Em uma operação ontem para impedir o avanço do Comando Vermelho, policiais civis e militares enfrentaram barricadas em chamas na Cidade de Deus e na Gardênia Azul, na nova Zona Sudoeste do Rio. A ordem para incendiar as barreiras nos acessos às comunidades teriam partido de um bandido que cumpre pena em Japeri, na Baixada Fluminense. “Pode tacar fogo em tudo nas ruas. Tá liberado. Faz protesto”, escreveu um bandido, como revelou o blog de Ancelmo Gois, no GLOBO. A mensagem estava num celular apreendido ontem.
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Na ação, 22 suspeitos foram presos — entre eles uma mulher no Pará —, e quatro fuzis, sete pistolas e duas granadas, apreendidos. No telefone, a ordem para reagir à operação está em nome de Kapetex. A Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou, por nota, que o detento Kevin Carmo Pereira dos Santos, o Kapetex, foi colocado ontem em isolamento e que houve uma “varredura em sua cela após tentativa de enviar mensagens com ordens para a prática de crimes”. Ele está preso desde agosto do ano passado por porte ilegal de arma e tráfico de drogas. A pasta acrescentou que medidas de fiscalização e prevenção são adotadas permanentemente para “impedir qualquer comunicação que possa incentivar atividades criminosas”.
Ainda para impedir a circulação dos policiais, três ônibus e um caminhão foram sequestrados e deixados atravessados em acesso às favelas. Até a pista lateral da Avenida Ayrton Senna, junto à Gardênia, ficou interditada. No início da manhã, 21 linhas de ônibus tiveram que mudar seus trajetos. Uma escola estadual e 16 municipais foram impactadas pela ação, que também levou à suspensão do funcionamento temporário de duas unidades municipais de saúde.
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A operação de ontem foi desencadeada para prender 12 pessoas denunciada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) à Justiça pelo crime de associação para o tráfico e cumprir 18 mandados de busca e apreensão. De acordo com a denúncia, o gerente do tráfico na região é Glauber Costa de Oliveira, o GL. Mesmo preso desde março de 2023, ele teria participação ativa em grupos de conversa, nos quais dá ordens e orientações sobre a venda de drogas.
Segundo o secretário de Segurança, Victor Santos, explorar o território é sinônimo de receita para o crime.
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— Eles querem explorar todos os serviços que aquela região consome, e essa operação mostra a importância da atuação integrada das forças de segurança para impedir essa expansão — afirmou.
Entre os presos está Juliana Santos, conhecida como Ju Pará, capturada em Belém. Segundo as investigações, ela atuava como soldado do tráfico na Gardênia Azul, portando armas e circulando ao lado de chefes locais. O delegado Moyses Santana, da Polícia Civil do Rio, detalhou que, há cerca de um mês, a criminosa voltou para sua terra natal, onde vinha fazendo a interlocução entre o CV do Rio e o tráfico do Pará:
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— As investigações demonstraram que ela tinha uma atuação direta com o tráfico ali da Gardênia e já havia sido presa anteriormente por tráfico internacional de drogas, atuando como mula na França.
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O delegado Gustavo Fossati, do Pará, reforçou o caráter interestadual do caso. Segundo ele, hoje já “não é mais apenas o foragido da Justiça que vem para o Rio se esconder”:
— Temos diversos faccionados do Comando Vermelho que monitoramos continuamente. A Ju Pará estava nesse trânsito Rio-Pará, articulando essas ações.