Com uma trajetória marcada pela defesa da espiritualidade ecumênica e dos direitos humanos, o escritor, filantropo e líder religioso José Simões de Paiva Netto morreu nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, aos 84 anos. Ele era presidente da Legião da Boa Vontade (LBV) desde 1979, instituição filantrópica cristã focada na promoção da educação básica e na prestação de serviços de assistência social a pessoas em situação de vulnerabilidade.
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Sob seu comando, a LBV consolidou sua atuação para além do Brasil, com trabalhos na Argentina, Bolívia, Estados Unidos, Paraguai, Portugal e Uruguai. Desde 1994, a instituição atua como parceira consultiva da ONU e, a partir de 1999, passou a integrar oficialmente o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), onde detém o status consultivo geral — o mais alto grau de reconhecimento concedido por esse órgão a organizações da sociedade civil.
Nesta terça-feira, o perfil oficial de Paiva Netto nas redes sociais lamentou seu falecimento. Segundo a publicação, o escritor ficará marcado “por suas incomensuráveis realizações” que o consagram como “um dos mais notáveis líderes espirituais, educador, comunicador e filantropo de todos os tempos”. A nota ainda ressalta que os trabalhos iniciados por Paiva Netto “não sofrerão interrupção alguma” e “prosseguirão inabaláveis”.
“São 84 anos de vida terrena, dos quais 69 foram consagrados, incansavelmente, dia e noite, a consolidar e a expandir suas pioneiras teses ecumênicas e as obras que ele tanto ama: as Instituições da Boa Vontade de Deus”, diz a nota.
Paiva Netto também desenvolveu a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, integrando valores espirituais e formação cidadã no processo educativo. Em 2000, criou o Fórum Mundial Espírito e Ciência, promovendo o diálogo entre ciência e espiritualidade. Antes, em 1989 fundou o Templo da Boa Vontade, em Brasília, que se tornou um dos principais pontos de peregrinação da cidade e foi eleito uma das Sete Maravilhas da capital federal.
O escritor recebeu honrarias como a Medalha do 1° Centenário da Academia Brasileira de Letras (ABL); foi nomeado Comendador da Ordem do Rio Branco, pelo Ministério das Relações Exteriores; condecorado com o Grau de Comendador, pelo Conselho da Ordem do Mérito Aeronáutico, e com a Medalha do Pacificador, pelo Ministério do Exército Brasileiro.
Famoso por suas longas inserções de TV, Paiva era membro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Segundo a LBV, ele também vendeu mais de 10 milhões de livros, dentre eles vários best-sellers, como a obra “Somos todos Profetas”, campeão de vendas na Bienal do Livro de 1999, no Rio de Janeiro. Seus livros foram traduzidos para mais de 25 idiomas e publicados também em braile.
Com uma carreira consolidada no campo da comunicação, ele integrou o Sindicato dos Escritores e dos Radialistas do Rio de Janeiro e a União Brasileira de Compositores (UBC). Também criou a Super Rede Boa Vontade de Comunicação, com atuação no rádio, TV, internet e publicações impressas.
“A preocupação das IBVs, desde seus primórdios, em criar fortes canais de comunicação para disseminar o ideal de Fraternidade Real impulsionou sua expansão”, diz o perfil oficial da Boa Vontade. “Com o desenvolvimento tecnológico, as IBVs se propõem a valer-se dessas ferramentas para apresentar ao mundo a bandeira de Boa Vontade e oferecer a todos os povos sua contribuição para um diálogo efetivo entre as diferentes perspectivas culturais em prol do bem comum”.