo título da competição é um dos grandes sonhos do técnico Gustavo Costas, chamado pelo jornal argentino “Olé” de “Marcelo Gallardo do Racing”. O experiente treinador, de 62 anos, está em sua terceira passagem pelo clube, após duas como jogador. É muito identificado e uma figura que mexe com o emocional dos torcedores.
Foi Costas quem transformou este elenco da Academia, como o clube é chamado, no núcleo de força continental que vem desde a temporada passada. Trouxe jogadores importantes como o zagueiro-volante Santiago Sosa e os atacantes Santiago Solari e Adrián “Maravilha” Martínez, que divide a artilharia da competição com Flaco López (Palmeiras), com sete gols marcados.
O treinador, que está em Avellaneda desde 2023, moldou uma das equipes que melhor marcam e contra-atacam no continente. O Racing costuma atuar com uma linha de quatro defensores, que viram cinco com os recuos de Sosa na fase defensiva — um monstro dos desarmes, que lidera (31) a Libertadores no quesito —, quando o time marca por encaixes, com as duas últimas linhas muito bem coordenadas, obrigando os adversários a agirem rapidamente para não perderem a bola. Em alguns jogos, Costas opta por ter três zagueiros, recuando os alas para defender.
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A maior força do Racing, porém, está no vigor físico do meio para a frente. Nardoni e Almendra dão o equilíbrio perfeito entre marcação e transição rápida, potencializada em passes longos e esticadas aos jogadores abertos — Solari e Martirena, muitas das vezes. Como bom time argentino, o Racing movimenta a bola pelo campo com pouquíssimos toques, e tende a explorar a amplitude buscando atletas livres do outro lado do campo, abusando dos também tipicamente argentinos passes rasantes.
Martínez é uma das principais armas nas bolas aéreas, que, normalmente, não são resolvidas na primeira ação após a cobrança. O time de Avellaneda tem noção de posicionamento inteligente nesse tipo de jogada e atletas de frente com capacidade de finalizar com pouco espaço e ângulo. Não à toa, é o segundo time como o maior número de grandes chances criadas na Libertadores, com 30, quatro a menos que o Palmeiras e cinco a mais que o próprio Flamengo.
O Fortaleza não foi a única vítima brasileira da Academia. Na Sul-Americana de 2024, o Racing eliminou Athletico e Corinthians nas quartas e na semifinal antes de derrotar o Cruzeiro na decisão. Na Recopa, neste ano, aplicou um duplo 2 a 0 no Botafogo, campeão da Libertadores, para ficar pela primeira vez com o troféu. Para o Flamengo, vem mais uma pedreira pela frente.