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medo da intoxicação por metanol muda hábitos e preocupa quem vende destilados na praia

BRCOM by BRCOM
outubro 2, 2025
in News
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Isabela com o pai Jerônimo: barraqueira teme perder clientes — Foto: Julia Aguiar

Os casos das suspeitas de intoxicação por metanol, que já fizeram vítimas fatais em São Paulo e no Nordeste, ainda não chegaram ao Rio, o que não quer dizer que por aqui não haja um clima de receio entre um gole e outro. O medo tem rondado os copos dos mais desconfiados, que preferem levar sua própria bebida até para a praia. É o que fez o motorista de aplicativo Guilherme Floriano da Penha, de 29 anos. O morador de Petrópolis aproveitou a quarta-feira ensolarada acompanhado de um grupo de cinco amigos nas areias de Copacabana. Por medo de consumir bebida de procedência duvidosa e adulterada, fez questão de levar consigo as duas garrafas de uísque, além de dois fardos de latinhas de cerveja para os que não apreciavam o destilado.

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— Pelo menos essa eu sei de onde veio — disse o rapaz, que comprou a bebida num supermercado de sua cidade.

O turista chileno Alex Ayacura, de 50 anos, se dividia entre a leitura de um livro e uns goles na taça de caipirinha feita com cachaça e melancia. O administrador de hotel disse que estava em sua 15ª visita ao Rio e por uma questão de segurança frequenta sempre o mesmo trecho da praia e consome os produtos do mesmo barraqueiro.

 — Eles transmitem confiança. É a forma de me proteger, ainda mais agora com essa história das bebidas batizadas com metanol — disse o estrangeiro.

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O autônomo Santiago dos Santos, de 25 anos, morador de São Paulo, disse que a vontade de tomar uma caipirinha falou mais alto do que o medo da intoxicação. Mas, só arriscou pedir a bebida porque estava na Praia de Copacabana, no Rio.

—Seguro nunca é. Mas não tem o que fazer quando dá aquela sede diferente nesse calor. Se fosse em São Paulo eu não estaria bebendo com essa mesma tranquilidade. Tá complicado — lamentou.

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Isabela com o pai Jerônimo: barraqueira teme perder clientes — Foto: Julia Aguiar

Entre os vendedores, o sentimento também é de apreensão, embora a maioria ainda não tenha percebido queda nas vendas pelo receio da intoxicação. Barraqueira há quase 15 anos nas areias do Posto 6, em Copacabana, Isabela Bernardo, de 43, que trabalha ao lado do pai Jerônimo, de 67, contou que a situação é preocupante e tem gerado um debate entre ela, clientes e seus colegas de praia.

—Trabalho com o mesmo fornecedor há mais de dez anos e confio nele. Mas ele compra de um fabricante. É preocupante. Tenho também uma relação de confiança com os clientes, mas atendo muitos turistas. Vamos ver como vai ficar nos próximos dias, se esses casos vão ter reflexo nas vendas. O que vou fazer daqui para a frente é guardar todas as notas fiscais para me respaldar e também vou evitar de fazer compras avulsas como medida de segurança — garantiu a vendedora, em cuja barraca saem em média 50 copos de caipirinha, por dia.

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Entre cores, sabores e receio: ambulante oferece drinques nas areias de Copacabana — Foto: Julia Aguiar
Entre cores, sabores e receio: ambulante oferece drinques nas areias de Copacabana — Foto: Julia Aguiar

O vendedor ambulante Thiago Oliveira, de 28 anos, que circula entre os banhistas equilibrando uma bandeja com vários copos de caipirinha feitas com vodca e cachaça, com sabores variados, pelos quais cobra R$ 30, diz que o receio pela intoxicação que aconteceu em São Paulo e Nordeste ainda não afetou suas vendas. Ele disse que compra as bebidas em um supermercado e guarda das notas, por precaução. O mesmo faz Ticiano Andrade, de 23.

—Já vi que teve gente que morreu em São Paulo, mas não refletiu ainda por aqui. É que tem muita gente que ainda não sabe — argumentou o Thiago, assegurando que preza a higiene do produto que vende.

Num quiosque quase em frente à futura sede do Museu da Imagem do Som (MIS), o barman Francisco Fernandes, de 39 anos, segue preparando drinques que levam destilados como cachaça e vodca. Ele tem turistas como principais clientes e contabiliza a venda de 70 a 80 copos da bebida em média por dia.

—Por enquanto não mudou nada —garante.

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Essa não é a mesma percepção que tem a vendedora Maria Eduarda Santos, de 20. A jovem que vende drinques e caipirinhas feitas com cachaça e vodca no Arpoador calcula que as vendas caíram pela metade desde a divulgação dos primeiros casos de mortes por intoxicação da bebida em São Paulo, no último fim de semana.

—Costumava vender ao menos 20 doses por dia. Agora não passa de dez. Ontem não vendi quase nada — reclamou a moça, que, na ausência de clientes, colocava o papo em dia com duas amigas que vendem artesanato no calçadão.

Ela disse que as bebidas são compradas em um depósito perto da Central do Brasil, no Centro.

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O tema também mobilizou donos de bares e restaurantes badalados, que correram às redes sociais para reforçar a confiança em seus fornecedores, divulgando os nomes de seus parceiros e providenciando etiquetas adicionais nas garrafas para identificar sua origem.

— Nossos fornecedores são registrados (pelo Ministério da Agricultura e Pecuária) e temos as notas fiscais que identificam cada lote. Em momentos como esse, é importante destacar para o consumidor que os produtos que oferecemos são seguros — diz Flávio Datz, dono da rede La Carioca Cevicheria, com três endereços na Zona Sul.

Iniciativas semelhantes foram adotadas em estabelecimentos como o bistrô Guimas, na Gávea, e o Rio Scenarium, reduto conhecido na Rua do Lavradio, na Lapa, que divulgou comunicado ontem nas redes: ‘‘Pode relaxar e brindar sem preocupações’’, diz um trecho do aviso.

Também na Lapa, ontem, na happy hour do bar Sarau Rio, o empresário Diego Morada, de 43 anos, aproveitava a roda de samba regada a caipirinha. Ele admite que até pensou em comprar em alguma barraca de rua, mas reconsiderou por receio da procedência.

— Hoje peguei um trânsito difícil e resolvi parar para beber uma caipirinha. É horrível a sensação de pedir uma bebida e saber que ela pode estar adulterada. Mas pensei que aqui no Sarau eu poderia encontrar uma bebida de procedência mais confiável — disse Diego.

Ontem, dia de jogo, o comerciante Mateus Carpenedo, de 30 anos, foi ao Buxixo Choperia, na Tijuca, para assistir à partida entre Vasco e Palmeiras. Precavido, ele abriu mão dos destilados e preferiu cerveja.

— Já não sou muito dos drinques e estou me afastando ainda mais dos destilados depois desses casos de contaminação por metanol. Estou ainda mais fiel à cerveja, e em lata. Quando fujo um pouco à regra, bebo caipirinha ou caipivodca, mas agora é um risco, e temos que estar precavidos. Fico triste com o que vem acontecendo. É complicado. Tem muita gente querendo ferrar os outros — afirmou o vascaíno Mateus.

No mesmo estabelecimento, a advogada Yasmin Mello, de 24 anos, consumia gim. De Aracaju, no Sergipe, ela disse que ainda não está preocupada, justificando que os casos de contaminação foram registrados em São Paulo.

— Tendemos a achar que nunca vai acontecer com a gente. Não estou tão preocupada porque foi em São Paulo. E, como eu não gosto de cerveja, não tenho alternativa aos drinques. O jeito é torcer para o anjo da guarda proteger — disse.

Gerente do restaurante, que comercializa drinques a base de gim, vodca e uísque, Daniel Ribeiro, de 36 anos, avalia que a apreensão com a situação ainda não é generalizada.

— Até agora não notamos nenhuma diferença na venda de destilados. A gente sempre compra de parceiros em quem confiamos, que nos fornecem há mais de duas décadas. Evitamos fornecedores novos — afirmou ele.

A contaminação da bebida por metanol pode acontecer em casos de falsificação do produto ou ser adicionada para aumentar o teor alcoólico de forma mais barata. Os sintomas da intoxicação se assemelham a uma ressaca, o que pode dificultar sua identificação.

Em meio aos casos de suspeitas por intoxicação por metanol em São Paulo e no Nordeste, a prefeitura do Rio se antecipou e resolveu fechar o cerco ao controle e fiscalização de estabelecimentos produtores de bebidas no município. Decreto publicado pelo prefeito Eduardo Paes, no Diário Oficial do município que circula nesta quarta-feira, prevê advertência, multa e até mesmo suspensão e cancelamento de registro, em caso de descumprimento das normas.

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