O Flamengo precisava de uma noite como a de ontem em La Plata, em um insaciável estádio Jorge Luis Hirschi prestes a engoli-lo. Talvez não pela análise fria do jogo nem pelo iminente risco que correu de ser eliminado precocemente em mais uma Libertadores, ao ter perdido por 1 a 0 para um limitado Estudiantes, que igualou o confrontou de quartas de final por apresentar mais mobilização e organização. Mas sim por ter sobrevivido e colocado mais um tijolo em uma relação que ainda se fortifica entre a competição e o tricampeão, e teve grande capítulo escrito na vitória por 4 a 2 na disputa de pênaltis, em que todos os cobradores foram impecáveis e Rossi virou herói ao pegar dois.
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Na reta final do primeiro tempo, o goleiro argentino (ex-Estudiantes) não foi capaz de intervir na bomba improvável disparada por Benedetti na direção do seu gol. E contou com o impedimento para anular o segundo gol do mesmo jogador na etapa complementar. Mas, quando teve a chance de redenção, parou as cobranças de Ascacíbar e do carrasco não concretizado.
— Muito feliz. Fiquei na bronca por conta do gol. Um chute que foi rápido demais. Pessoalmente, eu me cobro muito, eu sei que errei, porque foi um lance que eu só tentei desviar a bola. Quando eu botei a mão, foi um pouco leve, e a bola entrou — comentou Rossi. — Fiquei muito arrependido por conta do gol, mas a posição de goleiro é assim. Tive a possibilidade de errar no jogo, mas garanti a classificação, além do grande esforço do time. Meus companheiros cobraram muito bem os pênaltis. A gente ganhou e está todo mundo feliz.
O rubro-negro não repetiu os traumas das eliminações das últimas duas Libertadores e está de volta à semifinal da Libertadores após três anos, fase na qual encontrará o Racing, que promete um jogo muito mais brigado e qualificado. Mesmo assim, ainda valem todos os alertas, pois o time poderia matado o confronto no Maracanã — vitória por 2 a 1 —, mas pecou na postura e permitiu que houvesse um nivelamento. Ao mesmo tempo, a Libertadores também premia quem resiste e é frio na hora certa.
O diagnóstico do primeiro tempo foi de um jogo improdutivo porque Arrascaeta e Pedro estiveram em noite ruim. Multiplicavam-se os erros de passes, mesmo com os retornos de Jorginho e Alex Sandro, assim como as jogadas individuais pelos lados, em especial com Samuel Lino, mas que não levavam perigo ao goleiro Muslera. Saúl foi quem mais se destacou pelas movimentações por arriscar chutes de longe. Em um desses, o espanhol acertou a trave.
O Estudiantes aplicava um roteiro inteligente apesar de ser mais que previsível. Eduardo Domínguez fez sua equipe se cansar de trabalhar em bolas alçadas na área, e se manter calma mesmo enquanto utilizava toda a pressão da torcida para acelerar as chegadas. A efetividade era pouca mas ficava toda pinta de que algumas dessas bolas poderia complicar a vida rubro-negra.
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No último lance do primeiro tempo, Léo Ortiz não conseguiu intervir em lançamento longo de Núñez, que encontrou Benedetti na lateral esquerda. No canto do estádio, a torcida brasileira viu o adversário chegar na frente de Varela e soltar uma bomba sem ângulo. Com o placar agregado empatado, a promessa era de um segundo tempo completamente aberto.
Mais inteiro fisicamente, o Estudiantes podia se fechar um pouco mais e parecia correr em dobro, atacando às costas da defesa rubro-negra mais uma vez contando com bolas longas. Benedetti se candidatou de vez à carrasco quando marcou o segundo gol após receber uma casquinha de Carrillo, mas o lance foi anulado por impedimento.
Filipe Luís não teve como manter Pedro e Arrascaeta em campo, e os trocou por Bruno Henrique e Carrascal. Luiz Araújo também entrou no lugar de Plata. A intenção parecia ser a de ter uma equipe mais móvel, mas também resultou em um pouco mais de controle de bola. Mesmo assim, as jogadas ainda se concentravam em Samuel Lino, que nunca encontrou o melhor espaço para finalizar.
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Na reta final da etapa complementar, a impressão era de que o gol definitivo poderia sair a qualquer momento. Cetré tirou suspiros da arquibancada com um chute ao lado, enquanto Luiz Araújo foi travado na pequena área.
Vieram os pênaltis, e Jorginho deu o tom de uma disputa impecável por parte do Flamengo. Luiz Araújo, Carrascal e Léo Pereira sequer deram chances ao goleiro Muslera. Do outro lado, Sosa e Cetré converteram, mas Rossi parou Benedetti e Ascacíbar e explodiu o acanhado setor visitante, onde seguiu vivo o sonho do tetra.
— O que tentei passar para os jogadores foi que, para ganhar a Libertadores, às vezes temos que passar por essas provações — disse Filipe Luís, antes de dar apoio a Rossi: — Um goleiro tem que estar em um nível de concentração muito alto sempre porque um erro te elimina. Que isso não afete ele porque tem a confiança de todos. Quando vieram os pênaltis, ele veio falar para mim: “Olha, deixa comigo que eu errei antes e vou classificar a gente agora”.
Agora, o líder do Brasileirão volta as atenções para o torneio nacional, onde visita o Corinthians, no próximo domingo, às 20h30, pela 25ª rodada.
