Os mangás conquistaram os países ocidentais há quatro décadas. No entanto, as HQs japonesas são uma herança de séculos de folclore e tradições arraigadas, como mostra uma exposição em um museu parisiense dedicado à arte asiática.
- Enterrado vivo por 61 dias: conheça o irlandês que esperava fazer fortuna ao quebrar recorde… mas saiu sem um tostão no bolso
- ‘Curas’, Rock do Senhor e muitos autógrafos: como são os cultos liderados por famosos que se tornaram pastores
Os quadrinhos japoneses são de uma “criatividade impressionante”, afirma Yannick Lintz, presidente do museu Guimet de Paris, dedicado à arte asiática, que exibe até 9 de março a exposição “Mangá, toda uma arte!”.
Para ilustrá-la, o museu, situado perto da Torre Eiffel, decidiu misturar amostras de mangás famosos, como “Astro Boy”, “Naruto” e “One Piece”, e também figuras como budas, espadas ninja e máscaras do teatro Nō.
Com essa exposição “criativa e dinâmica”, o museu quer “atrair os jovens” e não apenas “os especialistas em Ásia”, visitantes habituais da instituição, explica Lintz.
Os jovens são os principais leitores de mangá – termo formado pelos ideogramas “man” (espontâneo) e “ga” (desenho). Os enredos dos mangás frequentemente inspiram outras produções, como animes, séries ou videogames.
- Veja lista: com rosto ‘torto’ após uso de botox, Maíra Cardi coleciona plásticas: de reconstrução íntima à ‘correção’ de peito
A exposição traça as origens desta técnica, no final do século XIX, quando, através dos intercâmbios entre o Ocidente e o Japão, os desenhos satíricos e humorísticos foram introduzidos no arquipélago.
Os artistas japoneses adaptaram esta tradição gráfica à cultura local com o “kamishibal” (teatro de papel) e a mitologia japonesa.
“Não é uma exposição de quadrinhos como as demais, é uma exposição que coloca os quadrinhos em paralelo com o acervo Guimet, com as obras que se encontram no Guimet”, explica à AFP Didier Pasamonik, jornalista, editor e um dos dois curadores da exposição.
A exposição destaca a icônica gravura de Katsushika Hokusai, “A Grande Onda de Kanagawa”, realizada por volta de 1830. O “traço claro e estruturado” do artista japonês “prenuncia a estética dos quadrinhos”, observa.
O museu também homenageia Osamu Tezuka, que, em meados do século XX, revolucionou o mangá com suas sagas de grande sucesso “Astro Boy” e “A Princesa e o Cavaleiro”, o primeiro mangá no estilo “shojo” – que corresponde a narrativas de comédia romântica.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/1/U/YAXe0pQ3i6AslWTHAiBg/manga3.jpg)
Na década de 1950, surgiu o movimento “gekiga”, com um estilo mais realista e sombrio, destinado especialmente aos adultos.
Foi nos anos 1980 que o mangá conquistou todo o mundo e participou da proliferação da cultura japonesa.
Sagas como “Dragon Ball”, “Naruto” e “Akira” tiveram “um papel fundamental no processo de japonização da cultura popular europeia” e criaram “uma comunidade transnacional de fãs que ultrapassa as fronteiras linguísticas e culturais”, explica Bounthavy Suvilay, da Universidade de Lille, no catálogo da exposição.
A elas se somaram os enormes sucessos dos videogames, como “Super Mario” e “A lenda de Zelda”, dos animes, e até mesmo das cartas Pokémon.
