O mercado das cartas colecionáveis não é novidade. Ele começou com cartas de cigarro e cartões de beisebol no início do século XX e explodiu nos anos 1990, com o lançamento de jogos como Magic: The Gathering e Yu-Gi-Oh!. Pokémon também surgiu durante essa era dourada das cartas colecionáveis, mas ganhou popularidade sem precedentes a partir de 2020, quando o influenciador Logan Paul passou a abrir pacotinhos em seus vídeos no YouTube, em busca de cartas raras e valiosas. Hoje, ele é dono da carta mais cara do mundo, comprada por US$ 5,275 milhões (mais de R$ 28 milhões na cotação atual).
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A febre é quase o conteúdo central do canal do youtuber Capitão Hunter, de 45 anos, preso nesta quarta-feira pela polícia do Rio, em ação conjunta com a polícia de São Paulo, suspeito de exploração sexual de crianças e estupro de vulnerável. A investigação aponta que o influenciador mantinha contato com pelo menos duas vítimas — uma menina de 13 anos e um menino de 11 — e solicitava fotos de cunho sexual, além de enviar imagens inapropriadas. Capitão Hunter possui cerca de 1 milhão de seguidores e também mantém uma loja virtual com produtos da franquia.
À primeira vista, os vídeos de “pack opening” ou “unboxing”, como são conhecidos em inglês, parecem muito simples. Um influenciador compra dezenas de pacotinhos de cartas e os abre um por um, exibindo as figuras no interior. Quando aparece uma carta rara, a pessoa comemora, explica por que aquela figura em particular é valiosa e oferece uma estimativa de seu valor de mercado. Depois, ela guarda o achado cuidadosamente em uma capa de plástico e segue em frente.
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No entanto, os influenciadores perceberam que o processo inteiro é marcado por uma experiência sensorial gratificante: os sons do celofane sendo rasgado, o cartão passando pelo plástico e a reação de surpresa são essenciais para a retenção do público. Adicione a isso o suspense da “loteria” e o resultado é um conteúdo muito atraente, especialmente para crianças e adolescentes.
O hobby também transcende as telas, porque qualquer um pode participar. Basta ir a uma banca de jornal ou loja de jogos para comprar pacotinhos e começar a colecionar. Existem eventos onde pessoas podem trocar cartas e feiras onde é possível encontrar todo tipo de produto Pokémon. Entre eles, chamam atenção os pacotes “promissores”, que podem ser de edições ricas em cartas valiosas e até mesmo pesados com balanças de precisão, uma vez que as figuras raras são feitas com tintas e materiais ligeiramente mais pesados. Esses pacotes podem custar milhares de reais e também são exibidos em vídeos de ‘pack opening‘.
O valor das cartas varia de acordo com muitos fatores, como sua raridade, ano de lançamento e condição. Este último é graduado por entidades especializadas, entre as quais a mais famosa é a Professional Sports Authenticator (PSA, em inglês). Ela recebe cartas de colecionadores e as avalia de acordo com a qualidade de impressão e de preservação, emitindo uma nota que pode ir de 1 (péssimo) a 10 (gema).
O processo inteiro, desde a apresentação das montanhas de pacotes até o recebimento da PSA, é a chave do sucesso dos influenciadores que trabalham com esse hobby. E a tendência ganhou ainda mais força com o formato curto de vídeos dos reels do Instagram e do TikTok.
