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‘Somos todos um pouco Van Gogh’, diz Edney Silvestre, lançando livro em que tela do pintor é encontrada no Rio

BRCOM by BRCOM
outubro 9, 2025
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Capa do livro ‘O último Van Gogh’, escrito por Edney Silvestre — Foto: Divulgação

Quando fala de Vincent van Gogh, Edney Silvestre parece tratar de um velho amigo. Ele não esconde seu afeto pelo pintor, morto em 1890 e vivíssimo em seus pensamentos. O jornalista e escritor se refere ao artista quase sempre pelo primeiro nome e coleciona em seu WhatsApp e em suas redes sociais um vasto acervo de imagens vangoghianas geradas por inteligência artificial, prontas para serem usadas nas conversas mais diversas.

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A conexão espiritual com o gênio holandês produziu o mais novo romance do autor, “O último Van Gogh” (Globo Livros), que, depois do Rio, terá lançamento no próximo dia 15, às 18h, na Travessa Pinheiros em São Paulo. O livro liga a Provence de Van Gogh no século XIX ao Rio de 2024, passando pelo Holocausto, pela Guerra do Iraque e pela recente Guerra da Ucrânia.

O protagonista dessa trama intrincada é Igor Brown, um michê de Copacabana que se envolve no roubo de um quadro perdido de Van Gogh. Escondida num apartamento no Leblon, a obra arrasta o jovem para o centro de uma intriga internacional. Ao mesmo tempo que se depara com um universo de falsificações, homicídios e segredos de família, Igor descobre na arte e na trajetória do pintor holandês uma tradução para os seus próprios anseios. A narração de Edney intercala a voz do michê com trechos das cartas do artista, traçando paralelos entre duas trajetórias marcadas pela invisibilidade e a inadequação.

— Somos todos um pouco Van Gogh — diz Edney, de 75 anos. — Somos todos “loucos” diante de uma sociedade que não gosta dos diferentes. Vincent, esse homem tão admirado hoje, foi desprezado em seu tempo, porque o mundo não estava pronto para a sua sensibilidade. Isso me comove profundamente.

Vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance e do Prêmio São Paulo de Literatura em 2010, com “Se eu fechar os olhos agora” (Record), Edney começou a conceber o seu novo livro em 2014, após visitar a exposição “Van Gogh — O suicidado pela sociedade”, no Museu d’Orsay, em Paris. Quebrando o clichê do artista guiado pela loucura, a mostra destacava um Van Gogh sempre consciente de sua arte, obstinado em produzir mesmo em meio ao sofrimento e à falta de reconhecimento.

Capa do livro ‘O último Van Gogh’, escrito por Edney Silvestre — Foto: Divulgação

Apesar de o ícone do pós-impressionismo ter sofrido episódios de psicose, ele nunca recebeu um diagnóstico formal. E morreu aos 37 anos, com um tiro no peito, deixando mais de dois mil trabalhos, incluindo 860 pinturas a óleo.

Igor, por sua vez, foi inspirado nos jovens em situação de rua que o autor conheceu durante reportagens feitas por ele no início dos anos 2000, pouco tempo depois de voltar de Nova York, onde trabalhou como correspondente para a TV Globo.

— O Igor tem uma profissão considerada indigna, mas reafirma o tempo todo o que ele é — diz o autor. — Ele diz com orgulho que é michê, transformando a palavra em bandeira, como os americanos transformaram “queer”. Ele é uma pessoa “inaceitável”: não tem família, tem um passado nebuloso, inventa o próprio nome. É um invisível.

O autor vê a solidão de Igor como um espelho moderno da exclusão sofrida por Van Gogh em Arles, no Sul da França, quando até as crianças o apedrejavam por ser “estranho demais”.

— Eu comecei o livro com um objetivo pretensioso: mudar a visão que as pessoas têm de Van Gogh — admite. — Mas, como me lembrou um amigo meu, inúmeros autores já escreveram sobre ele. Ficou claro que meu personagem deveria ser Igor. Van Gogh é um personagem oculto que não é oculto. Ele é uma projeção de Igor, que encontra no pintor a “voz” que nunca teve.

“O último Van Gogh” é uma história sobre os efeitos do meteoro Van Gogh sobre o mundo — ou, como define Edney, sobre a “permanência da arte”. O autor compõe uma curiosa mistura de thriller, drama íntimo, crítica social e pesquisa histórica a partir de um quadro fictício, que sobrevive a guerras, roubos e interesses obscuros. Edney, aliás, inspirou-se em uma antiga lenda urbana segundo a qual o quadro de algum ícone da pintura estaria casualmente pendurado na parede de um apartamento leblonense.

— Eu nunca vi (o quadro), mas segundo a lenda está por aí e ninguém reconhece — diz o autor. — O suposto proprietário só mostraria a obra para os amigos mais íntimos. De qualquer forma, a trajetória do quadro do livro é parecida com a de muitos outros quadros perdidos que ressurgiram na vida real.

Edney, que trabalhou para revistas como Manchete, Fatos & Fotos e O Cruzeiro, teve coluna no GLOBO e cobriu eventos históricos como o 11 de Setembro e a Guerra do Iraque para a TV Globo, usou sua experiência de repórter para pesquisar o submundo do tráfico de arte, tema que atravessa o livro. Ele conversou com galeristas e especialistas sobre falsificações, roubos e lavagem de dinheiro.

— Existe até uma brigada na Itália que se dedica só a isso — lembra. — É um universo imenso, com telas feitas em tecidos do século XIX e tintas antigas para enganar peritos.

O autor seguiu as pistas de Van Gogh no Sul da França, que com suas luzes e cores vibrantes foi fundamental para a formação do pintor. Foram 17 dias circulando pela região da Provença, tendo como base a cidade de Saint-Rémy-de-Provence. Lá Edney conheceu o sanatório onde Van Gogh se internou após o famoso episódio em que cortou sua própria orelha. A visita se revelou “uma das experiências mais emocionantes e reveladoras da minha vida”, disse o escritor na época, num post no Instagram.

Logo após o primeiro lançamento do romance no Rio, na semana passada, Edney compartilhou um vídeo avisando que “O último Van Gogh” poderia “escandalizar os leitores mais conservadores” por conta das narrações mais explícitas de sexo, que atravessam as páginas do início ao fim. O autor, que está em seu sétimo romance, nunca havia se aventurado em cenas mais explícitas:

— Não tinha a intenção de chocar ninguém e entendo que possa provocar reações fortes, mas com um personagem como o Igor não poderia ter feito diferente. Ao reler o livro na revisão, percebi que nunca tinha escrito dessa forma, com essa crueza e com esse prazer. Vejo como normal, porque nunca tinha tido antes um michê como personagem principal. Todas as cenas de sexo que estão no livro são essenciais.

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