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Silent Hill f sofre com crise de identidade, mas garante seu espaço na franquia

BRCOM by BRCOM
outubro 9, 2025
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Silent Hill f — Foto: Divulgação Konami

Voltar para Silent Hill pode ser uma montanha russa. A franquia ficou adormecida durante quase duas décadas, brincou de voltar sob a tutela de Kojima até finalmente retornar com Silent Hill 2 Remake. Com o hype feito, Silent Hill f foi anunciado como um action survival horror e, junto com algumas gameplays, deixou dúvidas em todos, inclusive em mim.

Já adianto que muitos palpites estavam errados e Silent Hill f de fato entrega um conteúdo fresco, mesmo que novo pouco original. A história não acontece em Silent Hill, mas sim na vila ficcional de Ebisugaoka, nos anos 60, no Japão, e seguimos Hanako, uma jovem estudante assombrada por inúmeros traumas de vida e uma família muito desfuncional.

Um dos pilares da saga é apoiar o terror nos traumas mais profundos e bizarros das pessoas, muitas vezes familiares e de interesses românticos. O vilarejo de Ebisugaoka mostra que tem material de sobra com seus moradores e tudo é evidenciado através das percepções de Hanako e suas anotações. A jovem estudante é tratada como a decepção da família e sofre com um pai alcoólatra e uma mãe ausente emocionalmente e que nunca defende a filha. Todo esse cenário é bem-marcado pelo cenário pós-guerra, onde as aparências importam muito mais do que a verdade.

O jogo evidencia tudo isso já de início e, antes mesmo de apresentar as criaturas horríveis, já deixa claro que Hanako é pressionada e suprimida por todos os aspectos de sua vida. Pois bem.

Silent Hill f — Foto: Divulgação Konami

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  • O terror escondido na névoa
      • Silent Hill f sofre com crise de identidade, mas garante seu espaço na franquia

O terror escondido na névoa

Mal começam as interações entre os personagens que a famosa névoa invade Ebisugaoka e persegue Hanako com plantas sangrentas e mortais. A nível de história da franquia, é interessante notar que, em Silent Hill f, o mundo real e o nevoeiro são basicamente a mesma coisa. Na verdade, a névoa parece apenas diminuir um pouco nas horas mais descontraídas, mas sempre presente. Já nesse primeiro momento podemos notar que os amigos de Hanako, tópico de muito debate durante o jogo, já demonstram comportamentos e tendências bizarras antes mesmo de terem contato com as sombras de Ebisugaoka. A atmosfera é realmente bem construída e a névoa volátil te dá aquela sensação de estar perdido em um mar melancólico.

Silent Hill, como franquia, tem como marca chocar ao abordar sem medo temas pesados e sensíveis, ao mesmo tempo que projeta o horror a partir deles. Durante vários momentos, ativamente me senti isolado e sem ajuda, pois é como Hanako se vê e é destacada por grande parte de pessoas de sua vida. Por sempre ter brincado entre os meninos, é rejeitada pelas meninas e colocada como uma figura bizarra. A estudante protagonista é cercada por rótulos do que todos acham que ela tem que ser e qual caminho seguir. A debate da liberdade feminina é levantado pelas repreensões por não agir como uma ‘menina tradicional’, o que vai desde seu jeito até sua forma de se expressar.

Em uma visão geral, por mais que não seja Silent Hill e que não tenha os mesmos elementos icônicos da franquia, tudo parece muito… Silent Hill. Os diálogos deslocados e sem sentido, com tom triste, trazem essa atmosfera árida e sofrida que é famosa na franquia. A ingenuidade estudantil encaixa perfeitamente com a falsa sensação de controle que os personagens de Silent Hill geralmente sentem ou expressam como, por exemplo, buscar sempre uma resolução, sem importar o quão bizarra e derradeira é a situação em que estão.

Silent Hill f — Foto: Divulgação Konami
Silent Hill f — Foto: Divulgação Konami

A jornada de Hanako é cruzar a cidade infestada de criaturas estranhas e pedir ajuda, mas nada é tão fácil. Além de sobreviver ao nevoeiro, sempre que desmaia, a protagonista é levada ao Mundo Sombrio, versão de f do Mundo Alternativo. Nele, algumas coisas mudam (explico mais pra frente) e é aqui que o terror frenético parece ser mais concentrado. Esse Mundo Sombrio é repleto de entidade e espíritos, assim como alguns monstros do mundo real, e faz ligações com várias lendas japonesas. A veia espiritual folclórica tradicional me pareceu, antes de jogar, que não ia funcionar, mas eu estava enganado. Subitamente, me realizei de que estava jogando um assustador jogo de terror japonês.

O Mundo Sombrio apresenta o homem da máscara de raposa, que é uma figura misteriosa e dúbia. O tempo todo somos alertados dos perigos ao redor dele, que parece ser uma espécie de ser poderoso, mas o carisma clássico dos melhores personagens enigmáticos de Silent Hill reina sobre ele. É também no Mundo Sombrio que Hanako demonstra ser auxiliada por dicas sobrenaturais que revelam as índoles e intenções de certos personagens. Essa habilidade, que é mais algo cinemático do que mecânico, rende uma ótima cena angustiante envolvendo escada.

Os cenários são bem construídos e no tom da franquia. Confesso que pensei que veríamos algo diferente do tradicional cenário melancólico (talvez algo como o parque de diversões de Silent Hill 3), mas funciona. Enquanto no mundo real – nevoeiro, Silent Hill f tem uma veia exploratória bem receptiva. Talvez, arrisco dizer, no nível de Silent Hill 2 Remake. Ainda que seja envelopado nesse filtro de melancolia, os espaços e caminhos diferentes parecem dizer ‘venha ver o que tem aqui’. Claro, muitas vezes podem ser só inimigos te esperando na esquina.

Faço questão de destacar os documentos que explicam lugares e que complementam o lore dos personagens. Geralmente, sou o tipo de pessoa que odeia documentos grandes em jogos, mas Silent Hill f traz esses elementos de uma maneira mais orgânica e que de fato se conectam com a gameplay.

Silent Hill f — Foto: Divulgação Konami
Silent Hill f — Foto: Divulgação Konami

E é aqui que pato grita. Sim, já sabíamos que era um action survival horror, mas Silent Hill f surpreendeu (não necessariamente bem) com um combate quase souls like. Temos esquivas, esquivas duplas, barra de estamina, barra de sanidade, vida, itens de cura, itens de upgrade. Muita coisa, né? Mas, vamos por partes.

Durante a exploração, é possível coletar itens de cura (fracos, médios e fortes) e usar alguns deles para converter em fé, que é o dinheiro do jogo. Os lugares de reza servem como pontos de salvamento, upgrade, organização de inventário, escolha de cosméticos e upgrades. Podemos ‘rezar’ para trocar poderosos itens de cura e restauração por fé; podemos gastar fé para sortear, de forma aleatória, omamoris (modificadores) e, por fim, trocar de uniforme. Até aqui, tudo bem. É um pequeno e simples sistema, mas que já implementa mais elementos de RPG na franquia. Essas mudanças refletem quase 100% apenas no combate e isso te dá uma sensação maior de poder sobre a situação e sobre os inimigos, porém, essa não é a ideia da franquia, né.

Silent Hill f erra ao implementar uma mecânica, por mais demorada que seja, de upgrades para fortificar o personagem. A barra de estamina é até bem recebida, mas um amuleto para aumentar essa estamina só estraga e tira parte da aflição que é ser apenas um ser humano perdido no caôs embaçado da cidade amaldiçoada. Ainda por cima, o sistema de esquivas e golpes perfeitos, fracos e fortes é mais uma pedra a ser adicionada. Novamente, as lutas se tornam mais pela ação do que pelo desespero e isso é uma grande quebra de expectativas. Poucos combates me deram o frio na espinha que sinto nos outros jogos da franquia. A vida e raridade de encontrar armas nivela um pouco, mas ainda me peguei fazendo paralelos com hack’n’slash e soulslikes durante os combates. Com exceção de alguns chefes e a versão de Silent Hill f do Pyramid Head, os combates não me deram nenhum tipo de medo ou apreensão sobre qual decisão tomar.

Outro ponto que deixa a desejar, ainda que menos que o combate, é a exploração interrompida por paredes invisíveis. Claro, que outra maneira de barrar a ida para áreas não programadas, não é? Mas ser travado por uma planta, ou apenas o puro ar, é só sem graça.

Cena de'Silent Hill f' — Foto: Divulgação
Cena de ‘Silent Hill f’ — Foto: Divulgação

Silent Hill f gerou muitas preocupações, mas apresenta logo no início que merece seu espaço na franquia. O título sofre com sua própria intenção de inovar e refrescar a franquia, com adições sem sentido e desnecessárias, que mais atrapalham o propósito do jogo do que qualquer coisa. Ainda que sem esse traço exagerado de ação, a história de Hanako também deixa um gosto de estar incompleta e um pouco confusa. Entretanto, a história evolui e se mostra um fio que te faz relevar as partes ruins e te guiar pelo suco de qualidade que corre no jogo. O primeiro deles vale um grande destaque: a parte do espantalho e dos manequins de estudantes.

Mesmo com seus defeitos marcantes, o novo capítulo original da franquia de terror sim, tropeça, mas se reencontra entre seus próprios defeitos. Ainda que um pouco conflitante e nebulosa, a história de Silent Hill f entretém e entrega, mesmo que mais fraca, a melancolia e aflição que brilha em toda saga.

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