Flamengo e Cruzeiro inauguraram os enfrentamentos entre os três primeiros colocados do Campeonato Brasileiro neste segundo turno e entregaram um empate sem gols que muito lembrou uma final. Em um embate entre dois dos cinco melhores ataques e as equipes menos vazadas da competição, prevaleceram as defesas. Os times estiveram envolvidos em uma batalha de nervos à flor da pele e tensão constante no Maracanã. Quem agradece é o Palmeiras, que retomou a vice-liderança ao fim da 26ª rodada.
O rubro-negro se mantém na ponta, com 55 pontos, seguido pelo alviverde, com 52 (um jogo a menos) e pelo time celeste, com 51 (um jogo a mais). Ontem, o rubro-negro teve muita dificuldade para se desvencilhar da marcação de um adversário que se desdobrava bem e acendia o alerta constantemente com contra-ataques e investidas nas pontas, tendo criado as melhores oportunidades. Enquanto isso, os donos da casa tiveram muitas dificuldades para tratar a bola com mais qualidade próximo à grande área.
Em seu primeiro jogo após completar um ano como treinador, Filipe Luís deu sinal verde à titularidade de Carrascal, que decidiu a vitória sobre o Corinthians no fim de semana. Quem perdeu a vaga no onze inicial pela segunda vez seguida foi Pedro, com Plata assumindo um posto, em tese, mais central no ataque.
Muitas foram as tentativas para mexer as peças, fosse com Samuel Lino e Carrascal espetados nas pontas, Plata formando dupla com o camisa 16 ou até Arrascaeta mais centralizado. Nada adiantou diante da pouca inspiração para acertar o último passe. Até mesmo em lances em que roubava a bola em boa posição, o Flamengo era letárgico na transição. As maiores ameaças aos gol de Cássio foram em bolas alçadas, mas faltava uma referência mais clara.
O Cruzeiro observava com atenção e não se intimidava na hora de arriscar estocadas ou tentar bolas paradas, sobretudo explorando o lado de Varela e Léo Ortiz ou as costas de Jorginho e Saúl. Os mineiros tiveram a chance mais clara em uma sequência de três golpes iniciados com Kaiki pela esquerda. Rossi parou chutes de Kaio Jorge e Christian, e Alex Sandro travou outro chute do artilheiro.
Reclamações foram uma constante no jogo apitado por Ramon Abatti Abel. Nos primeiros 20 minutos, quatro cartões amarelos já haviam sido aplicados, o que contribuiu ainda mais para elevar a tensão.
Veio o segundo tempo, e as equipes seguiram na mesma rotação, com a diferença de que os goleiros precisaram trabalhar mais. Cássio parou uma cabeçada de Samuel Lino, e Rossi teve de mandar para escanteio chutes de longe de Matheus Pereira e Kaio Jorge.
Para o Cruzeiro, a vitória era muito mais urgente pela necessidade de superar Flamengo e Palmeiras nos confrontos diretos, mas o empate no Maracanã com mais de 72 mil presentes — o maior público deste Brasileirão e do Maracanã após a reforma para Copa do Mundo de 2014 em jogos de clubes — também não era algo a se descartar. Menos ainda depois que William fez falta dura em Bruno Henrique e foi expulso.
O camisa 27 foi lançado em campo por Filipe Luís assim como Pedro e Luiz Araújo, mas as novas peças não ajudaram o Flamengo sequer a levar um pouco mais de perigo nas bolas cruzadas. A única chance mais clara foi um chute de Plata desperdiçado diante de Cássio. Mesma com a vantagem numérica nos últimos 15 minutos, o treinador e o time não conseguiram encontrar soluções para vencer a partida.
O reencontro de Flamengo e Gabigol também era um aperitivo a mais nessa partida, mas o centroavante, entre vaias e tímidos aplausos, entrou com a partida já encaminhada para o resultado final e mal tocou na bola. Ainda conseguiu levar um cartão amarelo.
Em um mês de outubro repleto de jogos decisivos, o Flamengo vai à Fonte Nova visitar o Bahia no próximo domingo, às 18h30, no último compromisso antes da data Fifa.