Carlos José de França foi condenado a 33 anos de prisão pela morte da argentina Florencia Aranguren, em Búzios, na Região dos Lagos (RJ). O crime aconteceu em 6 de dezembro de 2023, quando a turista passeava com seu cachorro e foi ferida com 18 facadas, morrendo no local. O homem foi levado a júri popular na quarta-feira (9), sendo condenado por homicídio duplamente qualificado — por motivo torpe e sem chance de defesa da vítima.
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O juiz Danilo Marques Borges, que presidiu a sessão de Julgamento do Tribunal do Júri da Comarca de Armação dos Búzios, destacou, ao ler a sentença, que o crime foi realizado “de forma violenta, brutal, cruel”. O julgamento, que teve início às 11h30 de quarta, durou cerca de 13 horas. A decisão cabe recurso, e a defesa do acusado já interpôs apelação contra a sentença, segundo o portal g1.
Durante a leitura, além de destacar a violência do crime, o juiz ressaltou que Carlos José “praticou o crime se prevalecendo a condição de mulher, precisamente pelo fato de ser uma vítima de expressão física desvantajosa, o que permitiria a consecução de seu intento com maior facilidade, seja qual fosse a sua motivação, patrimonial, sexual ou mesmo o mero deleite de ceifar a vida de alguém. É inegável, nestes autos, que a vítima morreu por ser mulher”.
Florencia foi morta a facadas na trilha para a Praia José Gonçalves, em Búzios. Ela passeava com o cachorro no momento em que foi atacada, ferida e morta. A trapezista havia chegado ao Brasil três dias antes do crime, e pretendia se estabelecer no país. Carlos José foi preso pela Polícia Militar logo após o homicídio, na Estrada José Gonçalves, quando o cão da argentina tentou o atacar. A reação do animal chamou a atenção dos agentes, uma vez que ele não reagia à aproximação de outras pessoas que estavam próximas ao corpo.
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“Não se trata de um crime que envolve guerra de facções, brigas de trânsito, traições, dívidas financeiras, ciúme, como tantas e tristes vezes se apresentam a esse Tribunal do Júri”, destacou o juiz durante a leitura da sentença. Antes, falou sobre a vítima, morta aos 31 anos: “Florencia era um ser humano portador de uma alma aventureira, amava a vida e viajava o mundo acompanhada por seu cachorro de estimação”.
Carlos José foi mantido preso enquanto respondia ao processo pelo homicídio. A pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), além da condenação à prisão, o juízo também determinou o pagamento de indenização R$ 50 mil à família da vítima. Parentes e amigos de Florencia chegaram da Argentina para acompanhar o julgamento de perto.
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Em 6 de dezembro de 2023, Florencia tinha saído da Praia de José Gonçalves, que fica em uma área isolada e cercada pela mata, após um mergulho. A trapezista tinha chegado na cidade há três dias. Seu corpo foi encontrado na trilha por volta das 8h.
O laudo de necropsia revelou que a maior parte das lesões — 18 facadas — estavam no pescoço da vítima. A hemorragia externa que levou a argentina à morte foi causada pelos golpes na artéria carótida e na veia jugular direita.
Seu corpo também tinha marcas que indicavam que Florencia teria tentado resistir às agressões, entrando em luta corporal com seu assassino. Durante as investigações da Polícia Civil, um laudo de DNA, divulgado em junho do ano passado, apontou a presença do material genético de Carlos José nas unhas da vítima.
Durante o julgamento, o Grupo de Atuação Especializada em Tribunal do Júri do MPRJ apresentou ao Conselho de Sentença provas técnicas que demonstraram a presença de material genético do acusado sob as unhas de Florencia. Laudos periciais apresentados pelo grupo também confirmaram vestígios de sangue nas roupas de Carlos José e arranhões compatíveis com unhas humanas, reforçando sua autoria.