A Interpol incluiu o nome do réu Marlon Ribeiro dos Santos, de 25 anos, na Difusão Vermelha, a lista internacional de procurados pela Justiça. Ele é acusado de participar do ataque a tiros que matou a nutricionista Larissa Pavan de Assis, de 27 anos, em Guarajuba, distrito turístico de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O crime ocorreu em 7 de dezembro de 2024 e o nome de Marlon foi incluído na lista no início de outubro.
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A Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal, reúne 194 países e funciona como rede de cooperação policial. A Difusão Vermelha é um alerta global que permite que um fugitivo seja localizado e preso em qualquer país-membro para fins de extradição. Na prática, significa que Marlon é agora considerado um foragido internacional, sujeito à prisão imediata caso seja encontrado.
A inclusão aconteceu após pedido do Ministério Público da Bahia. O promotor Gilber Santos de Oliveira argumentou que Marlon fugiu para os Estados Unidos e que a prisão preventiva era urgente para garantir a aplicação da lei penal e evitar prejuízos à instrução criminal. Segundo ele, as provas da fuga tornavam inevitável o uso da cooperação internacional para localizar e prender o acusado.
O crime ocorreu quando Larissa voltava de Salvador para Guarajuba com os irmãos em um carro de aplicativo. O motorista errou o trajeto e acabou passando pela entrada do condomínio em que Marlon e seu comparsa moravam, em Arembepe. De acordo com a denúncia, o gesto foi interpretado como provocação, levando os acusados a perseguirem o veículo. Pouco depois, um Jeep Renegade branco emparelhou com o carro da família, e os ocupantes abriram fogo.
Larissa foi atingida na cabeça e morreu na hora. O motorista ficou ferido por estilhaços, mas sobreviveu. Também estavam no carro os três irmãos da jovem, de 15, 18 e 23 anos, que sobreviveram ao ataque. No entanto, além do homicídio de Larissa, Marlon e Fábio Ribeiro foram denunciados por quatro tentativas de homicídio: contra os três irmãos e o motorista do aplicativo.
Três dias depois do crime, Marlon chegou a ser ouvido na delegacia de Monte Gordo, mas foi liberado por falta de provas naquele momento. No dia 12 de dezembro, a Justiça decretou a prisão temporária dele e de Fábio, mas os dois já haviam fugido. Posteriormente, a prisão preventiva foi determinada, e ambos permanecem em local incerto.
Segundo o advogado da família, Richard Lacrose Almeida, os acusados desapareceram de forma estratégica. “Eles tiveram condições financeiras para sumir em poucas horas. No caso de Fábio, sabemos que ele possui recursos elevados, o que facilita esconderijos e atrapalha a execução da Justiça. Já Marlon, desde então, é considerado foragido, e as informações que recebemos indicam que ele pode ter saído do país”, disse.
Marlon chegou a admitir em depoimento que a arma usada no crime pertencia a Fábio e que teria sido descartada no rio Jacuípe. Apesar de buscas, o revólver nunca foi localizado. Para o advogado, isso mostra a frieza dos acusados. “É um caso típico de dupla criminosa que não mediu esforços para apagar rastros. Estamos falando de homens ligados ao crime organizado, indivíduos com muito dinheiro e periculosos.”
O assassinato de Larissa abriu caminho para que a polícia aprofundasse as investigações sobre a vida pregressa dos acusados. Esse desdobramento resultou na deflagração da Operação Dyanamus, em janeiro de 2025, com o objetivo de cumprir mandados de busca e a prisão preventiva de Marlon Ribeiro dos Santos. A ação mobilizou equipes em Camaçari e em cidades vizinhas, mas não conseguiu localizar os principais suspeitos. Durante as diligências, foram detidos apenas dois homens que não tinham ligação direta com o crime: um de 55 anos, por posse ilegal de munição, e um idoso de 62 anos, que já era alvo de um mandado de prisão por homicídio na comarca de Iaçu.
Enquanto as diligências seguem, a família de Larissa luta para que o caso não caia no esquecimento. “Nós saímos de Eunápolis para vir a passeio e eu voltei com minha filha dentro de um caixão. Não tem sido fácil, ela faz muita falta para todos nós. Ela tinha uma vida e sonhos pela frente”, disse a mãe, Roseli Pavan.
Larissa havia se formado em Nutrição e tinha acabado de abrir uma empresa de marmitas fitness. Descrita como estudiosa e dedicada à família, teria feito aniversário no fim de dezembro de 2024. Para os parentes, a inclusão de Marlon na Difusão Vermelha é um avanço, mas ainda distante da verdadeira justiça. “É fundamental que a sociedade não esqueça este crime. Larissa foi morta de forma covarde, e os culpados precisam ser levados ao Tribunal do Júri”, reforçou Richard.