O advogado criminalista Luiz Fernando Pacheco (51) foi encontrado morto na madrugada de quarta-feira (1) em uma rua do bairro de Higienópolis, na região central de São Paulo.
Segundo o boletim de ocorrência, uma pessoa que passava pela Rua Itambé viu Pacheco caído e chamou a polícia. No local, os agentes viram que ele não se movia e acionaram o Samu. Removido ao pronto-socorro da Santa Casa de Misericórdia, perto dali, o advogado morreu por volta das 1h40.
O caso foi registrado na delegacia do bairro como ‘morte suspeita’ e as causas da morte serão investigadas.
– O Grupo Prerrogativas está em luto, perdeu um dos seus membros mais combativos, mais ativos, um advogado qualificado, experiente, generoso, solidário, sensível. Realmente hoje é um dia muito triste para a advocacia – afirma o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Prerrogativas e colega de Luiz Fernando desde a criação do grupo.
Marco Aurélio conta que foi em direção a Luiz Fernando Pacheco quando soube da ordem de prisão ao então deputado José Genoino, em 2013, condenado a seis anos e 11 meses de prisão no caso do Mensalão.
– Eu fui que dei a notícia para o Luiz Fernando sobre o mandado de prisão e fomos juntos, de carro, à casa de Genoino para que ele pudesse se apresentar à polícia– diz Marco.
Tanto na saída da residência quanto na chegada à sede da Polícia Federal, Genoino estendeu o braço esquerdo, em sinal de resistência, em imagens que mostram Luiz Fernando ao seu lado.
Veja abaixo a nota do escritório do advogado:
“Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco, o nome pomposo destoava do amor-perfeito; da voz rouca, mas tonitroante; da imensidão escondida atrás do sorriso, da gargalhada de calhambeque, da irascibilidade que explodia diante de qualquer injustiça, a ponto de chamar à ordem, famosamente, advogada mente, nada menos que o Supremo Tribunal Federal, tudo para, em dias mais recentes, tornar-se um dos maiores defensores de prerrogativas da nossa conturbada História.
Em 30 de dezembro de 2022, amigos reuniram-se em Brasília, todos ainda assustados com o perigo que havia em identificar-se com Justiça Social e Direitos Humanos, para celebrarem antecipadamente a terceira posse de Lula. Gente jovem que se mudava para a Capital para assumir o Governo, gente menos jovem para apoiar e exorcizar a política. Entre eles, Pacheco, feliz da vida. De repente, ele começa a chorar intensamente. “Há tanta injustiça nesse País…”, murmurou.
Pacheco choraria muitas vezes mais, pelo Brasil, pela advocacia, por toda pessoa cuja história chegasse a ele. Hoje, choramos pelo Pacheco. Uma revoada de anjos buscou pela sua São Paulo o arcanjo caído. E o encontrou no impensável do já sem vida. Pacheco amava intrasitivamente. E amava absolutamente sua família, sempre crescendo pelos seus gestos de acolhimento e cuidado e carinho e amor e amor e amor. Este dois de outubro doerá demais para sempre em todos nós”.