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documentário mostra bastidores da luta indígena na Amazônia e expõe desafios para a COP30

BRCOM by BRCOM
outubro 6, 2025
in News
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Almir Suruí no documentário — Foto: Divulgação

A ativista indígena Txai Suruí aparece na primeira cena do documentário “Minha Terra Estrangeira” — exibido no Festival do Rio — enquanto ensaia o discurso, em inglês, para a abertura da COP26, em Glasgow (Escócia), em 2021. Na ocasião, a fundadora do Movimento da Juventude Indígena em Rondônia defendeu a participação dos povos originários nas discussões e relembrou o assassinato do amigo Ari Uru-Eu-Wau-Wau. Quatro anos depois, a maior conferência climática do mundo ocorre na Amazônia, sob presidência brasileira, em novembro, em meio a um cenário marcado por uma crise no multilateralismo, segundo especialistas, e pela permanência das queixas indígenas acerca do que é decidido em Brasília pelos Três Poderes. Seja no que diz respeito à demarcação de terras ou à realização de consultas prévias e informadas durante o processo de licenciamento ambiental, que teve um projeto de flexibilização aprovado no Congresso Nacional este ano.

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O documentário acompanha Txai e Almir Suruí, pai da ativista e então candidato a deputado federal por Rondônia pelo PDT, nos 40 dias anteriores à eleição de 2022. Enquanto, a jovem participa internacionalmente de agendas pela causa indígena, faz críticas ao governo de Jair Bolsonaro e se encontra com o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva para cobrar respeito aos povos originários caso eleito, o líder do povo Paiter Suruí realizava campanha e reuniões em cidades do estado.

Almir recebe pouco menos de quatro mil votos e não é eleito para o Congresso Nacional — todos os 24 escolhidos para representar o estado na Câmara são de partidos da direita ou Centro. O parlamentar com mais votos no pleito foi Laerte Gomes (PSD), com 25.603, enquanto Nim Barroso (PSD), conquistou a última vaga, com 7.609.

— Acredito que seja importante que as pessoas que assistem ao filme entendam de perto como é exigente e desafiadora a coragem para se candidatar como representante dos povos indígenas nesse país. Esse lugar político, o espaço de poder para decidir e criar políticas públicas, que deveriam ser naturalmente ocupados por indígenas, é, na verdade, uma quase impossibilidade. É injusto e desigual — afirma Louise Botakay, diretora do documentário.

Almir Suruí no documentário — Foto: Divulgação

O longa dirigido também pelo Coletivo Lakapoy e por João Moreira Salles denuncia também o desmatamento ocorrido nas proximidades de onde vivem esses povos originários em Rondônia durante o governo Bolsonaro, quando a destruição da natureza subiu, até mesmo, em unidades de conservação na Amazônia, como é o caso da Reserva Extrativista Jaci-Paraná, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Em 2018, o estado registrou 1.212 km² de áreas desmatadas, número que variou acima de mil durante toda a gestão Bolsonaro, chegando a um pico de 1.646 km² em 2021, o maior na série histórica iniciada em 2008. Os dados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Já em 2023, esse total chegou a 797 km², uma redução de 45% na comparação com o ano anterior. O total caiu 58%, para 331 km² em 2024.

O longa mostra o caminho de adaptação dos indígenas às novas realidades do planeta, em que, para lideranças, um telefone com acesso à internet no qual podem comunicar irregularidades no território podem protegê-los de forma mais efetiva do que um arco e flecha. Além disso, denuncia a opressão vivenciada pelos povos originários em meio ao crescimento da criminalidade na Amazônia.

— A situação em Rondônia é complexa. A bancada do estado é, em sua maioria, composta por pessoas que são contra a pauta indígena e a do meio ambiente. Isso tem um reflexo direto nas nossas vidas, já que sofremos com invasões e ameaças — denuncia Txai.

A ativista participa nesta segunda-feira da mesa de discussão “Reflorestar imaginários: a luta e a arte dos povos originários”. A reunião, que faz parte da agenda do Festival do Rio, ocorre às 14h no Armazém Utopia, na Zona Portuária.

Apesar do início do governo Lula ter trazido mudanças positivas, segundo membros da produção do longa ouvidos pelo GLOBO, a reivindicação dos povos originários por “respeito” permanece. Esta será uma das pautas levantadas pelos povos originários tanto na COP30 quanto nas eleições de 2026, cujo cenário apresenta complexidades.

— Está na hora dos indígenas demarcarem o Congresso também. Não adianta estarmos lutando dentro do nosso território, sem haver representação no Legislativo — afirma Ubiritan Gamalodtaba Suruí, que atuou como diretor de fotografia do longa e integra o Coletivo Lakapoy.

Txai foi uma das escolhidas, em agosto, para integrar o grupo consultivo de jovens sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU). Ela é a única brasileira entre os 14 jovens selecionados para aconselhar o secretário-geral, António Guterres.

A COP30 será realizada em novembro em Belém, no Pará. A escolha pela capital paraense, no coração da Amazônia, é alvo de críticas na comunidade internacional devido ao alto valor cobrado pelo setor de hospedagem, o que coloca em risco a participação de comunidades em situação de maior vulnerabilidade no evento. Especialistas também apontam que uma crise no multilateralismo — provocada pela guerra entre a Rússia e países europeus e pela taxação dos Estados Unidos contra outras nações — dificultam o comprometimento com a adesão a metas para a redução do aquecimento global.

A aprovação pelo Congresso de uma lei que flexibiliza o licenciamento ambiental e coloca em risco quase um terço das terras indígenas, segundo dados do Instituto Socioambiental (ISA), foi outro motivo de tensão para os indígenas.

Um dos pontos sensíveis do projeto é a exclusão de comunidades tradicionais e indígenas do processo de licenciamento quando estiverem em territórios não homologados ou titulados. De acordo com o ISA, o projeto de lei “apaga” da legislação, para efeitos de licenciamento, 259 terras indígenas e mais de 1,5 mil territórios quilombolas. Para a entidade, a sanção do texto pode causar um dos “maiores retrocessos ambientais da história recente do Brasil”.

Um movimento por um veto de Lula ocorreu em um momento de tensão entre o governo e os povos originários — que é atualmente avaliado pela Câmara. O cenário desfavorável foi acirrado após a aprovação, pelo Congresso, da lei do marco temporal. Segundo a norma, os povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam até a data da promulgação da Constituição de 1988.

Em setembro de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a tese inconstitucional. Lula vetou a proposta com base nesse entendimento, mas o veto foi derrubado pelo Congresso.

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