Nos últimos dois anos, filmes internacionais como o francês “Anatomia de uma queda”, o britânico “Zona de interesse” e até mesmo o brasileiro “Ainda estou aqui” chegaram ao Oscar tendo atores animais como destaques. O doguinho Messi, do drama francês, chegou até a participar da cerimônia da Academia. Em Hollywood, no entanto, o cenário é de, digamos, “desemprego” para os atores animais.
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Matéria de revista Hollywood Reporter revelou que a indústria televisiva e cinematográfica dos Estados Unidos vem se utilizando cada vez menos de atores animais, o que, por consequência, também gera uma crise entre treinadores e coordenadores de animais. Segundo a publicação, o avanço da inteligência artificial é o maior adversário da categoria. Hoje em dia, os efeitos especiais estão mais democráticos e de melhor qualidade, logo é mais fácil e mais barato reproduzir animais artificialmente.
O Studio Animal Services, companhia especializada em treinar e ceder animais para gravações, revelou que “aposentou um esquilo” e também registrou queda nas procuras de seus cachorros e gatos. “A IA certamente impactou bastante os treinadores de animais de estúdio e o negócio de animais de estúdio”, disse Karin McElhatton, responsável pela empresa. Ela conta que mesmo seus animais “mais famosos”, como o cachorro Rocco, das séries “Veronica Mars”, “Jane the virgin” e “The Morning Show”, não estão conseguindo tantos papéis como antes.
Benay Karp, da Benay’s Bird & Animal Rentals, acredita que o número de contratações de animais caiu 40% desde a pandemia. Ela destaca que, além da IA, crises recentes como a pandemia e as greves de Hollywood também prejudicaram os negócios. “Acho que não recebo uma ligação pedindo um pica-pau há uns três ou quatro anos, talvez cinco. Tenho um bando de gaivotas. Acho que só consegui um emprego para elas no último ano. Antes, costumavam trabalhar o tempo todo”, lamentou a profissional.
A era de ouro dos animais no cinema, que rendeu estrelas como Lassie, Rin Tin Tin, Bud ou Chris, o cão São Bernardo que atuou em “Beethoven”, parece estar chegando ao fim, destaca a revista. E não é todo mundo que se incomoda com isso. A instituição People for the Ethical Treatment of Animals luta há anos para que produções audiovisuais não contratem animais de verdade, por considerar o trabalho como algo abusivo. “Nesse caso, essa é uma maneira pela qual a IA pode ser usada para algo realmente bom, que é acabar com o sofrimento dos animais na indústria do entretenimento”, defendeu Lauren Thomasson, diretora da organização.
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Recentemente, tivemos alguns casos de animais criados digitalmente no cinema, como em “O chamado da floresta” (2020) e “Superman” (2025), no qual o supercão Krypto foi inspirado em um animal real, mas feito através de efeitos especiais.

