O cientista marinho mexicano Mauricio Hoyos, de 48 anos, sobreviveu a um ataque de tubarão-de-galápagos enquanto realizava mergulho de pesquisa na Ilha Cocos, a milhares de quilômetros do litoral da Costa Rica. O pesquisador teve 27 ferimentos no rosto e couro cabeludo, mas conseguiu retornar à superfície e ser socorrido.
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O incidente ocorreu no sexto dia de uma expedição voltada ao estudo dos padrões migratórios de tubarões na região. Hoyos já havia marcado outros tubarões, incluindo tubarões-martelo e tubarões-baleia, quando, ao atingir 37 metros de profundidade, encontrou um tubarão-de-galápagos de 2,7 metros. Ele lançou uma marcação com sua lança de mão, que se fixou na base da nadadeira dorsal do animal.
— Ela se virou de lado em minha direção; foi muito rápido — disse ele em entrevista ao jornal The New York Times na quarta-feira : — Minha cabeça inteira estava dentro da boca dela em menos de um segundo.
Ele ouviu um estalo. “Mas era só pressão”, disse.
— Assim que ela sentiu meu crânio, me soltou. Abriu a boca e foi embora.
Sangue e água encheram sua máscara, que o tubarão havia deslocado. Seus dentes cortaram as mangueiras de ar do equipamento de mergulho.
Incapaz de enxergar claramente, ele percebeu que o tubarão estava se afastando ao notar sua sombra recuando.
— Vi a sombra duas vezes à minha frente — disse: — Se ela quisesse, poderia ter me matado.
Perdendo sangue e ar, ele começou a subir lentamente para descomprimir corretamente, com adrenalina correndo pelo corpo. Após uma série de pequenas expirações, chegou à superfície, onde sentiu que podia desmaiar.
Ele se segurou no bote de sua equipe, foi ajudado a subir a bordo e, em seguida, levado para a Ilha Cocos, onde os médicos do parque lhe prestaram primeiros socorros antes da viagem para o continente.
Falando de uma cama de hospital em San José, capital da Costa Rica, Hoyos disse que aguardava cirurgia na mandíbula depois de receber pontos para fechar cortes no couro cabeludo e perfurações no rosto — um total de 27 ferimentos, um para cada um dos 27 dentes que aparentemente entraram em sua carne.
Hoyos era cientista-chefe de uma equipe que estuda os padrões migratórios de tubarões ao longo de uma cadeia montanhosa subaquática perto da Ilha Cocos, a mais de 640 km do continente da Costa Rica, para ajudar a avaliar a necessidade de proteção dos tubarões contra a pesca comercial. A equipe saiu da Costa Rica em 20 de setembro e realizou seu primeiro mergulho na área da Ilha Cocos dois dias depois.
O encontro de Hoyos com o tubarão ocorreu no sexto dia de mergulho da viagem de pesquisa.
Especialista marinho que marcou inúmeras espécies ao longo de 30 anos, incluindo tubarões-brancos e tigre, Hoyos descreveu como seu mergulho no início da tarde de sábado se transformou em um feito incomum de sobrevivência.
Um colega de mergulho que estava na água com ele não conseguiu se aproximar o suficiente para ajudar até que o tubarão tivesse se afastado.
— Minha maior preocupação era que sentia que não conseguia respirar — disse Hoyos: — Tentei puxar ar e não funcionava. Mas minha mente estava muito calma. Pensei o tempo todo no que fazer.
Ele havia marcado outros tubarões durante a viagem, incluindo tubarões-martelo e tubarões-baleia. Os tubarões-de-galápagos geralmente eram mais fáceis de marcar porque, como predadores de topo, geralmente não têm tanto medo de humanos, disse ele.
Ele interpretou o comportamento da fêmea que encontrou na semana passada como uma resposta de surpresa ao ser marcada.
— Foi uma mordida defensiva. Ela queria que eu ficasse longe do espaço pessoal dela.
Foi também a sua primeira mordida.
— Faço isso há 30 anos — disse: — Ela também estava assustada. Não foi culpa dela.