BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result
No Result
View All Result
BRcom - Agregador de Notícias
No Result
View All Result

artista virtual barrada por astro abre debate sobre a batalha entre gravadoras e as novas IAs para criar música

BRCOM by BRCOM
setembro 28, 2025
in News
0
Perfil da cantora Tocanna no Spotify — Foto: Reprodução/Spotify

Um imbróglio com o DNA da geração Z dominou o debate nas redes nesta semana: o hit musical “São Paulo”, produzido inteiramente com Inteligência Artificial por uma artista que sequer existe na vida real foi removido de todas as plataformas digitais por ordem de Jay-Z, dono da música “Empire State of Mind”. O caso, que interrompeu a trajetória meteórica de Tocanna, levantou uma discussão complexa e ainda sem resposta definitiva sobre o uso de IA na produção musical, atualmente discutida em tribunais no mundo todo.

  • Veja todos vencedores: Filme espanhol ‘Los domingos’ ganha a Concha de Ouro de melhor filme em San Sebastián
  • O Desafio das Três Horas: as constatações feitas após 180 minutos com ‘As meninas’, de Velázquez

Para entender todas as camadas envolvidas nessa discussão, é necessário apresentar esse personagem peculiar, que dominou as atenções travestido como uma simpática tucana. Ela se apresenta como uma cantora virtual, mas também poderia se encaixar como artista virtual ou simplesmente um meme da internet.

— Todas essas definições estão valendo, pra mim a graça é justamente ser uma sátira de cantora pop criada por inteligência artificial. A ideia surgiu entre amigos numa brincadeira, seguindo o hype de animais gerados por IA. O tucano é um animal naturalmente carismático e marcante e juntar isso com a estética de diva pop me pareceu perfeito — afirma Gustavo Sali, criador da personagem e autor das músicas virais.

O jovem prefere manter sua imagem em sigilo, assim como o método exato que usa para criar as faixas, mas ele revelou em entrevista ao GLOBO que seu diferencial está justamente no processo criativo. Ele escreve as letras, desenvolve o prompt que vai gerar o instrumental e grava uma versão base com sua própria voz. Depois, em outro programa, a voz é transformada em feminina e integrada aos beats.

Perfil da cantora Tocanna no Spotify — Foto: Reprodução/Spotify

O resultado foi o sucesso estrondoso de “São Paulo” e outras faixas nas redes e nos streamings, alcançando a marca de mais de 200 mil ouvintes mensais. Com perfil verificado nas plataformas de áudio, seu repertório inclui outras faixas no estilo “proibidão”, além de paródias de músicas famosas, como “Die With a Smile”, de Lady Gaga e Bruno Mars.

Com mais de 190 mil seguidores no Instagram e 129 mil no TikTok, Tocanna ainda aparece em montagens que a mostram em festivais, programas internacionais e ao lado de artistas como Anitta e Bruna Marquezine. Para Gustavo, o diferencial em relação a outros projetos de IA é que Tocanna não se limita à música: ela também é personalidade e influencer, pacote básico para o sucesso digital no século XXI.

— Prefiro não comentar sobre monetização, mas já recebi propostas até de parcerias com cantores reais. A IA ainda é vista com desconfiança, mas não acredito que o meu trabalho tire espaço dos artistas reais, já que muitas músicas da Tocanna são paródias. Eu não tenho direito sobre samples e acredito que, se algum artista quiser derrubar, tem todo direito — disse Gustavo dias antes de “São Paulo” ser retirada das plataformas.

A declaração dada pouco antes da suspensão da faixa pode parecer coincidência, mas a verdade é que Gustavo sabia o terreno cinzento onde estava se aventurando. Em nova entrevista ao GLOBO após a retirada, ele disse que não estava triste e que a remoção era esperada.

— A Tocanna é humor, e veio para bagunçar e criar discussões sobre direitos autorais. ‘São Paulo’ simplesmente viralizou demais na versão em espanhol e francês, isso alavancou de mais a visibilidade global. Cheguei a ser contatado pelo líder de projetos estratégicos de IA do Tiktok por conta da repercussão do perfil dela.

Para o futuro da Tocanna, Gustavo pretende apostar em produções totalmente autorais, sem fazer versão ou usar sample de canções famosas. Ainda sim, garante ele, as músicas serão pinceladas de humor e sarcasmo. O jovem ainda disse que torce pela regulação dos programas de IA usados para criar músicas, mas esse é uma novela que ainda promete muitos capítulos nos tribunais.

Conteúdo:

Toggle
  • A melodia da discórdia: tecnologia e a guerra nos tribunais
  • O futuro entre humanos e máquinas
      • artista virtual barrada por astro abre debate sobre a batalha entre gravadoras e as novas IAs para criar música

A melodia da discórdia: tecnologia e a guerra nos tribunais

Ferramentas como Suno e Udio representam a vanguarda da criação musical por inteligência artificial, evoluindo de simples experimentos para plataformas robustas. As versões mais recentes já permitem aos usuários manipular faixas, exportar áudios em múltiplos canais e até mesmo definir estruturas como introdução e refrão. Contudo, a base que alimenta essa tecnologia é também a fonte de sua maior controvérsia: o treinamento de seus modelos com vastos acervos de canções comerciais, supostamente sem a devida autorização.

— No Brasil, o Ecad (entidade responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais) ainda está trabalhando para entender como cobrar a execução de músicas criadas por IA. Usando ou não obras existentes como base, os programas de IA são treinados através produções existentes, então vamos precisar lidar com essa enorme controvérsia, porque já passamos da fase em que esse problema é apenas uma realidade burocrática — defende Gustavo Deppe, advogado especializado em direito autoral na música.

A resposta da indústria musical foi contundente e teve início em junho de 2024, quando as três maiores gravadoras do mundo — Universal, Warner e Sony — iniciaram uma batalha judicial nos EUA contra o Suno e o Udio, alegando violação de direitos autorais em “escala maciça”. O setor argumenta que, embora as plataformas de IA se defendam sob a doutrina do “uso justo” (fair use), elas exploram o trabalho de artistas para obter lucro, sem consentimento ou pagamento.

Para provar suas alegações, as gravadoras demonstraram em juízo que as plataformas são capazes de gerar músicas com melodias e letras “quase idênticas” a sucessos protegidos. Os processos detalham como, a partir de comandos genéricos, o Suno foi induzido a recriar o clássico “Johnny B. Goode”, de Chuck Berry, enquanto o Udio produziu faixas que remetem diretamente a “All I Want for Christmas Is You”, de Mariah Carey.

Em sua defesa, as empresas de IA afirmam que sua tecnologia é “transformadora” e projetada para criar conteúdo novo, não para “regurgitar” material pré-existente. Arthur Fitzgibbon, presidente da ONErpm Brasil, gravadora líder na consolidação do mercado de música digital no país, é categórico ao afirmar que o mercado da música não pode mais lutar contra a tecnologia.

— Fui impactado pela Tocanna e dezenas de outros artistas criados por IA nos últimos meses, e eu gostei muito, porque são músicas inéditas, é como se fosse um novo artista. Acredito que esse movimento é uma tendência, não só de tecnologia, mas cultural também. Ainda há muito para ser discutido juridicamente, mas em dois a cinco anos talvez esse assunto esteja pacificado e acredito que novas criações baseadas em IA vão continuar crescendo.

Nos EUA, o campo de batalha legal se ampliou em junho de 2025, com a entrada de artistas independentes no litígio por meio de ações coletivas, alegando que também tiveram suas obras usadas sem licença. Do outro lado do Atlântico, um processo também foi movido em janeiro de 2025 pela GEMA, a sociedade de arrecadação de direitos autorais da Alemanha.

O futuro entre humanos e máquinas

Diante do impasse, o futuro do setor parece apontar para acordos de licenciamento, em um movimento que espelha a transição da indústria da era do Napster para o modelo do Spotify. As gravadoras exigem a implementação de sistemas de “fingerprinting” para detectar não apenas plágios diretos, mas também derivações estilísticas, além do poder de veto sobre novas ferramentas, como a clonagem de voz.

O futuro da música gerada por inteligência artificial se equilibra entre o otimismo de novas ferramentas criativas e um campo minado de incertezas jurídicas. Fitzgibbon especula que a indústria deve se adaptar aplicando regras já existentes, ao mesmo tempo em que aposta na soberania do público para ditar o sucesso do novo formato. Na visão do executivo, a aceitação dependerá diretamente do interesse do ouvinte, e não da origem da criação.

— Se a música for de IA e o usuário gostar e quiser ouvir e adicionar às suas playlists, não vemos uma restrição das plataformas quanto a isso. Mas no final, nada vai substituir a emoção de uma relação humana. As ferramentas podem auxiliar, mas o futuro da música continua baseado em conexões reais entre pessoas — avalia, prevendo que o mesmo ocorrerá em rádios e outras mídias.

Essa visão pragmática, contudo, esbarra nos complexos desafios do direito autoral, como apontou o advogado Deppe. Para ele, a viralização de uma faixa gerada por IA não garante sua legalidade, já que os criadores originais mantêm o poder de veto sobre o uso de suas obras. — Não é porque viralizou, porque fez número que o titular original vai dar ok. A gente está falando também do direito moral dos compositores — adverte.

A solução para este impasse, segundo Deppe, é a construção de um futuro minimamente justo para os artistas depende da responsabilização das empresas de tecnologia. A principal demanda é pela transparência sobre os dados usados para treinar os algoritmos, como forma de garantir a remuneração de quem, de fato, criou a matéria-prima para a revolução da IA.

— Uma solução minimamente razoável seria indicar quais obras foram usadas para treinar as plataformas. Se uma empresa usou cinco milhões de fonogramas, deve indicar quais foram e investir parte do lucro em transparência Acho necessário esse tipo de cobrança porque é o mínimo para remunerar os verdadeiros criadores, que são seres humanos no fim das contas.

artista virtual barrada por astro abre debate sobre a batalha entre gravadoras e as novas IAs para criar música

Previous Post

Festfoto de Porto Alegre: depois da chuva, o reencontro com a harmonia da natureza na capital gaúcha

Next Post

O que acabou não foi o futebol. Foi o futebol como Renato Gaúcho o conhecia

Next Post
Renato Gaúcho posa com a sua foto para o Jornal Extra como Rei do Rio — Foto: Foto Pablo Jacob

O que acabou não foi o futebol. Foi o futebol como Renato Gaúcho o conhecia

  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.

No Result
View All Result
  • #55 (sem título)
  • New Links
  • newlinks

© 2025 JNews - Premium WordPress news & magazine theme by Jegtheme.