Há um destino firme para o palco flutuante onde aconteceu, na última semana, o show da cantora Mariah Carey, num dos braços do Rio Guamá, no Pará. Parte da estrutura de 13,2 toneladas será transformada em itens de artesanato por cooperativas do estado no Norte do país, como apurou o GLOBO. De acordo com os organizadores do evento, bancado integralmente por iniciativas privadas, “100% do material será reutilizado a partir dos princípios da economia circular”.
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A apresentação produzida pela Rock World — empresa responsável pelos festivais Rock in Rio e The Town — funcionou como uma espécie de “largada não oficial” para a COP30, a conferência anual da ONU sobre clima, que este ano acontece na capital paraense, de 10 a 21 de novembro. Idealizado como um espetáculo televisivo, com transmissão por meio do Globoplay e do Multishow, o show também reuniu as cantoras paraenses Dona Onete, Joelma, Gaby Amarantos e Zaynara.
A cenografia do palco em formato de vitória-régia foi concebida para ser temporária. Desde o início, portanto, a equipe de criação e execução do projeto se guiou pelo fato de que tudo ali seria desfeito logo após a apresentação. Coisa para durar uma noite apenas. Justamente por isso, a maior parte do material utilizado na montagem da estrutura — erguida sobre uma balsa num estaleiro local — foi alugada de outras empresas. O que não pôde ser tomado emprestado será doado para reutilização.
É o caso das pétalas cenográficas. A estrutura em metalon, com revestimento que simula as folhas de uma flor, será reaproveitada por cooperativas locais que trabalham com artesanato. As estacas de madeira usadas para estabilizar o palco têm um destino parecido: todas serão entregues a associações de moradores e ribeirinhos vizinhos ao lugar onde aconteceu o espetáculo.
— A construção do Palco Flor seguiu os princípios de sustentabilidade aplicados em todos os nossos eventos. Optamos por uma montagem limpa e de baixo impacto — reforça Roberta Medina, vice-presidente executiva da marca.
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A iniciativa inusitada tinha como proposta “valorizar a cultura amazônica e, ao mesmo tempo, chamar atenção para a preservação da floresta”, como sublinha Roberta Medina. Segundo ela, a ação — que aconteceu ao longo da última semana, com direito a um show gratuito de Ivete Sangalo no Estádio do Mangueirão — foi pensada como uma forma de “lançar luz sobre a Amazônia viva”, unindo grandes nomes da música a artistas locais para reforçar a mensagem de conscientização ambiental.
— Se em 1985, data de surgimento do Rock in Rio, o nosso holofote estava voltado para a juventude no Rio de Janeiro, hoje a nossa luz está virada para a Amazônia e a questão ambiental — afirma Roberta.
A empresária frisa que o evento, que teve o patrocínio do Instituto Vale Cultural, não contou com qualquer aporte financeiro oriundo de cofres públicos. É falsa a informação veiculada em páginas nas redes sociais de que a administração pública teria bancado a festa com R$ 30 milhões. O governo do estado do Pará apenas deu o aval necessário — e o apoio em infraestrutura, com aumento na frota de transporte público —, para que a mobilidade urbana não fosse afetada no dia do show gratuito de Ivete Sangalo e Viviane Batidão, no Mangueirão, no último sábado (20).
— Este evento é mais um capítulo na colocação do estado do Pará como referência para a consolidação da sustentabilidade hoje e amanhã — esclarece o governador Helder Barbalho (MDB). — Sabemos que temos que aproveitar a visibilidade da COP30. Não queremos apenas viver um evento em si, mas algo que deixe uma rede de conexões e legados.