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América Latina e Caribe, terra da água desafiada pela sede

BRCOM by BRCOM
setembro 28, 2025
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Porto Rico — Foto: GDA

A bacia amazônica, os glaciares andinos, os páramos sul-americanos, as ilhas tropicais e os grandes rios da América Latina e do Caribe alimentaram, por anos, a ilusão de que esta região é um dos lugares mais privilegiados do mundo em termos de segurança hídrica. No entanto, quando se observa de perto, a realidade é diferente. Uma investigação realizada pelos meios de comunicação do Grupo de Diários América (GDA) — que reúne 12 jornais e casas editoriais de grande relevância e alcance na região — mostra que, para a América Latina, a água é um paradoxo. Em meio a uma vasta riqueza natural, os países enfrentam crises crescentes de escassez, desigualdade no acesso, poluição, má gestão e vulnerabilidade frente às mudanças climáticas.

O panorama envia um alerta para o futuro: contar com rios caudalosos ou montanhas carregadas de água não garante segurança hídrica para as próximas gerações, um aspecto que contrasta com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030.

O Brasil, o país mais extenso, populoso e biodiverso da região, concentra alguns dos maiores volumes de água doce do planeta. No entanto, nos últimos anos, tornou-se um exemplo claro dos efeitos da crise climática. Segundo dados do GLOBO, as estações secas na Amazônia e no Pantanal — o maior bioma de áreas alagadas tropicais do mundo — estão cada vez mais prolongadas, enquanto os períodos de chuva se encurtam e se tornam mais intensos.

A seca de 2024 na Amazônia atingiu 70% dos municípios da região: 79 enfrentaram seca severa e 69 seca excepcional, a categoria mais grave. No total, 3.978 cidades brasileiras — 71% do país — relataram impactos. E o impacto não se limitou ao consumo humano: no Sul e Centro-Oeste, a agricultura e a geração hidrelétrica despencaram devido à escassez.

A seca e o calor provocaram incêndios florestais históricos que, no ano passado, devastaram mais de 30 milhões de hectares — uma área maior que a Itália — e aumentaram a poluição do ar em cidades inteiras. O desmatamento, o aumento das temperaturas e a redução das chuvas colocaram em risco um dos maiores tesouros do Brasil: seus imensos rios, vitais para seu futuro.

Mais ao norte, a Colômbia, embora seja um dos países mais chuvosos do planeta, seis vezes mais que a média mundial, enfrenta há anos secas e dificuldades de acesso em muitos de seus territórios. O mais recente “Estudo Nacional da Água” revela que quase um quinto de seus municípios é vulnerável à falta de abastecimento. Entre 1998 e 2021, mais de 500 municípios sofreram escassez na estação seca, e outros 800 durante as chuvas devido a inundações e danos em aquedutos.

Um dos casos mais recentes foi Bogotá: a capital viveu durante um ano um racionamento sem precedentes no serviço de água potável porque os reservatórios que a abastecem desde a região da Orinoquia estavam em níveis historicamente baixos.

Um racionamento similar ocorreu na ilha de Porto Rico, entre 2015 e 2020, quando secas severas obrigaram a limitar o fornecimento de água, afetando mais de um milhão de pessoas. No ano passado, 55% do território enfrentou seca moderada.

Porto Rico — Foto: GDA

Em 2023, outra capital latino-americana passou por situação semelhante. Segundo reportagem do El País, embora o Uruguai parecesse imune à escassez, por estar rodeado de rios e grandes aquíferos subterrâneos, Montevidéu e sua área metropolitana viveram a pior crise hídrica de sua história: a água da torneira saiu salgada devido à falta de chuvas e à necessidade de extrair água do Rio da Prata, que recebe correntes do Atlântico e se torna um estuário.

— Já em 2022 havia evidência científica suficiente para agir. Esperou-se que chovesse, como no século XVI, em vez de tomar medidas modernas de gestão — detalha Marcel Achkar, geógrafo uruguaio.

Na Venezuela, a crise da água reflete a magnitude da deterioração generalizada dos serviços públicos, segundo o El Nacional. De acordo com o Observatório Venezuelano de Serviços Públicos, 77% da população tem acesso limitado à água e 11% carecem completamente do serviço. Na última década, a quantidade de água distribuída caiu mais de 60%, enquanto o funcionamento dos sistemas de bombeamento e tratamento caiu 90%.

No Peru, a abundância de rios amazônicos contrasta com a realidade cotidiana de 3,3 milhões de pessoas que não têm água potável. Um relatório do El Comercio mostra cenas dramáticas: famílias que precisam caminhar longas distâncias para buscar água em cisternas, depósitos improvisados que se tornam focos de mosquitos transmissores de doenças como dengue, ou comunidades indígenas que dependem da água da chuva ou de rios poluídos.

Especialistas como Alberto Cairampoma e Roy Cóndor, consultados pelo jornal, coincidem que a crise vem da frágil governança, a alta rotatividade de funcionários encarregados de solucionar essas problemáticas, os projetos paralisados e a falta de planejamento.

Na Argentina, a situação hídrica também apresenta profundas desigualdades regionais, segundo informa La Nación. Enquanto a província de Buenos Aires e a região do Litoral contam com água abundante — embora frequentemente poluída por resíduos urbanos, agropecuários e industriais —, dois terços do território nacional são áridos ou semiáridos.

Uma investigação desenvolvida pelos meios de comunicação do Grupo de Diários América (GDA) —que reúne 12 jornais e casas editoriais relevantes e de maior alcance na região— mostra que, para a América Latina, a água é uma paradoxo — Foto: GDA
Uma investigação desenvolvida pelos meios de comunicação do Grupo de Diários América (GDA) —que reúne 12 jornais e casas editoriais relevantes e de maior alcance na região— mostra que, para a América Latina, a água é uma paradoxo — Foto: GDA

N a América Central, a problemática apresenta várias facetas. A Costa Rica ostenta uma cobertura de 93% em água potável, mas o número esconde desigualdades. Em alguns cantões — a divisão administrativa de segundo nível do país —, a cobertura não chega a 60%. Segundo dados do La Nación, a seca de 2023 reduziu mais de 80% das fontes superficiais, das quais depende metade do consumo nacional.

Em El Salvador, a situação não é muito diferente: 27,9% dos habitantes não recebem água por meio de suas tubulações, segundo o La Prensa Gráfica. Soma-se a isso uma infraestrutura em crise: a Administração Nacional de Aquedutos e Esgotos (Anda) reconhece que em San Salvador 50% da água se perde por vazamentos em tubulações obsoletas, agravando a escassez e refletindo décadas de falta de investimento público no setor.

Uma investigação desenvolvida pelos meios de comunicação do Grupo de Diários América (GDA) —que reúne 12 jornais e casas editoriais relevantes e de maior alcance na região— mostra que, para a América Latina, a água é uma paradoxo — Foto: GDA
Uma investigação desenvolvida pelos meios de comunicação do Grupo de Diários América (GDA) —que reúne 12 jornais e casas editoriais relevantes e de maior alcance na região— mostra que, para a América Latina, a água é uma paradoxo — Foto: GDA

No Caribe, há casos como o da República Dominicana, que, embora conte com seis grandes regiões hidrográficas e rede de represas e aquedutos, apresenta graves desigualdades. Em 2024, embora a produção de água potável tenha alcançado 51 milhões de metros cúbicos, sua distribuição reflete grandes disparidades territoriais. Um relatório do Listín Diario aponta que a ilha sofre de seca sazonal agravada pelas mudanças climáticas, reduzindo significativamente as precipitações. Para muitos habitantes, a situação é crítica: 78% da população se abastece da rede pública, mas apenas 26% recebem serviço contínuo 24 horas por dia.

Rodeado pelo Caribe azul, Porto Rico enfrenta crescente insegurança hídrica, agravada por recentes desastres naturais. Dados investigados pelo El Nuevo Día revelam que os padrões de chuva mudarão drasticamente no futuro, com projeção de 20% menos precipitação nos próximos 25 anos. As secas, que antes ocorriam a cada duas décadas, agora acontecem a cada cinco anos.

No México, a crise hídrica tornou-se uma doença que se agrava com os anos. Em 2025, apesar de uma breve trégua de chuvas que elevou o nível das represas para 65%, mais de 40% do território ainda enfrentava seca. O norte e noroeste — Sonora, Chihuahua, Durango, Baja California — vivem sob condições quase permanentes de aridez.

Como regra quase geral, na maioria dos países da região, a seca se intensifica e se torna mais recorrente; a infraestrutura envelhecida e com perdas é um fator comum; a distribuição desigual privilegia setores como turismo, indústria ou agroexportação, em detrimento de comunidades rurais e indígenas; e os governos reagem tardiamente, com projetos paralisados, falta de coordenação e governança fraca.

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