Em meio ao julgamento dos acusados do assassinato por engano do ex-militar brasileiro Alisson Rodrigues, a viúva Mayla Pertel disse ao Portugal Giro que a missão foi cumprida.
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Apesar de dois dos três acusados poderem ficar impunes, Mayla contou que a sensação é de alma lavada por ter provado que seu companheiro, morto em 2023 em Grândola, é inocente:
— Independentemente da sentença, eu estou com a alma lavada pelo dever cumprido. A minha preocupação era que a imagem dele fosse manchada, que mostrassem o que ele não era e sei que ele era espetacular, só fazia o bem.
O julgamento começou no início de outubro e a leitura da sentença pelo juiz, em Setúbal, será em 12 de novembro.
— Consegui provar que realmente ele nada teve a ver com a situação e que foi engano. As pessoas ruins são eles, não a gente e, nesse sentido, a missão está cumprida. Quando sair a sentença, vou sentir ainda mais a sensação que consegui, de alguma forma, fazer justiça.
Mayla contou que ficou muito abalada no julgamento diante dos acusados:
— Fiquei muito abalada porque não queria ter contato (com os acusados), mas acabei indo ver como seria a questão da pena. Eu me tremia dos pés à cabeça. E fiquei muito mal depois disso.
Alisson foi morto em junho de 2023 aos 35 anos dentro de casa na pacata cidade de Grândola. Os assassinos entraram na residência do casal procurando outra pessoa e atiraram nele, que protegia Mayla, por engano.
Ela foi agredida e só escapou da morte quando revelou aos assassinos que estava grávida. Maria Alice nasceu em novembro de 2023 e ambas seguem morando em Portugal.
A advogada Alessandra Fantoni revelou que dois dos três acusados podem ficar impunes. Segundo ela, o promotor do Ministério Público fez os pedidos de absolvições. As penas poderiam ser de 12 a 25 anos.
— Um deles absolvido das acusações. Foi pedido também pelo promotor que a acusada tenha a modificação do homicídio tentado por lesão leve. E outro acusado condenado por toda a denúncia — disse ela ao Portugal Giro.
É possível que advogada recorra após a sentença, após conversar com Mayla:
— Nas alegações finais, deixei claro quanto ao pedido do promotor de absolvição do principal acusado, porque ele teria a opção de apontar uma casa abandonada, qualquer coisa, desistir, mesmo se ameaçado estivesse, pois ele conhecia o local, diferente dos demais que não eram da cidade.
Um dos acusados teria levado os assassinos até a casa dos brasileiros por engano. Eles fugiram de Portugal após o crime, mas foram localizados e presos.
A advogada disse ainda que duas testemunhas no julgamento sofreram ameaças. Uma delas tem deficiência visual e estava na festa onde houve uma discussão que teria motivado o assassinato, por engano.
Em relato enviado à Justiça, a testemunha ameaçada revela que ele e familiares, incluindo menores, sofreram ameaças, segundo a advogada.
“Enviei pedido de socorro ao Ministério Público, porque somos testemunhas de homicídio, e não recebemos resposta. Temo pela minha vida e a vida da minha família”, relatou a testemunha.

