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Seca avança no país e já deixa São Paulo sob temor de nova crise hídrica, com Sistema Cantareira perto do nível de 2015

BRCOM by BRCOM
outubro 18, 2025
in News
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Os mais afetados — Foto: Editoria de Arte

O Sistema Cantareira, maior rede de represas de abastecimento de água da capital paulista, está com volume útil a 25,2% da capacidade, muito perto de uma marca crítica. Um esvaziamento de 24,2% não é visto desde 2015, quando São Paulo saía da pior crise hídrica de sua história recente. O cenário é fruto de uma estiagem que se espalha pelo Brasil, que tem, neste momento, um a cada oito municípios em situação de emergência por conta da seca. A situação é especialmente grave no Nordeste, que tem oito de seus nove estados entre os mais impactados, e no Acre, onde todas as 22 cidades foram afetadas.

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Em São Paulo, o Sistema Municipal Integrado como um todo já cruzou a marca negativa por causa da escassez no Alto Tietê, outra fonte de recursos hídricos da região metropolitana, que está agora a 22,8%. O agravamento da situação no Cantareira, porém, é mais preocupante, por ser o maior e mais robusto corpo aquífero da cidade, com capacidade de 98 mil metros cúbicos de água.

Diante da estiagem, a SP Águas, agência que regula o setor no estado, tomou medidas de contenção ainda no mês passado pedindo que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) reduza a retirada de água do Cantareira. Desde o início do mês, a captação foi diminuída de 27 m³/s (metros cúbicos por segundo) para 23 m³/s.

O Cantareira passou também a receber água de outra bacia fluvial, por meio de conexões que foram construídas após a crise de 2015. A compensação é feita com a transferência de até 33 m³/s de água do reservatório Jaguari, no Vale do Paraíba, para a represa de Atibainha.

Para frear ainda mais a queda de nível, a SP Águas suspendeu novas outorgas de ligação de água para consumo não humano ou não animal até o fim do ano. Tudo isso, porém, não foi suficiente para frear a queda no nível médio do Cantareira, que em outubro vem descendo de 0,2 a 0,3% por dia.

— O fato de a gente precisar usar esses recurso já é um alerta muito grande — diz Eduardo Caetano, coordenador de conhecimento e difusão do Instituto Água e Saneamento (IAS), ONG que realiza monitoramento independente da gestão de recursos hídricos no Brasil. — A gente está fazendo uso desse instrumento muito importante, que foi uma conquista após a grande crise hídrica de 2015, mas isso também evidencia coisas que deixaram de ser feitas para chegar nesta situação.

Caetano pontua que, apesar de a infraestrutura de interligação de represas ter avançado desde então, o sistema evoluiu pouco em outras frentes. Ficaram aquém do desejado na última década, por exemplo, o investimento em reflorestamento das áreas de proteção de mananciais (essenciais para captar água) e na manutenção da rede de tubulação para reduzir a taxa de perda por vazamentos sistêmicos.

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  • Vazamento é ‘grande vilão’
      • Seca avança no país e já deixa São Paulo sob temor de nova crise hídrica, com Sistema Cantareira perto do nível de 2015

Vazamento é ‘grande vilão’

Para lidar com a escassez, autoridades têm usado recursos emergenciais. Desde julho, a Sabesp opera a rede de tubulação a baixa pressão durante a noite, para economizar com vazamentos. Em setembro, aumentou de oito para dez horas o período em que a medida é tomada.

Especialistas defendem, porém, que essa maneira circunstancial com que o sistema tem sido gerido reflete os seus problemas de longo prazo, como das perdas sistêmicas.

— Um grande vilão em toda essa história está nas nossas taxas de vazamento, que são muito altas. Enquanto muitos países conseguem uma taxa em torno de 10% a 15%, aqui no Brasil superamos os 40% de perdas — afirma o hidrólogo Antônio Carlos Zuffo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A Sabesp não soube informar ao GLOBO como está a taxa atual de perdas no sistema, mas diz que trabalha para reduzi-lo “com investimentos vultuosos”. Meunim de Olivera Jr., diretor de relações contratuais institucionais da empresa, destaca as ligações clandestinas como parte do problema:

— Nas áreas em que a gente conta com autorização por parte do Poder Público, principalmente as prefeituras, nós temos um programa para implantar as ligações e regularizar os imóveis.

Enquanto isso, Camila Viana, diretora-presidente da SP Águas, colocou a região metropolitana do estado em nível 4 de alerta hídrico (de um total de 5). Agora, ela avalia a situação para tomar os próximos passos:

— A maneira com que o período chuvoso vai se comportar será muito importante para a recuperação dos reservatórios e para a gente ter uma clareza de como serão os próximos meses.

O último comunicado público da agência sobre o panorama, porém, ocorreu há três semanas. Entidades da sociedade civil têm cobrado mais transparência.

— Recentemente, a gente fez um pedido de informação para a SP Águas, porque não existem dados abertos na internet que digam qual é a outorga da Sabesp em cada dado momento para a retirada de água dos mananciais — pontua Eduardo Caetano, do IAS. — Se essas informações não forem transparentes, a gente não vai conseguir acompanhar a situação, seja pela SP Águas, seja pela Sabesp.

De todo modo, o nível dos reservatórios mostra que existe uma probabilidade grande de o Cantareira chegar ao pior nível em dez anos já na próxima semana. Isso acontecerá quando (e se) ficar abaixo dos 24,3% de capacidade a que chegou pontualmente no fim de 2021.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) prevê “seca moderada” para o fim de ano, com chuvas abaixo da média, o que não é boa notícia. A tendência é de chuva entre hoje e amanhã, mas a partir da semana que vem a perspectiva retorna ao céu limpo.

A gestão de curto prazo da crise, avaliam especialistas, deveria ser uma inspiração para São Paulo investir mais na preparação de longo prazo para proteger seus mananciais. Há argumentos para isso, seja por causa da mudança climática, seja pelo próprio crescimento da população e da economia da cidade.

Todos reconhecem que a infraestrutura de interligação de represas é muito maior, mas mesmo neste ano a transposição de águas do Vale do Paraíba para o Cantareira só está autorizada até dezembro. Se a situação não melhorar até lá, o arranjo precisa ser reavaliado, e é preciso evitar a repetição de erros do passado.

O professor Antônio Zuffo, da Unicamp, explica que parte do problema ocorrido de 2014 para 2015 é que a Sabesp operava outorgas em um modelo de “banco de águas” no qual ocorreu uma distorção, permitindo à empresa acumular créditos de uso correspondentes a um volume de água maior do que o que existia fisicamente no sistema. A companhia seguiu operando sem restrições até o Cantareira ficar à beira do esvaziamento. As represas enfrentaram a estação seca com nível baixo e, em julho daquele ano, o sistema entrou em “volume morto”, com nível abaixo do necessário para escoar de sua parte mais alta para a capital, requerendo bombeamento.

— Como era um ano eleitoral, não houve uma preocupação em reduzir esse volume de água consumido, que poderia trazer algum dano político para o governador, e a Sabesp foi gerida mais politicamente do que tecnicamente — lembra a o professor da Unicamp.

Além do cenário de alerta em São Paulo, os efeitos da falta de chuva também são sentidos em outros pontos do Brasil. Um painel do Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional apontava, no início da noite de sexta-feira, que 756 dos 5.570 municípios do país encontram-se com situação de emergência em vigor devido a secas ou estiagens. Oito dos dez estados mais afetados ficam no Nordeste.

Os mais afetados — Foto: Editoria de Arte

O Piauí, por exemplo, terminou o ano passado com todo o território em situação de seca em virtude da irregularidade das chuvas. O quadro de desabastecimento hídrico seguiu em 2025, e o estado foi o que mais teve novos municípios decretando situação de emergência entre agosto e outubro. A estiagem local é a mais aguda dos últimos cinco anos.

O panorama mais extremo, no entanto, dá-se no Acre. No estado da região Norte, a emergência foi decretada em todos as 22 cidades em agosto diante das chuvas abaixo do esperado ao longo de todo o primeiro semestre. No mês anterior ao início da emergência, foram apenas 8 milímetros de precipitação — menos de 30% da média histórica para julho —, agravando o cenário de seca dos mananciais.

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