O Teatro Municipal do Rio abre sua temporada lírica de 2025 nesta quinta-feira (17), com uma adaptação da opereta “A víuva alegre”, de Franz Lehár. O Coro e a Orquestra Sinfônica do Municipal conduzem o espetáculo, que tem concepção e direção cênica de André Heller-Lopes, com direção musical e regência do maestro titular da OSTM, Felipe Prazeres. A coreografia é de Rodrigo Negri.
Coube a Heller-Lopes adaptação da obra, que estreou em 1905 e que ganhou uma versão brasileira da parte cantada assinada por Arthur Azevedo. A trama original se passa em Paris, na embaixada de Pontevedre, um país fictício que está falido financeiramente. A salvação pode estar nas mãos de Hanna Glawari, uma viúva afortunada, desde que ela não se case com um estrangeiro. A adaptação montada no Municipal transporta a história para um país latino, com a presença de Carmem Miranda, entre outros personagens que dão um tom tropical à obra de Lehár.
— Eu sempre tive vontade, ao longo de muitos anos, de aproximar óperas ou operetas da cultura brasileira — diz André Heller-Lopes ao GLOBO. — Eu sempre tento mostrar que a ópera é uma parte da cultura brasileira. A gente tem uma cultura muito diversa. A ópera está no coração do Rio de Janeiro do século XIX, na hora que estava se formando a cultura brasileira, e hoje em dia, estranhamente, ela é tida como uma coisa elitista, quando, na verdade, ela é de origem muito popular.
Heller-Lopes conta que teve a ideia da adaptação quando montou “A viúva alegre” na Estônia.
— Só que depois do contrato assinado, eles me disseram que iam fazer em estoniano. Bom, fui ler, estudar estoniano, e a minha equipe era toda latino-americana, então eu acho que, entre aspas, uma vingança (risos) foi fazer uma “Viúva alegre” muito latina, já que eu estava tendo que fazer tudo em estoniano. Daí surgiu essa ideia de fazer uma analogia com a Carmen Miranda. Bom, e se essa república fosse na América Latina? E se, na verdade, a gente tivesse nesse universo dos anos 1940 de Hollywood, em que a gente nunca sabe de onde vem a Carmen Miranda, se ela é argentina, brasileira, mexicana, é sempre uma coisa latina, porque nessa época eles não entendiam o que era América Latina. Era tudo um saco só, misturava todo mundo. Então eu resolvi brincar com essa ideia, porque eu acho que, acima de tudo, a opereta precisa de muita brincadeira. E foi um super sucesso lá.
Gabriella Pace, Tati Helene, Igor Vieira, Santiago Villalba, Ricardo Gaio, Guilherme Moreira, Carolina Morel, Thayana Roverso e outros artistas estão no elenco, que terá participação especial da atriz Alice Borges. Renato Theobaldo é responsável pela cenografia e Marcelo Marques assina o figurino do espetáculo.
Depois da estreia desta quinta-feira (17), haverá apresentações nos dias 19, 22, 25 e 26/4, às 19h, além do dia 27/4, às 17h. “A viúva alegre” tem duração de 2h50 e a classificação é de 16 anos. Os ingressos custam a partir de R$ 20 e podem ser adquiridos no site oficial do Teatro Municipal ou na bilheteria da casa.