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Com carimbó, frevo e congada, Brasil é destaque na Womex, exposição mundial da indústria musical

BRCOM by BRCOM
outubro 25, 2025
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Negociações na womex: delegação brasileira, que tem estande oficial e cerca de 40 integrantes, espera completar 120 rodadas — Foto: Divulgação/Nayrom Rodrigues/ Dreamland digital

“Eu quero saber se a Womex está preparada para dançar esse carimbó que vem da Amazônia”, provocou Carol Arara, vocalista das Suraras do Tapajós, no palco de uma casa de shows em Tampere, na Finlândia, na noite de quinta-feira. No começo, a plateia estava tímida, mas aos poucos os gringos foram ensaiando uns passinhos meio desengonçados. Grupo de carimbó formado por mulheres indígenas de Alter do Chão (PA), as Suraras do Tapajós foram uma das atrações mais esperadas da edição 2025 da Exposição Mundial da Música (Womex, na sigla em inglês), para onde empresários do setor peregrinam anualmente a fim de descobrir novas sonoridades e fechar contratos.

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O carimbó amazônico agradou o público de Tampere. Na manhã seguinte, um empresário indiano apareceu no estande brasileiro na Womex à procura de Roberto Boronik, o Borô, agente das Suraras. Ao GLOBO, Borô disse que espera fechar ao menos 20 shows do grupo na Europa em julho de 2026 (mês em que elas já se apresentam no Canadá) e mais alguns em outubro. Realizada a 185 quilômetros de Helsinque, a capital finlandesa, a Womex começou na quarta-feira e termina amanhã. Além das Suraras do Tapajós, outras quatro atrações brasileiras estavam na programação: o DJ K’Bobo, a cantora recifense Flaira Ferro, o saxofonista Esdras Nogueira e o duo Badi Assad e Sérgio Pererê, cujo álbum “Bentu” resgata a tradição afro-brasileira das congadas.

Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil tem um estande oficial na feira, organizado pela Funarte, pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), pela associação Brasil Música e Artes (BMA) e pela Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (InvestSP). A delegação brasileira soma cerca de 40 profissionais, entre artistas, empresários, representantes de festivais, articuladores de políticas públicas e jornalistas.

— O mundo conhece nossos artistas mais consagrados e a Womex é uma oportunidade para mostrar nossa música independente. Viemos aqui apresentar outras sonoridades — afirma Eulícia Esteves, diretora de música da Funarte, que ontem participou do painel “A diversidade da música ibero-americana”.

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No line-up da Womex 2025 destacam-se artistas que dão uma nova roupagem a ritmos tradicionais de seus países, como o violinista palestino-americano Akram Adbulfattah, o duo franco-malgaxe Bobo & Behaja, que toca tsapiky (gênero popular em Madagascar) e a cantora malinesa Kankou Kouyauté, que vem de uma família de exímios tocadores de n’goni (instrumento de cordas da África Ocidental).

A abertura do evento, quarta à noite, ficou a cargo de artistas finlandeses que dialogam com as culturas originárias do país. O conjunto Värttinä, que busca inspiração na música folclórica dos carélios (grupo étnico do norte da Europa) animou o público ao entoar uma “canção-feitiço”.

A programação inclui debates sobre ritmos regionais, dos Bálcãs ao Pacífico, e hoje, às 11h15, será realizado um networking pan-indígena, que reúne artistas e representantes da indústria para discutir uma declaração em defesa da visibilidade dos povos originários, da equidade e da colaboração no setor musical, a ser lançada numa edição futura da Womex. A opção preferencial pela música de fontes tradicionais é visível nos estandes de vários países, como Canadá, Colômbia (cujo slogan é “raízes e futuro”), as nações bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia) e a própria Finlândia.

Negociações na womex: delegação brasileira, que tem estande oficial e cerca de 40 integrantes, espera completar 120 rodadas — Foto: Divulgação/Nayrom Rodrigues/ Dreamland digital

André Bourgeois, dono da Urban Jungle e veterano da Womex, explica que, desde sua criação, em 1994, o evento mostrou uma vocação para a “música do mundo”. Com “a ditadura da música pop radiofônica a partir do fim dos anos 80”, diz, a Womex se firmou como um espaço para ritmos regionais. E é por isso que o Brasil sempre se deu bem no evento, que, no ano passado, homenageou Hermeto Pascoal (1936-2025).

Foi na Womex que Francis Gay, DJ francês e ex-diretor da rádio pública alemã Cosmo que compareceu a todas as edições da feira, conheceu talentos como Bixiga 70, Metá Metá, Karina Buhr, Céu e Seu Jorge (“mudou minha compreensão da música brasileira”). Ele elogia a “generosidade brasileira de compartilhar seus tesouros com o mundo”.

— O Brasil não é um país musical, é um continente inteiro — elogia o francês. — É incrível a diversidade.

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  • O ‘principal de cada artista’
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O ‘principal de cada artista’

Comenta-se nos corredores da Tampere-talo, o centro de convenções que abriga o evento, que esta Womex está um pouco esvaziada. É sempre assim quando a feira acontece no extremo Norte Global — culpa dos preços altos e das baixas temperaturas outonais. Mas nem sempre uma feira menor é mau negócio, diz André Bourgeois. Em geral, quem está disposto a encarar o frio e as tarifas escandinavas é “um pessoal mais focado”, interessado em fechar bons acordos. No ano passado, a participação de dez empresas paulistas na Womex 2024, com auxílio da InvestSP, rendeu mais de R$ 13 milhões em negócios e 524 empregos diretos e indiretos, disse a agência.

A delegação brasileira espera fazer 120 rodadas de negócios até domingo. A caipirinha servida a partir das 17h de quinta-feira ajudou a estreitar laços com estrangeiros — os estandes mais cheios são sempre aqueles onde a bebida é de graça (chilenos, portugueses e canadenses apostaram no vinho). Ontem, porém, não houve caipirinha: a organização informou que todas as bebidas devem ser compradas dos fornecedores oficiais da Womex.

Presidente da MBA e dono da Scubidu Music, Flávio Abreu lembra que é da feira que sai boa parte do line-up dos festivais europeus do próximo ano. E um bom show no evento pode render contratos para turnês internacionais e espaço em rádios estrangeiras.

Os showcases da Womex são escolhidos, a partir das inscrições, por um júri de sete curadores que até pouco tempo era chamado jocosamente de “os sete samurais” (mas a piada caiu em desuso). Abreu explica que as apresentações durante a feira, que duram apenas 45 minutos, têm uma dinâmica própria, “bem diferente de um show normal”.

— Em primeiro lugar, é um público difícil, que não vai cantar junto ou jogar as mãos para cima, mas está lá para jugar profissionalmente o show: “Toda essa percussão custa caro, hein? Vou ter que pagar dez noites de hotel para a banda inteira? Esse instrumento é lindo, mas como é o transporte?” — explica o empresário. — Como tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, muita gente sai no meio do show. Se o artista não estiver bem brifado, ele pode pensar que está indo mal e perder o trilho.

Zawose Queens, grupo da Tanzânia, em apresentação na Womex — Foto: Divulgação/Womex
Zawose Queens, grupo da Tanzânia, em apresentação na Womex — Foto: Divulgação/Womex

Em vez de “contar uma história”, os shows devem apresentar “o principal de cada artista”, acrescenta Abreu, para que empresários estrangeiros, que talvez nem fiquem até o final, entendam de imediato do que se trata. Pensando nisso, Flaira Ferro preparou um showcase enxuto, com músicas dos discos “Virada na Jiraya” e “Afeto radical” e referências como o frevo, a capoeira e o cavalo-marinho (folguedo típico de Pernambuco e Paraíba). As culturas regionais “são o ouro” dos nossos artistas, defende Ferro.

— É fundamental apresentar nossa sonoridade mais singular para nos contrapor à música padronizada que toca nas grandes rádios. Estar aqui é uma oportunidade massa, me sinto dando voz a outros artistas que resistem à pasteurização das identidades incentivada pela globalização — afirma a cantora. — Arte é para provocar estranhamento, curiosidade pelo desconhecido, pelo mistério.

As Suraras do Tapajós apostaram mesmo no mistério: entraram no palco falando nheengatu e aspergiram água de cheiro na plateia. Mas também honraram os versos da canção “Amazônia”, que as descreve como “mensageiras”. Terminaram o showcase levantando cartazes em defesa da floresta, contra o marco temporal e os ataques da mineração.

— Nosso objetivo é mostrar a força da nossa região, das mulheres indígenas, e que a nossa luta também pode ser cantada e dançada — diz Val Munduruku, uma das suraras, palavra que quer dizer “guerreira” em nheengatu.

* Ruan de Sousa Gabriel viajou a convite da Funarte

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