Quando a polícia entrou na casa de Ed Gein, em Plainfield, Wisconsin, nos Estados Unidos, em novembro de 1957, encontrou um cenário macabro: cadeiras revestidas com pele humana, abajures feitos com rostos, crânios espalhados e cadáveres pendurados. O caso chocou os Estados Unidos e inspirou alguns dos filmes de terror mais famosos da história — como “Psicose” (1960), “O Massacre da Serra Elétrica” (1974) e “O Silêncio dos Inocentes” (1991) — e, agora, a série “Monstro: A história de Ed Gein” (2025), que estreou nesta quinta-feira, na Netflix.
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Embora o prontuário criminal de Gein fosse curto, seus crimes se destacavam pela brutalidade e pela obsessão com a pele humana. A seguir, a trajetória do homem que se tornaria o “açougueiro de Plainfield”.
Ed Gein nasceu em 27 de agosto de 1906, no condado de La Crosse, Wisconsin. Seu pai, George P. Gein, era alcoólatra, e a mãe, Augusta Lehrk, uma mulher de forte convicção religiosa. Dominadora e rígida, ela acreditava que as mulheres eram a “fonte do pecado”, segundo o History Channel.
Determinada a proteger a família das “influências malignas”, Augusta levou o marido e os dois filhos para uma fazenda isolada na cidade de Plainfield. Lá, Gein “não conseguiu estabelecer nenhuma conexão significativa com seus colegas de classe, que o lembravam como socialmente desajeitado e propenso a ataques de riso estranhos e inexplicáveis”, relatou o portal All That’s Interesting.
A morte começou a cercar a família em 1940, com o falecimento de George. Quatro anos depois, Henry, o irmão mais velho, morreu em circunstâncias misteriosas durante um incêndio na fazenda. O corpo foi encontrado com sinais de violência, mas o caso nunca foi investigado. Especialistas acreditam que Henry possa ter sido a primeira vítima de Ed, dada a relação conturbada entre os dois e o apego do caçula à mãe.
Com a morte do pai e do irmão, Gein permaneceu sozinho com Augusta até dezembro de 1945, quando ela morreu após um ataque cardíaco. O episódio marcou o ponto de ruptura de sua sanidade.
“Gein percebeu que não sabia fazer nada sem sua mãe. Ela era seu único elo com a sanidade”, explicou o psiquiatra George Amdt, segundo o jornal La Vanguardia.
Sem contato social, Gein mergulhou em leituras sobre experimentos médicos nazistas, consumiu pornografia e passou a profanar túmulos de mulheres de meia-idade — um ato que, segundo investigadores, representava uma tentativa de “restituir” a figura materna. Embora várias mulheres tenham desaparecido na região nos anos 1950, apenas dois casos foram comprovadamente ligados a ele.
A primeira vítima identificada foi Mary Hogan, funcionária de um bar local desaparecida em 1954. Três anos depois, o sumiço de Bernice Worden, de 58 anos, levou a polícia até Gein. O nome dele constava no livro de registros da loja de ferragens administrada por Worden — onde ele havia comprado um anticoagulante horas antes do desaparecimento.
Ao chegar à propriedade, as autoridades encontraram um cenário de horror. Havia cadeiras estofadas com pele humana, uma lixeira feita de pele, perneiras confeccionadas com pele de pernas, máscaras de rostos, um cinto feito de mamilos, um par de lábios usado como cordão de cortina, uma cúpula de abajur feita de rosto humano e uma coleção de crânios.
Restos de pelo menos nove mulheres foram encontrados no local, segundo o History Channel. Entre eles estavam os de Mary Hogan e Bernice Worden, decapitada e eviscerada. Gein afirmou à polícia que a maior parte das partes humanas vinha de túmulos que ele mesmo profanava.
“Ele disse à polícia que ia aos cemitérios atordoado, procurando corpos que achava se parecerem com o de sua mãe”, relatou o All That’s Interesting.
Considerado mentalmente incapaz, Ed Gein não chegou a ser julgado pelos assassinatos. Foi internado em um hospital psiquiátrico para criminosos, onde permaneceu até morrer, em 1984.
O caso de Gein deixou uma marca indelével na cultura popular. Sua história inspirou personagens icônicos do terror, como Norman Bates, de Psicose, Leatherface, de O Massacre da Serra Elétrica, e Buffalo Bill, de O Silêncio dos Inocentes — todos ecoando, de formas diferentes, o terror real que nasceu na fazenda isolada de Plainfield.