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Festfoto de Porto Alegre: depois da chuva, o reencontro com a harmonia da natureza na capital gaúcha

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setembro 28, 2025
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Festfoto de Porto Alegre: depois da chuva, o reencontro com a harmonia da natureza na capital gaúcha


A água baixou. E agora? Pouco mais de um ano após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, o 18º FestFoto — Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre enquadra a emergência climática em sua lente. O festival, que começou ontem e vai até 18 de outubro, trabalha com dois temas: “Linha d’água” e “Árvore — Uma reflexão coletiva”.
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As exposições são em áreas do Centro da cidade que foram bastante afetadas pelas cheias: a Praça da Alfândega, que ficou com dois metros de água, e o Espaço Força e Luz, onde ainda há marcas da inundação. A escolha dos espaços e dos temas é uma forma de diálogo com a experiência recente da cidade, explica a curadora Sinara Sandri.
— O que está no centro do debate são as enchentes e o que contribui para elas — diz Sandri. — Um dos fatores relacionados à chuva são as árvores. É a floresta que regula o volume de chuva. O Rio Grande do Sul teve enorme perda de terra: lugares onde antes havia floresta e hoje são lavouras. A água que chegou até nós era, em grande parte, terra vermelha do planalto que escorreu. Essa conta está chegando.
A mostra “Árvore — Uma reflexão coletiva”, que ocupa a Praça da Alfândega, reúne trabalhos de artistas como Rogério Assis, Leopoldo Plentz, Claudia Jaguaribe e Pedro David, além de finalistas do concurso internacional Fotograma Livre. Cada um, diz a curadora, propõe um olhar distinto sobre a relação humana com esse ser essencial.
— Rogério mostra os rios aéreos e a ligação da Amazônia com o regime de chuvas — diz Sandri. — Leopoldo, há 20 anos, se incomodou e começou a registrar os cadáveres de árvores cortadas. Claudia vai atrás das samambaias, as primeiras espécies vegetais. Pedro aborda o monocultivo de eucalipto.
Provocar empatia
A ideia é provocar empatia pelas árvores: segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, mais de 12 mil árvores foram derrubadas em Porto Alegre por causa da construção civil entre 2023 e 2024. No mesmo período, somente 6.205 mudas foram plantadas como compensação.
Outro estudo da secretaria revelou que 71,6% das árvores do centro histórico e do 4º distrito (região que engloba os bairros Floresta, São Geraldo, Navegantes, Farrapos e Humaitá) ficaram submersas por alguns dias. Mais de 10% foram classificadas como mortas e 5,9% estavam em condições ruins.
— A trilha sonora de Porto Alegre hoje é a motosserra — lamenta Sandri. — O festival mostra que temos grandes artistas pensando essa perda, que ameaça nossa permanência na Terra.
A curadora também destacou a diversidade do olhar dos artistas convidados:
— Temos uma gama que vai desde o documental clássico até a inteligência artificial, como no trabalho da Claudia Jaguaribe, passando por releituras, como faz Cássio Vasconcelos com a Missão Artística Francesa de 1816 — explica ela. — Há também a Kitty Paranaguá, que trabalha com registros de fluorescências e aproxima a fotografia da ciência. Reunimos uma diversidade de expressões e modos de fazer artístico muito interessantes do ponto de vista da técnica e da produção fotográfica.
Ainda na programação do festival, o Espaço Força e Luz expõe a mostra “Sub(Emersos)”, formada por fotografias do acervo de Bob Wolfenson que sofreram interferência física da água após uma inundação em 2020. Ao resgatar as imagens em papel, Wolfenson manteve os estragos físicos nas imagens, incluindo um famoso retrato de Caetano Veloso de 1987, em que o compositor baiano mostra sua incrível mobilidade com as sobrancelhas.
— É um diálogo direto com o que Porto Alegre viveu em 2024. Assim como a Praça da Alfândega, que ficou submersa, o material do Bob traz a marca da destruição e, ao mesmo tempo, da ressignificação — diz Sandri.
Claudia Jaguaribe
Claudia Jaguaribe
Divulgação
A série “Viveiro” (2023) se desdobra em imagens criadas a partir da pesquisa de Claudia Jaguaribe com ferramentas de IA. A arte gerada se baseia em brotos de samambaias, a planta mais antiga conhecida pela ciência, com cerca de 330 milhões da anos. A partir dela, a artista carioca cria uma nova planta, que ganha vida mesclando a herança pré-histórica à tecnologia. Explorando as relações entre vegetação, paisagem urbana e identidade, Jaguaribe é conhecida por suas fotoesculturas e o uso de vídeo e internet em instalações. Seus trabalhos estão em museus e coleções brasileiras e internacionais, como Inhotim e a Maison Européene de la Photographie de Paris.
Ana Sabiá
Ana Sabiá
Divulgação
A foto faz parte da série “Utopias Botânicas”, criada a partir da primeira visita de Ana Sabiá ao Jardim Botânico do Rio, em julho do ano passado. “Fiquei extasiada com a paisagem verde construída pela corte portuguesa no século XIX”, conta em seu site a artista visual, pesquisadora e professora de fotografia que desenvolve trabalho a partir da intersecção entre corpo, surrealismo e autorrepresentação. “O espanto na percepção de passagem e transformação do tempo a partir daquelas árvores centenárias, em comparação à nossa diminuta e evanescente figura, me provocou a pensar que, ainda que breves, deixamos consequências destrutivas a cada geração mais degradada e degradante neste planeta que vivemos.”
Alessandra França
Alessandra França
Divulgação
A artista visual de Itacoatiara (AM) se dedica a trabalhos com intervenções, mesclando fotos, bordados, materiais diversos e de reúso. Com experimentações inspiradas em literatura, cultura popular, história oral, música e artes plásticas, ela incorpora narrativas que permitem dar voz a populações do Norte do país. A imagem faz parte do ensaio “Minhas saudades passam pelos rios…”, um dos vencedores do Prêmio FotoDoc/2024. “Como colecionadora, coleto memórias que ouvi, imaginei ou vivi”, explica a artista na apresentação de sua obra. “Escuto narrativas alheias, resgato a memória popular das minhas origens e interajo a partir de meus sentimentos e de minha imaginação.”
Leopoldo Plentz
Leopoldo Plentz
Divulgação
A obra do fotógrafo gaúcho transita entre o cotidiano e a memória afetiva, com forte apelo poético. Esta imagem, da série “Topografias” (2001-2002), reflete a ausência ao retratar a lembrança de um jacarandá abruptamente cortado da paisagem.“O ato de fotografar paisagens é um exercício de liberdade, de ver e sentir, de ouvir o silêncio”, escreveu Plentz em um ensaio sobre a sua série “Silêncio”. O fotógrafo também tem outros trabalhos sobre achados no chão, como “Coisas inúteis” (2008) e “Jardim das delícias” (2013-2014), que documentam coisas que são deixadas para trás na rua: objetos amassados, sobras de produtos de consumo e outros rejeitos.
Rogério Reis
Rogério Reis
Divulgação
Em seu projeto “Na Lona”, que vem sendo atualizado desde 1986, Rogério Reis mostra o outro lado da folia. O carioca deixou o glamour dos desfiles para capturar o tumulto e a espontaneidade das ruas em uma lona infinita que improvisa um “quase estúdio” ao ar livre. Ao mesmo tempo isolados e mergulhados no caos, os seus modelos revelam sua essência carnavalesca em retratos profundamente humanos. Esta foto inédita, cedida para o FestFoto de Porto Alegre, mostra a famosa “Mulher com roupa de árvore” escondida por baixo da fantasia.
José Bassul
José Bassul
Divulgação
Formado em Arquitetura e Urbanismo, Bassul define seus trabalhos visuais como “uma tentativa de desenhar pensamentos, projetar desejos e construir espaços para a imaginação”. É o caso da série “Cidades Invisíveis”, realizada no Parque Olhos D’Água em Brasília, em que explora poeticamente os efeitos do desmatamento. A obra se inspira no livro homônimo de Ítalo Calvino e encontra na paisagem natural formas que servem de metáfora para a cidade.

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