Não é exagero dizer que o “Samba do Pretinho da Serrinha” é um altar musical. Na temporada passada, o músico foi capaz de reunir, numa só noite, pastor, padre e pai de santo, além de enfileirar convidados de diferentes gêneros musicais nas apresentações. “Aquele encontro semanal virou quase uma missa. Fez tanto sucesso, que fui convidado para tocar até em Bar Mitzvá”, diverte-se o dono do fervo, que está prestes a ganhar mais uma edição, rebatizado como “Batuke do Pretinho”.
Além da mudança de nome feita por questões judiciais (já existia um evento homônimo na Bahia), a roda está em novo endereço: foi do Jockey Club Brasileiro, na Gávea, para a Varanda Vivo Rio, no Flamengo. E ainda aterrissa em São Paulo, na Varanda Estaiada, no Jardim Panorama. A temporada carioca começa no dia 13 de novembro, e a paulistana, no dia 23 do mesmo mês.
A proposta, contudo, segue a mesma: um repertório que o público traz na ponta de língua e convidados estrelados, como Caetano Veloso, Péricles e Zélia Duncan, uma das entusiastas de Pretinho. “É um amigo muito amado e parceiro musical”, diz a cantora, que se apresenta em São Paulo. “É lindo ver o crescimento e o tamanho da importância dele para tanta gente.”]
Prodígio do samba, Pretinho toca todos os instrumentos de percussão, além do cavaquinho e de “arranhar” o violão. Começou a carreira aos 10 anos, quando ganhou o primeiro cachê, e com essa idade já era diretor de bateria da escola mirim Império do Futuro. Meses depois, brilhava no meio de gente grande, entre os ritmistas do Império Serrano. Mais tarde, começou a tocar com Dudu Nobre e deu início a uma rede que o conectou a gente como Marcelo D2, Seu Jorge, Marisa Monte e Caetano. Com o mestre da Tropicália, faz a sua última turnê na banda de amigos. Chegou a hora, avisa, de focar na própria carreira. “Quero lançar um álbum este ano”, diz, sobre o trabalho que tem uma composição inédita com Dona Ivone Lara (1921-2018).
Isso não significa que os parceiros vão ficar para trás. O disco também tem colaborações com gente como Marisa Monte e Carlinhos Brown, e o músico sabe que, a qualquer momento, pode ser acionado para uma participação especial. “Sou muito dedicado e, quando faço um trabalho, dou o sangue. A Marisa costuma dizer que é sempre bom me manter por perto porque se sente segura”, comenta.